quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

A JUSTIÇA NA UTI

Impossível deixar de divulgar:

JANICE ASCARI
ESPECIAL PARA A FOLHA
APÓS SUCESSIVAS intervenções jurídicas incomuns encontra-se agonizando, em estado grave, um dos mais escabrosos casos de corrupção e crimes de colarinho branco de que se teve notícia no Brasil.
A Operação Satiagraha surpreendeu o país. Nem tanto pelos crimes (corrupção, lavagem de dinheiro e outros), velhos conhecidos de todos, mas sim pelas manifestações de autoridades e de instituições públicas e privadas em defesa dos investigados.
Nunca se viu tamanho massacre contra os responsáveis pela investigação e julgamento do caso. Em vez do apoio à rigorosa apuração e punição, buscou-se desacreditar e desqualificar a investigação criminal colocando em xeque, com ataques vis e informações orquestradas e falaciosas, o sério trabalho conjunto do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, bem como a atuação da Justiça Federal.
O poder tornou vilões os que sempre se pautaram por critérios puramente jurídicos e recolocaram a questão no campo técnico, no cumprimento do dever funcional. Pouco se fala dos crimes e dos verdadeiros réus.
Em julho de 2008, decretou-se a prisão dos investigados pela possibilidade real de orquestração e destruição de provas.
A prisão preventiva do cabeça da organização foi criteriosamente determinada em sólida decisão, embasada em documentos e em fatos confirmados nos autos, como a grande soma de dinheiro apreendida com os investigados, provando ser hábito do grupo o pagamento de propinas a autoridades.
Apesar de tantas evidências, o presidente do STF revogou a prisão por duas vezes em menos de 48 horas. Os fatos criminosos, gravíssimos, foram ignorados. Pateticamente, o plenário do STF referendou o “HC canguru” (aquele habeas corpus que pula instâncias) e voltou-se contra o juiz, mas sem a anuência dos ministros Joaquim Barbosa e Marco Aurélio - este, aliás, o único que leu e analisou minuciosamente as decisões de primeiro grau.
Iniciou-se um discurso lendário, inconsequente e retórico para incutir, por repetição, a ideia da existência de um terrível “Estado policialesco” e da “grampolândia” brasileira, uma falação histriônica a partir de um “grampo” que jamais existiu.
Alcançou-se o objetivo de afastar policiais experientes, de trabalho nacionalmente reconhecido e consagrado: o então diretor da Abin foi convidado a deixar o cargo; o delegado de Polícia Federal que presidiu o inquérito foi afastado das funções e corre risco de exoneração.
Outra vertente é aniquilar a atuação da Justiça de 1º grau, afastando o juiz. Cada decisão técnica, porque contrária aos réus, passou a ser tachada de arbitrária e parcial. Muitas foram as armadilhas postas para atacar pessoalmente o juiz e asfixiar a atividade da primeira instância, por meio de centenas de petições, habeas corpus, mandados de segurança e procedimentos disciplinares.
No apagar de 2009, duas decisões captaram a atenção da comunidade jurídica. A primeira, pelo ineditismo: na Reclamação 9324, ajuizada diretamente no STF, alegou-se dificuldade de acesso aos autos. O juiz informou ter deferido todos os pedidos de vista. Sobreveio a inusitada liminar: o ministro Eros Grau determinou que todas as provas originais fossem desentranhadas do processo (!) e encaminhadas ao seu gabinete. Doze caixas de provas viajaram de caminhão por horas a fio e agora repousam no STF.
A segunda foi a liminar dada pelo ministro Arnaldo Esteves Lima (STJ, HC 146796), na véspera do recesso. Por meio de uma decisão pouco clara e de apenas 30 linhas, apesar da robusta manifestação contrária da Procuradoria-Geral da República, todas as ações e investigações da Satiagraha foram suspensas e poderão ser anuladas, incluindo o processo no qual já houve condenação por corrupção.
A alegação foi de suspeição do juiz, rechaçada há mais de um ano pelo TRF-3ª Região. Curiosamente, o réu não recorreu naquela ocasião. Preferiu esperar dez meses para impetrar HC no STJ, repetindo a mesma tese. As duas decisões são secretas.
Não foram publicadas e não constam dos sites do STF e do STJ. Juntas, fulminam uma megaoperação que envolveu anos de trabalho sério. Reforçam a sensação de impunidade para os poderosos, que jamais prestam contas à sociedade pelos crimes cometidos.
Espera-se que os colegiados de ambas as cortes revoguem as decisões e permitam o prosseguimento dos processos. A sociedade precisa de segurança e de voltar a ter confiança na Justiça imparcial, aquela que deve aplicar a lei a todos, indistintamente.
JANICE AGOSTINHO BARRETO ASCARI é procuradora regional da República e ex-conselheira do Conselho Nacional do Ministério Público.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

2009 EM FRASES

1. "De vez em quando inventam uma briga entre Congresso e Executivo, Legislativo e Judiciário. Ninguém aqui é freira e santa num convento" – Lula, explicando a gênese da zona que permeia as relações na República.

2. "Agi como se a cota fosse minha propriedade soberana. Confesso que caí na ilusão patrimonialista brasileira" – Fernando Gabeira (PV-RJ), ao explicar por que sua filha voara com passagem custeada pela Viúva.

3. "Ministério público é o caralho! Não tenho medo de ninguém. Da imprensa, de deputados. Pode escrever o caralho aí" – Ciro Gomes (PSB-CE), ao negar, à sua maneira, que dera passagens da Câmara a parentes.

4. "Estou me lixando para a opinião pública. Até porque parte dela não acredita no que vocês escrevem. Vocês batem, mas a gente se reelege" – Sérgio Moraes (PTB-RS), ao informar que inocentaria Edmar Moreira, o deputado do castelo, no processo por quebra de decoro parlamentar. Com a palavra, o eleitor gaúcho.

5. "Ela é transmitida dos porquinhos para as pessoas só quando eles espirram. Portanto, a providência elementar é não ficar perto de porquinho nenhum" – José Serra, ministrando ‘ensinamentos’ de prevenção à gripe suína.

6. "Quantos são os políticos brasileiros que realizaram campanhas eleitorais sem que alguma soma, por menor que fosse, não tenha sido contabilizada?" – Delúbio Soares, em carta ao PT, desistindo do pedido de retornar à legenda.

7. "Fui eleito para presidir politicamente a casa, e não para limpar as lixeiras da cozinha da casa" – José Sarney, num instante em que o entulho vazava pelas bordas do tapete do Senado.

8. "Em casa de enforcado não se fala em corda" – FHC, desviando-se do lixo, depois de sessão comemorativa dos 15 anos do Real, no Senado.

9. "Se eu sou um Renan da vida, eu tô no governo Collor, no governo Fernando Henrique, no governo Lula, tô no governo de quem quiser" - Pedro Simon, respondendo a Renan Calheiros, que interrompera seu discurso anti-Sarney.

10. "Todos eles são bons pizzaiolos" – Lula, referindo-se aos senadores, em resposta a repórter que perguntara se a CPI da Petrobras terminaria em pizza temperada no pré-sal. Líder de Lula, Romero Jucá comandou o forno.

11. “Errei ao dizer que anunciaria uma renúncia irrevogável" – Aloizio Mercadante, em frase autoexplicável.

12. "Marina Silva é inteligente como o Obama, não é analfabeta como o Lula, que não sabe falar, é cafona falando, grosseiro. Ela fala bem" – Caetano Veloso.

13. "Para mim, pessoalmente, ele deu o que aparece naquele vídeo [...]. Virou piada, porque é [para compra de] panetone, mas no fundo é verdade mesmo. Eu entrego panetone nas creches, nos asilos, tudo isso” – José Roberto Arruda, a primeira piada a governar o DF em toda a história da Capital.

14. "O povo está na merda. E eu quero tirar o povo da merda em que ele está" – Lula, em cerimônia do ‘Minha Casa, Minha Vida, no Maranhão.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

O TRATOR DE LULA

Transcrevo na íntegra a opinião do jornalista Paulo Santana que resume o que tenho publicado neste espaço.

“O presidente Lula da Silva deve estar rindo sozinho: a candidata Dilma Rousseff subiu na pesquisa Datafolha para 23%, diminuindo para 14 pontos a diferença entre ela e José Serra. Na pesquisa de agosto, a diferença entre José Serra e Dilma Rousseff variava entre 19 e 25 pontos.

Além disso, ao entrar no último ano do segundo mandato, o presidente Lula ostenta o maior patamar de popularidade da história das pesquisas, desde que elas são realizadas: Lula tem 72% de popularidade, um número estonteante. Todos os números favorecem diretamente o presidente Lula.

Ele retirou de sua cartola a candidatura de Dilma Rousseff, quando ninguém pensava nela, contra tudo e contra todos no PT, que queriam um candidato com petismo mais tradicional.

Aos poucos, foram se amansando as reações contrárias a Dilma dentro do PT, a candidatura dela foi se consolidando no seio do partido e agora ameaça também consolidar-se entre o eleitorado.

Por incrível que pareça, num eleitorado brasileiro de que fazem parte 58% de pessoas que não têm saneamento básico (esgoto), grande parte da opinião pública não sabe que Lula não pode candidatar-se a uma segunda reeleição. E o que a pesquisa do Datafolha de ontem mostra é que aos poucos parte significativa do eleitorado está compreendendo que Lula não pode ser candidato.

E se quiser agradar ao presidente deverá votar em sua candidata preferencial.

Faz parte da estratégia de Lula, estranhamente, que Ciro Gomes seja mantido como candidato à presidência para os efeitos das pesquisas. Ciro é aliado de Lula e fez com ele um pacto de manter sua candidatura até onde for possível. E não é à toa que as pesquisas dizem que, caso Ciro não seja candidato, os 37% que José Serra ostenta passarão para 40% ou mais.

A engenharia de Lula consiste em transferir aos poucos, com ações governamentais orquestradas, toda a imensa popularidade do presidente para Dilma Rousseff. Parece que Lula, nessa sua curiosa e até agora acertada estratégia, em determinado momento da campanha presidencial, fará ver ao eleitorado o seguinte: “Se vocês estão gostando da minha gestão e querem que ela se repita, votem em Dilma”.

Lula está com a faca e o queijo na mão e chega a ser surreal que possa estar materializando Dilma como candidatura viável, ela que nunca disputou outras eleições, fato importante quando se sabe que Lula tentou por três vezes ser eleito e José Serra vai para a segunda tentativa em eleger-se. Com Dilma é diferente, ela nunca concorreu. E só este detalhe basta para que se considere, em face da pesquisa Datafolha de ontem, que ela pode vir a tornar-se um emergente e surpreendente fenômeno eleitoral.

A questão, pois, a somente 10 meses da eleição, é saber-se se José Serra resistirá ao caos das enchentes em São Paulo e se o imenso caudal de popularidade de Lula, 72% na pesquisa de ontem, se transferirá para sua candidata com o correr do tempo.

A sorte está lançada. Ou Serra se firma na liderança das pesquisas, ou cede diante do trator inédito da popularidade de Lula, que poderia ser capaz de transferi-lo para Dilma.

A minha opinião é que Dilma se elege.

PAULO SANTANA”

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

"MISTURANÇA"

Saiu uma pesquisa em que Zé Alagão (José Serra), cai e Dilma sobe. Desmente a do Globope (IBOPE + Globo). Isso, sem contar os efeitos benéficos do “Alagão” sobre a candidatura do “mais feio por dentro do que por fora”. E sem contar com o efeito do programa de tevê do PT, em que Lula lança Dilma oficialmente. É muito cedo para eleger um presidente por pesquisas. Nem José Serra acredita nelas – se acreditasse já teria dito o “sim”.

Este e-leitor acredita que o Silvio, do Pânico, tem mais chance de ser Presidente do Brasil do que o José Serra. E não precisa de pesquisa nenhuma. Acredito em geografia. Em cartografia.

O “Zé Alagão” não será jamais Presidente porque o Brasil não aguenta mais o “paulistismo”. Não aguenta a soberba do Farol de Alexandria (FHC), aquele que levou 18 anos para reconhecer um filho. E a incompetência do “economista competente”, que não é um nem outro. Ainda mais agora que, depois de 15 anos de tucanos, São Paulo conseguiu reduzir sua participação no PIB. Os tucanos enferrujaram a locomotiva. Ou melhor, “alagaram”. É a geografia!

E saiu na Carta Capital, página 32, em reportagem de Gilberto Nascimento: “Do cerrado à terra da garoa – conexão – Pelas mãos de tucanos, empresas do esquema do DF aportaram ao São Paulo (no Estado e na Prefeitura).” Nascimento já tinha tratado desse assunto, na mesma Carta Capital.

Em certo vídeo em que José Serra, numa reunião em Brasília, diz que o eleitor que votar nele e em Arruda (para vice), “votaria num e levaria dois carecas” (Convenhamos que é uma frase genial!)
Agora, de novo Gilberto Nascimento mostra como a empresa CTIS Tecnologia faz contratos em São Paulo pela bagatela de R$ 400 milhões, para informatizar escolas públicas. Como Martus Tavares, ministro do Planejamento de Fernando Henrique, e Luiz Fernando Wellisch, que trabalhou com o prefeito Serra (quando ele disse que ia cumprir o mandato até o fim) parecem estar numa ponta e outra da operação – no Governo e na empresa. Assim como existe um troca-troca entre operações em São Paulo e no Distrito Federal do careca de lá, o Arruda.

É uma misturança.

Tucanos e demos de lá, tucanos e demos de cá.

Arruda e a Castelo de Areia sacaram da plataforma do José Serra o tema da Preservação da Moral e dos Bons Costumes. A bandeira fica para o Farol de Alexandria (que levou dezoito anos para reconhecer um filho) enrolar os repórteres da imprensa golpista de SP + Globo.

E para completar o primeiro ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, escreveu no principal jornal da Espanha, El País:

“O Lula é um assombro.”
“Lula pagou a dívida e faz a economia crescer.”
“Lula é o maior líder da América Latina.”
“Lula é uma referência para todos os governantes.”

Coitado do Farol de Alexandria. Em Washington, onde não tem por que temer o transbordamento do rio Potomac, FHC emitiu tímidos ruídos (cortando os pulsos logicamente). Por exemplo, disse que Dilma não existe: quem existe é o Lula. E duvida que Lula transfira votos para Dilma. Ele tem razão. Na sucessão dele, em 2002, nenhum candidato defendeu o governo dele. Nem o candidato dele, o José Serra. Ele sabe de cadeira: um presidente não transfere votos. Não é isso, “Zé Pedágio”?

Por que o José Serra não chama o FHC para o palanque em Heliópolis?

E por que será que a Dilma sobe no palanque do Lula?

É porque a Dilma gosta de sofrer.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

BYE BYE SERRA, AÉCIO...

Em 2003, Jim O’Neill, economista-chefe do banco americano Goldman Sachs, criou o acrônimo BRICs – ou seja, Brasil, Rússia, Índia e China. Ele previu que, em 2050, a soma das economias dos BRICs seria maior do que a soma dos países do G-7 de hoje, liderados pelos Estados Unidos, Japão e Alemanha.

Na época, segundo testemunho de O’Neill, muitos brasileiros com quem ele conversava (estava no início do governo Lula) se espantavam: “Mas, Jim, o Brasil não merece esse lugar de destaque, ainda mais agora...”(Recentemente, Jim esteve no Brasil e conversou com muitos empresários, inclusive alguns que encontrou em 2003. E disse, por escrito, que considera o presidente Lula o mais competente líder em atividade hoje).

Além disso, recentemente, O’Neill defendeu a tese do “descasamento”: os BRICs iam se descasar dos países ricos e iam sair da crise quase sem ferimentos. A Imprensa Golpista de SP + Globo e a Miriam Leitão diziam exatamente o oposto: o tsunami da crise vai engolir o Brasil e derrubar o Presidente Lula.

O’Neill acaba de divulgar uma atualização de suas previsões. Os BRICs serão maiores que o G-7 não em 2050, mas em 2032. Brasil, China e Índia terão os melhores desempenhos (a Rússia ficou para trás, por enquanto). A China vai ser maior do que os Estados Unidos em 2027.

Em 2050, as maiores economias do mundo serão: China, Estados Unidos, Índia, Brasil e Rússia. Os maiores produtores de automóveis do mundo serão o Brasil e a Índia. E, muito interessante. O Brasil ganha da China, viu, cara urubóloga Miriam Leitão.

O’Neill criou um índice para medir o ambiente para se fazer negócios. Ou seja, vale ou não vale a pena investir nesse país? Para responder a essa pergunta, O’Neill inventou um “Termômetro de Ambiente para Crescer”. Esse termômetro mede: respeito à Lei e aos contratos; corrupção; estabilidade política; expectativa de vida; escolaridade; inflação; dívida interna e externa; abertura econômica; consumo de computador, celular e banda larga. E o Brasil ganha os BRICs, ganha da China. O Brasil teve o índice 5,2 e a China 5. Depois, Índia e Rússia.

Quer dizer: quando a Imprensa Golpista de SP + Globo disser que o ambiente para fazer negócios no Brasil está um horror, cancele a assinatura da Folha e não assista aos jornais da Vênus platinada. O’Neill prevê: entre 2011 e 2020, o Brasil vai crescer, na média, 4,6%; entre 2021 e 30, a média será de 4,4; entre 2031 e 40, 4,4%; e de 2041 a 2050, 3,9%.

Um horror!

O Abílio Diniz e Samuel Klein que o digam.

Um horror!

É por isso que a urubóloga agora só fala de árvores.

***
“Na área moral eles estão engasgados com o panetone”. Senador Aloizio Mercadante (PT-SP), ao explicar que a oposição está “sem discurso.


segunda-feira, 30 de novembro de 2009

HORROR!

Saiu na primeira página do Globo (26/11): “Lula estimula mais consumo e produtos começam a faltar. Com economia já aquecida, novas isenções trazem temor de inflação e alta de juros.” “Está mais que na hora de tirar os estímulos.” “Há risco de desequilíbrios devido as últimas “desonerações”, ou “reduções de impostos.”.

Que horror!

Esse Lula é mesmo um “analfabeto”, diria o Caetano.


No Globo também: “Caetano critica adulação à moda de Stalin. Para o compositor, Lula é tido como intocável, da mesma forma que o ditador soviético, o chinês Mao Tsé-Tung e o cubano Fidel Castro.
”Depois o Caetano vai dizer que a culpa é do jornal, como disse do Estadão, que publicou o “analfabeto”.

Como é que o Lula foi fazer um negocio desses: reduzir preço e deixar a “nova classe média” comprar?

Só quem pode comprar é aquele Brasil de 20 milhões de pessoas. A elite branca que compra na Daslu, lê o PiG (Partido da Imprensa Golpista, conforme Paulo Henrique Amorim e outros jornalisas que adotaram a sigla), acha o FHC um gênio e seu discípulo um “economista competente”. E nem formado é.


E por que a Globo parece o mais aloprado dos membros do PiG? Será que os filhos do Roberto Marinho (eles não têm nome próprio) têm mais a perder que os outros? Será que eles estão com medo da Cristina Kirchner?

Onde já se viu pobre (ou ex-pobre) comprar carro, geladeira, móveis e casa própria? Deve ser coisa de Stalin, Mao Tsé-Tung ou Fidel Castro.


Só pode ser...

Um horror!!!!

E esta coluna tem o prazer de mostrar outra insensatez desse Stalin que nos governa: ele ousou reduzir o desemprego dos negros.
Além de tudo, é um racista: gosta de negro e nordestino!

Um horror!

O desemprego entre os negros caiu mais de 6 pontos percentuais entre 2004 e 2008, período de maior dinamismo da economia brasileira. Entre 2004 e 2008 a população aumentou sua proporção de ocupados, de 77,5% para 84,0% e caiu a de desempregados, de 22,5% para 16%. No caso dos não-negros, o desemprego caiu de 16,4% para 11,9% no mesmo intervalo.

Um horror!!

Enquanto isso PSDB e DEM brigam para saber quem leva mais $$$$$$$. Minas, mensalão do Azeredo-PSDB. Distrito Federal, Panetone do Arruda-DEM e agora DETRAN do Serra-PSDB de São Paulo.

Faltam pulsos para FHC cortar.


PHA e outros

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

EMAGRECIMENTO

A candidatura presidencial do tucano José Serra passa por um processo de lipoaspiração. Em movimento inverso, o projeto Dilma Rousseff-2010 vem ganhando massa muscular. Em dezembro de 2008, o instituto Sensus atribuía a Serra 46,5% das intenções de voto. Dilma era, nessa época, uma candidata raquítica. Amealhava irrisórios 10,5% da preferência dos eleitores.
Pois bem. Os pesquisadores do Sensus voltaram ao meio-fio entre os dias 16 e 20 de novembro. Constatou o seguinte: Serra dispõe agora de 31,8%. Dilma arrasta a preferência de 21,7% dos eleitores. Na ponta do lápis: Serra perdeu 14,7 pontos percentuais de gordura. Dilma adensou em 11,2 pontos a sua musculatura. Dito de outro modo: a diferença que separa Dilma de Serra era, há um ano, de 36 pontos percentuais. Agora, é de 10,1 pontos.
Nessa última rodada do Sensus, Ciro Gomes aparece atrás de Dilma, com 17,5%. Marina Silva belisca 5,9%.

Por que Serra definha?

Pode-se intuir que a resistência do tucano em retirar a candidatura do armário tenha alguma influência. De resto, a pesquisa confirma, em números, algo de que já se suspeitava: FHC tira votos dos candidatos que toca. Nada menos que 49,3% dos eleitores informam que não votariam num candidato apoiado por FHC.

Por que Dilma se tonifica?

Levada à vitrine com antecedência inaudita, a ministra passeia a candidatura pelo país. Afora a superexposição, Dilma é carregada por um cabo eleitoral poderoso. O potencial de transferência de votos de Lula é estimado em 51,7%. O de FHC, 17,2%. O índice dos que declaram que jamais votariam num candidato de Lula caiu de 20,2% para 16%.
Por que Lula é um eleitor mais vigoroso do que FHC? Resposta está na comparação entre os governos dos dois. Entre os entrevistados, 76% consideram que a gestão de Lula é melhor do que a administração FHC. (Nesse momento FHC está cortando os pulsos.) Se o PSDB optar por Aécio Neves em vez de Serra, Dilma assume a liderança da pesquisa. Ela com 27,9%. Ele com 20,7%. Marina Silva fica com 10,4%.
O Sensus também mediu o potencial dos candidatos em hipotético cenários de segundo turno. Hoje, Serra prevaleceria em todos os cenários. Venceria Dilma com 46,8% dos votos contra 28,2% da rival. Em setembro, o placar era de 49,9% a 25%. Numa queda-de-braço com Aécio, Dilma venceria o segundo turno –36,6% contra 27,9%. Em setembro, dava 35,8% contra 26%. Sob a luz fria dos números, a estratégia adotada por Lula revela-se precisa. Esforça-se para associar a candidata a si mesmo e ao seu governo.
E tenta estabelecer uma disputa de projetos. De um lado, a era Lula. Do outro, o ciclo FHC. Presente X Passado. No popular: “Nós contra eles”. Para complicar a vida do tucanato, o Sensus informa que melhorou a avaliação do governo Lula. Em setembro, a gestão de Lula era aprovada por 65,4% dos eleitores. Hoje, 70% avaliam o governo como ótimo ou bom. Subiu também a avaliação pessoal de Lula. Foi de 76,8% para 78,9%. Não retornou aos 80% do início do ano. Mas continua nas nuvens.
Parece óbvio que, se quiser conservar a aura de favorito, Serra terá de promover uma reviravolta em sua estratégia. Fala que só vai assumir a candidatura em março de 2010. Parece discurso de quem prepara a rota de fuga.

by Josias de Souza

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

IMPEACHMENT

“Mensalão foi tentativa de golpe.” “Foi uma tentativa de golpe no Governo. Foi a maior armação já feita contra o Governo.” “Marcos Valério não vem do PT, vem de outras campanhas”.(do tucano Eduardo Azeredo) disse Lula.

Sobre Fernando Henrique: “é um poço de mágoa”, que tem inveja de Lula. Esses são trechos da entrevista que foi ao ar no domingo, na Rede TV.

Impeachment também é a cobertura alucinada que o PiG ** faz do “apagão”. O Globo disse que Itaipu parou de funcionar. Que o sistema está em risco. Que a culpa é da Dilma.

Impeachment foi o caosaéreo. Impeachment foram os cartões corporativos. Foi a Dra Lina. Foi a derrubada do Sarney para entregar o Senado ao tucano acusado de todos os crimes previstos na legislação eleitoral. Impeachment foi a febre amarela. Impeachment foi a gripe suína. Foi a queda do helicóptero no Rio. O sumiço das provas do Enem dentro de uma gráfica da Folha (*). Impeachment é a palavra de ordem do PiG e seus ventríloquos no Congresso, desde que Lula tomou posse.

Talvez só agora, no fim do Governo, o Presidente Lula tenha resolvido falar mal do PiG e seus colunistas, do antecessor (que tem inveja, o que é muito bom, porque a inveja corrói o invejoso por dentro) e, agora, denunciar o impeachment do mensalão. Só falta ir até o fim do raciocínio. O impeachment do mensalão só não seguiu adiante – e poderia ter sido concretizado enquanto Duda Mendonça depunha no Senado –, porque FHC preferiu impor a “teoria do sangramento”. Só por isso a oposição liderada pelo prodigioso Agripino Maia não pediu o impeachment enquanto Duda confessava que recebia dinheiro lá fora.

A tentativa de impeachment é permanente, ininterrupta. É a mesma que levou o Dr Getulio a meter uma bala no peito. A que tentou impedir que JK governasse. A mesma que derrubou Jango. A mesma que apoiou os militares e transformou Geisel e Golbery em Pais da Pátria. É mesma que impediu Brizola de ser Presidente. E agora, a mesma que quer derrubar Lula. E impedir que faça o sucessor.

Agora, o PiG quer igualar a interrupção de algumas horas no fornecimento de energia com o racionamento do cinzento Governo do Farol de Alexandria, que custou dois pontos percentuais no PIB e uma conta de R$ 45 bilhões que ele tirou do bolso do consumidor.
O impeachment não sai da ordem do dia.

Paulo Henrique Amorim


segunda-feira, 9 de novembro de 2009

ENQUANTO ISSO NO PARANÁ...

Candidato ao governo do Paraná, o prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), decidiu fazer campanha ao modo Lula. Lançou uma versão municipal do Bolsa Família. Chama-se “Família Curitibana”. Prevê a distribuição de R$ 50 mensais a 7 mil lares pobres. A novidade foi anunciada em cerimônia impregnada de 2010. Deu-se no Tatuquara, um bairro humilde da capital paranaense.
A prefeitura armou o palanque e providenciou a platéia. Cerca de mil moradores de outros bairros foram trazidos de ônibus. Súbito, a chegada do prefeito foi anunciada ao microfone. E a multidão: “Beto, Beto...”.
Ao percorrer os metros de curitibanos pobres que o separavam do palco, o prefeito beijou e abraçou eleitores. Tirou fotos com crianças. O clássico.

Antes do discurso do benfeitor, falaram duas beneficiárias do novo programa. Uma dedicou ao prefeito um poema: “Nova luz”. Outra, recobriu-o de elogios: “A nossa Terra Santa [nome de uma vila de Curitiba] está melhorando graças ao Beto”. Coube ao deputado estadual Mauro Moraes (PSDB) falar em nome dos políticos presentes. Citou um tema alheio ao mote da cerimônia: segurança pública. Criticou a ação do governo estadual, hoje chefiado por Roberto Requião (PMDB). E cuidou de lembrar à audiência que o prefeito quer virar governador: “Isso mudará em 2011, com o nosso próximo governador”.

Armada a cena, Beto Richa foi à boca do palco. Soou como Lula. Primeiro, ao dizer que o seu “Família Curitibana” não é um programa assistencialista. Depois, ao afirmar que a população carente não precisa de esmola, mas de oportunidade. Surpreendido, o petismo do Paraná dispensa ao prefeito tucano um tratamento análogo ao que o PSDB reserva a Lula em Brasília.

Vale a pena ler o que disse o vereador Pedro Paulo, líder do PT na Câmara Municipal de Curitiba: “A própria direita questionava o Bolsa Família. Dizia que era eleitoreiro. E, agora, às vésperas da eleição, surge esse programa...” e “...Para mim, parece haver outros objetivos, além do atendimento social. Acho que é puramente eleitoral”.Para que a inversão de papéis se complete, só falta o PT do Paraná protocolar no TRE uma representação contra o prefeito do PSDB.

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Em tempo 1:
Completando a coluna da semana passada o Farol defendeu a tese do “sangramento”. Na crise do mensalão ele não deixou o Agripino Maia pedir o impeachment do Lula. Mandou a oposição esperar o Lula “sangrar”, até que ele voltasse ao Planalto nos braços do povo. Lula não sangrou. Lula vai transformar o Governo FHC no governo Dutra.
Entreguista, anti-trabalhista e irrelevante. Fora do poder, Dutra se transformou no centro de articulação do golpe que fez Vargas sangrar.
Hoje, quem sangra é Fernando Henrique.

Em tempo 2:
Tentaram expulsar da UNIBAN a garota que “atacou” sozinha 700 estudantes com mini vestido. Graças ao Lula e não ao Serra, a direção voltou atrás...

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

O FAROL DE ALEXANDRIA

O Farol de Alexandria, vulgo Fernando Henrique Cardoso, subiu o tom. Rasgou a fantasia. Despiu-se do pudor que convém a ex-presidentes.

Agora, ou vai ou racha. Ou os holofotes da Imprensa Paulista Golpista + Globo se voltam para ele, ou desaparece.

O artigo que escreveu no Globo e no Estadão no dia 1º chama o Presidente Lula de golpista, peronista, portador de um autoritarismo populista (?) e, como sempre, o considera um desqualificado. Diz que Lula quer um “poder sem limites”. Ou seja, acusa Lula de querer ser ditador. Ele sempre fez isso, porque nunca teve a compostura de um ex-presidente da República. Sarney, Collor e Itamar respeitaram os sucessores. FHC jamais engoliu o sucesso de seu sucessor. Só que, neste domingo, depois que um aliado de José Serra decidiu jogá-lo ao mar, depois que Aécio deu um ultimato a seu rebento, FHC caminha para a irrelevância a passos largos. Para morrer atirando, o artigo ultrapassa as regras da etiqueta política.

As decisões de Lula são uma “enxurrada”, “esdrúxulas”, “sem sentido”. Lula criou “o maior espetáculo da Terra” (nome de um filme que, na juventude do FHC, tratava da vida num circo), governo “de riqueza fácil que beneficia poucos”. Lula comete “transgressões”. “Atropela” a lei e os “bons costumes”. Por que será ? Lula tem algum filho bastardo que não se conheça ? “Desvio” (de dinheiro ?). “Loucura”. “Apoteose verbal”. “Despautério”. Um estilo que “pouco tem a ver com nossos ideais democráticos”. Que dizer que Lula vai dar o Golpe ?

A partir daí, o Farol retoma a agenda da Imprensa Golpista de SP + Globo. Ou seja, as causas heróicas que movem as milícias de colunistas dessa imprensa. Ele defende o pré-sal para os clientes do escritório do Davizinho.

Morre de saudades da Petrobrax. Defende o Roger Agnelli e os tucanos que ele emprega na Vale. Que Lula não põe ninguém na cadeia (só falta dizer que o “Engavetador Geral da República” trabalha no Governo Lula…) Que Lula quer a Bomba Atômica para entrar no Conselho de Segurança. Aí, FHC é mais entreguista do que normalmente parece.

Como ele enterrou os planos de o Brasil ter vida nuclear autônoma, ao assinar um tratado de não proliferação, aqui, agora, o Farol quer jogar Lula na companhia do Irã, tornar o Brasil um “rogue State”, para que Lula não se sente no Conselho de Segurança da ONU.
Porque, nesse dia, FHC vai cortar os pulsos para valer …

O Farol diz que o PAC empacou. Diz que o Minha Casa Minha Vida não anda. Ou seja, repete a pauta dos editores paulistas + G.

Mas, tem uma novidade no pensamento do FHC. Sem dar crédito a Chico de Oliveira (da mesma maneira como tentou engolir o Enzo Falleto, que escreveu com ele sobre a “Dependência” irrevogável do Brasil aos Estados Unidos), o Farol tenta se apropriar da tese de que os fundos de pensão mandam no Brasil. Essa é uma outra discussão.
Porém, o Farol está interditado de falar sobre esse assunto. Ele entregou os fundos de pensão a Daniel Dantas, a quem chama de “brilhante”.

Como o de Alexandria, o Farol será destruído por um terremoto.

E ninguém verterá uma lágrima por ele.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

2014, 2016 - O OUTRO LADO

A fumaça preta dos incêndios e explosões não tinha se dissipado e ainda era possível ouvir o barulho da troca de tiros entre policiais e traficantes quando Rosa Maria Barbosa falou. Tia de Ednei Canazarro, um dos militares carbonizados na queda do helicóptero derrubado por traficantes no Morro dos Macacos, emocionada e revoltada, desabafou:

– Armam todo este teatro para os Jogos Olímpicos e não dão as condições para os nossos policiais trabalharem.

É uma frase para ser lida, relida, pensada. Rosa faz parte daquela parcela situada no outro lado da linha, imune ao ufanismo que tomou conta de boa parte do país com a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016. São os que têm dificuldade para entender por que o país está disposto a mobilizar esforços e investir bilhões de dólares em duas competições esportivas, enquanto as emergências dos hospitais estão superlotadas, as escolas sucateadas e as quadrilhas derrubando helicópteros da polícia. Deve ser duro mesmo para quem vive na periferia da sociedade entender a inversão de prioridades. Rosa integra a imensa maioria silenciosa. É a parcela que não escreve cartas para os jornais, não fala nas emissoras de rádio e só aparece em programas de TV nos momentos em que perturba a rotina das cidades com seus protestos de rua ou nas tragédias, quando seus parentes morrem nos tiroteios, por estarem em um extremo, como ocorreu com os pilotos do helicóptero, ou por ficarem no meio do fogo cruzado. São pessoas que devem ter dificuldade para entender o choro do presidente Lula em Copenhague, quando o Brasil foi escolhido para sediar os Jogos de 2016, ou a festa de cartolas e políticos em Zurique, no momento em que a FIFA deu ao país pentacampeão mundial o direito de organizar a Copa. É fácil entender a questão levantada pela tia do policial. Experimente imaginar uma lista de prioridades para um país como o Brasil. Você pode começar pela educação, que precisa de escolas e valorização do professor. Mas é preciso iniciar agora para que a próxima geração tenha resultados. A lista é grande, das pessoas com terra que precisam de apoio às sem terra que ainda vivem em barracas, dos pacientes que dependem de um sistema de saúde que não consegue dar conta de demanda à insegurança. Nos países desenvolvidos também há episódios de guerra urbana, claro, mas são isolados. Aqui, são permanentes. Depois da lista pronta, tente substituir alguns dos itens selecionados por Copa ou Olimpíada. Não haverá lugar, mesmo que você – como a maioria de nós – seja apaixonado por futebol ou esportes olímpicos, e tenha certeza dos benefícios de competições assim para nossas cidades. Ninguém discorda disso. A questão toda se resume à lista de prioridades – e nela, ao menos enquanto o país não resolver seus problemas mais sérios, não deveria haver lugar para investimento de risco em Copa ou Olimpíada. Ninguém precisa aceitar isso, é evidente, e muitos não concordam por acharem que uma questão não tem nada a ver com a outra. É uma posição respeitável, mas eu prefiro passar para o outro lado da linha. Fico ao lado de Rosa.

By Mario Marcos de Souza

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

CPI, MST E TERRAS ROUBADAS

Por Mauro Santayana

A terra é o mais grave problema de nossa história social, desde que os reis de Portugal retalharam a geografia do país, com a concessão de sesmarias aos fidalgos. Os pobres não tiveram acesso pleno e legal à terra, a não ser nos 28 anos entre a independência – quando foi abolido o regime das sesmarias – e 1850, quando os grandes proprietários impuseram a Lei de Terras, pela qual as glebas devolutas só podiam ser adquiridas do Estado a dinheiro.
A legislação atual vem sendo sabotada desde que foi aprovado o Estatuto da Terra. É fácil condenar a violência cometida, em episódios isolados, e alguns muito suspeitos, pelos militantes do MST. Difícil tem sido a punição dos que matam seus pequenos líderes e os que os defendem. Nos últimos anos, segundo o MST, mais de 1.600 trabalhadores rurais foram assassinados e apenas 80 mandantes e executores chegaram aos tribunais. Em lugar de uma CPI para investigar as atividades daquele movimento, seria melhor para a sociedade nacional que se discutisse, a fundo, a questão agrária no Brasil.
O Censo de 2006, citado pelo MST, revela que 15 mil proprietários detêm 98 milhões de hectares, e 1% deles controla 46% das terras cultiváveis. Muitas dessas glebas foram griladas. Temos um caso atualíssimo, o do Pontal do Paranapanema, onde terras da União estão ocupadas ilegalmente por uma das maiores empresas cultivadoras de cítricos do Brasil. O Incra está em luta, na Justiça, a fim de recuperar a sua posse. O que ocorre ali, ocorre em todo o país, com a cumplicidade, remunerada pelo suborno, de tabeliães e de políticos.
Cinco séculos antes de Cristo, os legisladores já se preocupavam com a questão social e sua relação com a posse da terra. É conhecida a reforma empreendida por Sólon, o grande legislador, na Grécia, que, com firmeza, mandou quebrar os horoi, ou marcas delimitadoras das glebas dos oligarcas. Mais ou menos na mesma época, em 486, a.C., Spurio Cássio, um nobre romano, fez aprovar sua lei agrária, que mandava medir as glebas de domínio público e separar parte para o Tesouro do Estado e parte para ser distribuída aos pobres. Imediatamente os nobres se sublevaram como um só homem, e até mesmo os plebeus enriquecidos (ou seja a alienada classe média daquele tempo) a eles se somaram. Spurio Cássio, como conta Theodor Mommsen em sua História de Roma, foi levado à morte. “A sua lei foi sepultada com ele, mas o seu espectro, a partir de então, arrostava incessantemente a memória dos ricos, e, sem descanso, surgia contra eles, até que, pela continuada luta, a República se desfez” – conclui Mommsen. E com razão: a última e mais completa lei agrária romana foi a dos irmãos Graco, Tibério e Caio, ambos mortos pelos aristocratas descontentes com sua ação em favor dos pobres. Assim, a República se foi dissolvendo nas guerras sociais, até que Augusto a liquidou, ao se fazer imperador, e seus sucessores conduziram a decadência da grande experiência histórica.
Não há democracia sem que haja reforma agrária. A posse familiar da terra – e da casa, na situação urbana – é o primeiro ato de cidadania, ou seja, de soberania. Essa posse vincula o homem e sua família à terra, à natureza e à vida. Sem lar, sem uma parcela de terra na qual seja relativamente senhor, o homem é desgarrado, nômade sem lugar nas sociedades sedentárias.
É impossível ao MST estabelecer critérios rígidos de ação, tendo em vista a diversidade regional e a situação de luta, caso a caso. Outro ponto fraco é a natural permeabilidade aos agentes provocadores e infiltrados da repressão particular, ou da polícia submetida ao poder econômico local. No caso do Pontal do Paranapanema são muitas as suspeitas de que tenham agido provocadores. É improvável que os invasores tenham chamado a imprensa a fim de documentar a derrubada das laranjeiras – sabendo-se que isso colocaria a opinião pública contra o movimento. Repete-se, de certa forma, o que houve, há meses, no Pará, em uma propriedade do banqueiro Daniel Dantas.
É necessária a criação de força-tarefa, composta de membros do Ministério Público e agentes da Polícia Federal que promova, em todo o país, devassa nos cartórios e anule escrituras fraudulentas. No Maranhão, quiseram vender à Vale do Rio Doce (então estatal), extensas glebas. A escritura estava registrada em 1890, em livro redigido e assinado com caneta esferográfica – inventada depois de 1940.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

O GERENTÃO

A revista Piauí (obscura publicação de SP que, segundo Sebastião Nery, é de banqueiros, por e para banqueiros) que está nas bancas dedica 10 páginas a José Serra. Dez, amigo e-leitor, apenas 10. A Churchill dedicaria talvez nove. A Abraham Lincoln, umas sete. A José Serra, o candidato de 9 entre dez “colonistas” da imprensa golpista paulista e Globo que combatem como milícia para derrubar o presidente Lula. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. Piauí é aquela publicação onde Fernando Henrique disse que o Sete de Setembro é uma palhaçada. Piauí é aquela publicação que dedica delírios a Daniel Dantas. Na coluna de Clovis Rossi, na Folha, lê-se que o aspecto mais esquisito da personalidade provavelmente psicótica de José Serra é o fato de lavar as mãos com gel, depois de cumprimentar estranhos. Além de o nosso Putin, sabe-se, agora, que o “Zé Pedágio” é o nosso Howard Hughes sem lembrar o Leonardo DiCaprio, é claro. Porém, não é esse o aspecto mais sinistro do hino de louvor que a Piauí publica. O aspecto mais sinistro é o fato de esse homem público, duas vezes candidato a Presidente da República, não ter uma mísera ideia. Não oferece uma única mensagem de esperança, uma visão do que pretende fazer do Brasil. Nada. É um poço sem fundo. São dez páginas de psicanálise de botequim. Não há ali nenhum motivo a justificar a candidatura dele – além do fato de a tia considerá-lo “um crânio”. Não é, porém, a opinião de Fernando Henrique Cardoso. Que diz com todas as letras que “Zé Pedágio” não passa de um gestor, quer dizer, um gerentão, sem uma solitária ideia original na cabeça. Ou seja, como me diz sempre aquele mineiro, Serra é um “prático em tributação”. Ou seja, Serra é “competente”, porque a imprensa paulista + Globo decidiu que é. (Mas, percebe-se aí uma injustiça: José Serra introduziu a venda de banana a quilo em São Paulo. É porque o Fernando Henrique não se dá ao trabalho de comprar banana …) Outra revelação interessante é a do professor João Manuel Cardoso de Mello, que considera uma “baboseira” a questão do Jose Serra ter diploma ou não: é uma “discussãozinha de classe média”. E Cardoso de Mello informa taxativo: “O Serra não terminou a graduação: e daí ?” E daí, caríssimo professor João Manuel, então manda o teu amigo tirar do currículo que é “engenheiro” e “economista”. E explicar por que passou a vida a dizer que era o que não é. Pode, João Manuel ? Formidável também é a obra acadêmica do “Zé Pedágio”: dois ensaios escritos a quatro mãos, com o FHC e com a professora Maria da Conceição Tavares. Duas peças que se inscrevem na História do Pensamento Econômico ao lado da diminuta obra de Keynes. Um gênio. Há um momento, porém, em que este modesto e-leitor foi às lágrimas. Foi quando o professor Luiz Gonzaga Belluzzo informou que, para o Serra, “o futebol tem uma dimensão afetiva e cultural !” Inacreditável. Eu nunca tinha pensado nisso antes ! E a repórter completa, de forma irretocável: “num estádio, ele se sente um brasileiro do povo (mais lágrimas copiosas), e é acolhido como um igual (mais lágrimas).” O hino de louvor (mal sucedido, se vê) começa com uma longa explicação do Fernando Henrique para demonstrar que José Serra foge do pau. Como fez em 2006. Para o e-leitor, isso não é novidade nenhuma. A eleição, como se sabe, se travará entre Lula e Fernando Henrique. No primeiro e no segundo turno, se houver. E José Serra vai fugir. Ele sabe que o Vesgo (do Pânico na TV) tem mais chance que ele.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

LULA E A OLIMPÍADA

Lula empenhou seu cacife político na campanha do Rio 2016. Se o Rio perdesse, a imprensa golpista e a elite branca e separatistade São Paulo, cairiam em cima de Lula, como se fosse um coitadinho, um operário metalúrgico que tentou ir além dos sapatos. Lula, logo após a vitória, ressaltou que o Brasil devia isso ao Rio. “Ao Rio, que já foi capital da República, que foi politicamente esvaziado, e passou a freqüentar as paginas podres da imprensa, o Brasil devia ao Rio – disse Lula. (Nessa hora, Lula olho no olho do repórter da Globo).
Ninguém mais do que o Presidente Lula trabalhou para re-fazer esse mapa geopolítico. A distorção começou com Juscelino, que tirou a capital do Rio e abriu o ciclo da inflação e isolar a capital do povo. Levou a indústria só para São Paulo – e botou o resto do Brasil para trabalhar para São Paulo. Depois, o regime militar esvaziou o Rio, porque o Rio era brizolista. E a Globo, por causa do Brizola, estigmatizou o Rio e o transformou numa Medelín. Acabou a minoridade política do Rio. Como disse o Presidente Lula, em lágrimas, esse é o atestado de cidadania do Brasil. É a prova de que o mundo reconhece que o Brasil chegou lá. E que o Rio é o Rio. Capital do Brasil !
Mas Lula poderia ter agido, como muitos de seus pares na política agiriam, com rancor e desprezo pelo Rio de Janeiro, seus políticos, sua mídia, todos alegremente colocados como caixa de ressonância dos piores e mais mesquinhos interesses oriundos de um claro ódio de classe, embora mal disfarçados de oposição política. Lula poderia ter destilado ódio e ter feito corpo mole contra o Rio de Janeiro, em reação, demasiada humana, à vaia que recebeu – estranha vaia, puxada por uma tropa de canalhas, refletida em efeito manada – na abertura dos jogos panamericanos, em 2007, talvez o maior e mais bem definido ato de incivilidade de uma cidade perdida em décadas de decadência. Vaiou-se Lula, aplaudiu-se César Maia, o que basta como termo de entendimento sobre os rumos da política que se faz e se admira na antiga capital da República. Fosse um homem público qualquer, Lula faria o que mais desejavam seus adversários: deixaria o Rio à própria sorte, esmagado por uma classe política duvidosa e tristemente medíocre, presa a um passado de cidade maravilhosa que só existe, nos dias de hoje, nas novelas da TV Globo ambientadas nas ruas do Leblon.
Lula poderia ter agido burocraticamente a favor do Rio, cumprido um papel formal de chefe de Estado, falado a favor da candidatura do Rio apenas porque não lhe caberia falar mal. Deixado a cidade ao gosto de seus notórios representantes da Zona Sul, esses seres apavorados que avançam sinais vermelhos para fugir da rotina de assaltos e sobressaltos sociais para, na segurança das grades de prédios e condomínios, maldizer a existência do Bolsa Família e MST, antros simbólicos de pretos e pobres culpados, em primeira e última análise, do estado de coisas que tanto os aflige. Lula poderia ter feito do rancor um ato político, e não seria novidade, para dar uma lição a uma cidade que o expôs e ao país a um vexame internacional pensado e executado com extrema crueldade por seus piores e mais despreparados opositores. Mas Lula não fez nada disso. No discurso anterior à escolha do Comitê Olímpico Internacional, já visivelmente emocionado, Lula fez o que se esperava de um estadista: fez do Rio o Brasil todo, o porto belo e seguro de todos os brasileiros, a alma da nacionalidade. Foi um ato de generosidade política inesquecível e uma lição de patriotismo real com o qual, finalmente, podemos nos perfilar sem a mácula do adesismo partidário ou do fervor imbecil das patriotadas. Lula, esse mesmo Lula que setores da imprensa brasileira insistem em classificar de boneco do poder chavista em Honduras, outra vez passou por cima da guerrilha editorial e da inveja pura e simples de seus adversários. Falou, como em seus melhores momentos, direto aos corações, sem concessões de linguagem e estilo, franco e direto, como líder não só da nação, mas do continente, que hoje o saúda e, certamente, o aplaude de pé. Em 2016, o cidadão Luiz Inácio da Silva terá 71 anos. Que os cariocas desse futuro tão próximo consigam ser generosos o bastante para também aplaudi-lo na abertura das Olimpíadas do Rio, da qual, só posso imaginar, ele será convidado especial.

Em tempo: FHC agora cortará os pulsos de tanta inveja.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

DUAS TRAJETÓRIAS DISTINTAS

Em que mãos você gostaria que estivesse o Brasil? Qual o verdadeiro diploma que cada um tem e que conta para construir um país justo, soberano e humanista?
Nas horas mais difíceis se revela a personalidade – as forças e as fraquezas – de cada um. Os italianos podiam optar entre participar da resistência clandestina ou aderir ao regime fascista. Os alemães perguntam a seus pais onde estavam no momento do nazismo. No Brasil também, na hora negra da ditadura militar, fomos testados na nossa firmeza, na decisão de lutar contra a ditadura ou aderir ao regime surgido do golpe, ficando alheios a todas as brutalidades.

Dois personagens que aparecem como pré-candidatos à presidência são casos opostos de comportamento e aí podemos julgar seu caráter, exatamente no momento mais difícil, quando não era possível esconder seus comportamentos, sua personalidade, sua coragem para enfrentar dificuldades, seus valores. José Serra era dirigente estudantil, tinha sido presidente do Grêmio Politécnico, da Escola de Engenharia da USP. Já com aquela ânsia de poder que seguiu caracterizando-o por toda a vida, brigou duramente até conseguir ser presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE) de São Paulo e, com os mesmos meios de não se deter diante de nada, chegou a ser presidente da UNE. Com esse cargo participou do comício da Central do Brasil, em março de 1964, poucas semanas antes do golpe. Nesse evento, foi mais radical do que todos os que discursaram, não apenas de Jango, mas de Miguel Arraes e mesmo de Leonel Brizola.
No dia do golpe, poucos dias depois, da mesma forma que as outras organizações de massa, a UNE, por seu presidente, decretou greve geral. Esperava-se que iria comandar o processo de resistência estudantil. No entanto, Serra saiu do Brasil no primeiro grupo de pessoas que abandonou o país. Abandonou o cargo para o qual tinha sido eleito pelos estudantes. Essa a atitude de Serra diante da primeira adversidade. Por isso sua biografia só menciona que foi presidente da UNE, mas nunca diz que não concluiu o mandato, abandonou a UNE e os estudantes brasileiros. Nunca se pronunciou sobre esse episódio vergonhoso da sua vida. Os estudantes brasileiros foram em frente. Ficou claro o caráter de Serra.


Outra personalidade que aparece como pré-candidata à presidência também teve que reagir diante das circunstâncias do golpe militar e da ditadura. Dilma Rousseff, fez outra escolha. Optou por ficar no Brasil e participar ativamente da resistência à ditadura, primeiro das mobilizações estudantis, depois das organizações clandestinas, que buscavam criar as condições para uma luta armada contra a ditadura militar. No episódio da comissão do Senado em que ela foi questionada por ter assumido que tinha dito mentido durante a ditadura – por um senador da direita, aliado dos tucanos de Serra -, Dilma mostrou todo o seu caráter, o mesmo com que tinha atuado na clandestinidade e resistido duramente às torturas. Disse que mentiu diante das torturas que sofreu, disse que o senador não tem idéia como é duro sofrer as torturas e mentir para salvar aos companheiros. Que ela e o senador da base tucano-demo estavam em lados opostos: ela do lado da resistência democrática, ele do lado da ditadura, do regime de terror, que seqüestrada, desaparecia, fuzilava, torturava. Dilma lutou na clandestinidade contra a ditadura, nessa luta foi presa, torturada, condenada e detida quatro anos. Saiu para retomar a luta nas novas condições que a resistência à ditadura colocava. Entrou para o PDT de Brizola, mais tarde no PT, onde participou como secretária do governo do Rio Grande do Sul. Posteriormente foi Ministra de Minas e Energia e Ministra-chefe da Casa Civil. Essa trajetória, em particular aquela nas condições mais difíceis, é o grande diploma de Dilma: a dignidade, a firmeza, a coerência, para realizar os ideais que assume como seus. Quem pode revelar sua trajetória com transparência e quem tem que esconder momentos fundamentais da sua vida, porque vividos nas circunstâncias mais difíceis?

sábado, 19 de setembro de 2009

CSS (CPMF)

É curioso o contorno que ganhou o discurso antiimpostos no Brasil. Estamos entre os campeões do mundo em desigualdade social, mas o discurso dominante é o de que cada centavo recolhido aos cofres públicos se destina a alimentar mensalões e salários de políticos corruptos. Tal argumento só fez recrudescer diante da possibilidade concreta de reedição da polêmica CPMF. Também vejo excessos na gana arrecadatória do Estado brasileiro. Também considero injusto que uma parcela pequena da população seja mais sacrificada. Proponho, entretanto, deixar de lado a miopia com que se enxerga a questão e enriquecer com alguns fatos o debate. Em primeiro lugar, ainda não vi nenhum cálculo do peso da Contribuição Social para a Saúde (CSS) sobre a remuneração do brasileiro. Tomemos por base o salário médio do mês de julho, aferido pelo IBGE, de R$ 1.273,60 reais. Aplicada a alíquota de 0,10% sobre as movimentações financeiras desse cidadão, eis que ele doará ao Fisco R$ 1,27 real ao mês. Com a inequívoca vantagem de que, desta vez, o contribuinte terá a certeza de que o recurso será integralmente repassado à área da saúde. Que empresários e a classe média bem remunerada queiram espernear à vista do novo imposto, é compreensível. Daí a exigir que tal insatisfação seja compartilhada integralmente pela maioria da população, vai uma distância considerável. Taxar a movimentação financeira é a maneira mais simples de distribuir o encargo proporcionalmente aos ganhos. Sem grande margem para “engenharia fiscal” e “planejamento tributário”, eufemismos usados por quem pode recorrer a especialistas em encontrar brechas na legislação e, assim, economizar nos impostos. Ninguém perguntou à Fiesp, após a queda da CPMF, qual foi a redução de preço do pão francês, que o senhor Paulo Skaf dizia ser onerado pela taxa paga pelo dono da padaria. Não conheço nenhum estudo, nem estimativa, que mostre qualquer impacto da contribuição sobre a inflação no País. De outro lado, há a chance objetiva de que, uma vez de posse de informações sobre a movimentação brasileira do cidadão, a Receita Federal seja capaz de identificar quem transfere mais recursos do que declara receber. Há quem diga ser esta a verdadeira motivação da encarniçada campanha pelo fim da antiga CPMF, muito mais do que a preocupação, até legítima, com o avanço da carga tributária. A mim, a suposta invasão de privacidade pelo Fisco não afeta minimamente. Pago os meus impostos em dia. Sem medo de soar ingênuo, estou muito mais preocupado com o avanço da gripe suína, que os recursos novos podem ajudar a combater.

sábado, 12 de setembro de 2009

MARINA SILVA

A propaganda de dez minutos do PV no horário nobre foi ocupada por Marina Silva, a traíra II. O posto de traíra I é de Cristovam Buarque. O discurso de Marina é infantilmente paradoxal. Ela se gaba de ter saído do governo Lula. E se gaba do que fez no governo Lula. Portanto, ela não consegue explicar a razão de ter saído do governo Lula. O único motivo aparente é cair no colo dos tucanos e trair o presidente Lula. Como se sabe, o PV é um laranja dos tucá e José Serra tentou negociar a posição de vice-presidente da chapa de Marina para Protógenes Queiroz. Marina não tem a coragem política de explicar a sua divergência com a ministra Dilma Rousseff. Ela saiu do governo porque divergiu de Dilma Rousseff e porque desempenhava o papel de xiita ambiental. Tentou impedir a construção de duas usinas hidrelétricas no rio Madeira para garantir a tranqüilidade dos bagres no momento de procriar.

Enquanto a traíra II não desfizer esse nó – por que saiu do governo Lula – ela continuará a ter bandeiras tão nítidas quanto as das milhares de ONGs que tentam proteger os bagres, as borboletas, e os tatu-pebas. Essa história de “potência ambiental” parece propaganda de pasta de dente com mentol. E “sustentabilidade” parece uma questão que tem a ver com os torcedores do Fluminense, que tem medo da Segundona. A questão é muito simples: a Marina acha que o pré-sal é uma dádiva ou uma maldição?

Com todo o respeito ao passado da Marina, fica claro que ela foi apenas mais uma cooptada pela mosca azul. Animal difícil de extinguir no bioma das vaidades. Com todo o seu belo histórico entrou no bonde errado dos motorneiros da desesperança. A finalidade dela, de quem admiro o passado, será invertida ao tirar votos do PSDB na eleição presidencial. Não haverá como defender a plataforma ambiental demotucana que autoriza ampliações nas marginais e inunda a Ceagesp de esgoto do Tietê. Muito menos as propagandas da Sabesp no seu Acre. Ficará acérrimo o diálogo nos debates e suas fragilidades serão escancaradas.
Assistindo o programa fiquei pasmo como ela e o PV inteiro estão se apoderando da herança do Chico Mendes sem mencionar nada de suas origens políticas. É uma fraude, ou então eles vão ter que abrir a realidade para o povo e dizer de boca cheia que eles são um sub-PT que trairam.

E esse negócio de sustentabilidade que está na boca de todo mundo para fazer propaganda e impedir a discussão profunda, que na verdade não é ecológica mais econômica. É o universo econômico que é englobante, se o meio tem de ser sustentável, tem de ser econômicamente sustentável, isto é, que se cobre de quem gasta a mais, ou que se regulamente tudo. Como diria o Marx´ecológico, (…) de cada um conforme sua capacidade, para cada um conforme sua necessidade(…) e pronto, estaríamos num mundo o mais sustentável possível.

Em tempo: É impressão minha, ou depois que a traira ll deixou a pasta do meio ambiente caiu a devastação na Amazonia??

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

GILMAR “DANTAS” MENDES – DE NOVO!

Os excelentes repórteres Gilberto Nascimento e Leandro Fortes publicam na Carta Capital que está nas bancas a reportagem “Suprema Incoerência”.

“Ecos da Satiagraha – Gilmar Mendes havia pedido ao Ministério Público uma investigação sobre as relações entre Hugo Chicaroni e funcionários do STF. Logo depois, voltou atrás.” Para irritação profunda de Gilmar “Dantas” Mendes, dizem Nascimento e Fortes, foi uma sentença proferida pelo corajoso Juiz Fausto De Sanctis que estabeleceu a ligação entre Chicaroni e um funcionário do Supremo que Gilmar “Dantas” Mendes contratou. Chicaroni aparece na Operação Satiagraha para subornar um agente da Polícia Federal. Foi Chicaroni quem disse que Dantas tinha “facilidades” nas instâncias superiores. Gilmar deu dois HCs a Dantas no espaço de 48 horas – um record que o Guinness registrará. O corajoso procurador da República Rodrigo de Grandis, que ajudou a botar Dantas na cadeia por causa dessa tentativa de suborno a um agente federal, foi atrás da investigação que Gilmar tinha pedido. Afinal, era um pedido do Presidente Supremo do Supremo. Depois, Gilmar desistiu. Passou a hostilizar o Ministério Público por fazer uma investigação que ele, Gilmar, tinha pedido.

Esquisito, não, amigo e-leitor ? Muito esquisito.

Aparentemente, a partir da reportagem de Nascimento e Fortes, é possível concluir que, quando percebeu que ia dar bolo, que o destino dele se associaria, de novo, ao de Daniel Dantas, Gilmar “Dantas” Mendes caiu fora. Segundo a excelente reportagem da Carta, Gilmar tem dois problemas com o Ministério Público. O Ministério Público abriu duas ações de improbidade contra Gilmar. Uma, porque Gilmar se negou a prestar informações à Justiça sobre servidores da Advocacia Geral da União, que dirigiu no Governo do Farol de Alexandria. Outra, porque o Ministério Público resolveu investigar contratos sem licitação entre órgãos públicos e o IDP, empresa de Gilmar que vende pós-graduação em Direito, por satélite, sem a presença do professor …

Foram a Carta e Leandro Fortes que denunciaram as relações obscenas entre o Presidente do Supremo e essa empresa privada, o IDP.

E, por isso, Gilmar “Dantas” Mendes entrou na Justiça contra a Carta e Fortes. Gilmar pode se debater com a força de um Presidente Supremo do Supremo. Mas, não adianta. Sua biografia e a de Daniel Dantas estão unidas como a tampa e a panela. É bom não esquecer que, quando o MST ocupou as terras griladas de Dantas na Amazônia, Gilmar “Dantas” Mendes ligou para a governadora do Pará, Ana Julia, para tomar satisfações: por que ela ainda não tinha feito a reintegração de posse nas terras griladas de Dantas …

Veja bem, amigo e-leitor: um juiz do Supremo, seu Supremo Presidente, liga para uma governadora para tomar satisfações sobre o interesse empresarial de um passador de bola condenado por passar bola.

Quem fez essa denúncia na Carta Capital ? Leandro Fortes.

Não foi à toa que o corajoso Ministro Joaquim Barbosa, quando denunciou que Gilmar “Dantas” Mendes tinha capangas, denunciou também que Gilmar envergonha o Judiciário brasileiro.

Barbosa foi generoso.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

DRIBLE DA VACA

Sabem o que é o "drible da vaca", não sabem? É quando o jogador passa a bola por um lado do seu adversário, segue pelo outro lado e consegue recuperá-la. Pois é. Lula deu o "drible da vaca" nos governadores José Serra, de São Paulo, Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro e Paulo Hartung, do Espírito Santo. E pior! O presidenciável do PSDB, o governador José Serra converteu-se em expectador de um espancamento do seu tucanato. A convite de Lula, Serra sentou-se na platéia da megacerimônia de lançamento do marco legal para a exploração do petróleo do pré-sal. Ao discursar, Lula desancou o governo do antecessor FHC, presidente de honra do PSDB e amigo de Serra. Lula disse que, em 1997, sob FHC, "altas personalidades chegaram a dizer que a Petrobras era um dinossauro. Não um dinossauro qualquer, mas o último dinossauro a ser desmantelado". Lembrou que o tucanato investira contra a estatal. Chegara mesmo a cogitar a mudança de nome da empresa, que passaria a se chamar Petrobax. Ironizou: "Sabe lá o que esse xis queria dizer nos planos de alguns exterminadores do futuro". Agora, disse Lula, esses "pensamentos subalternos" foram superados. "O país deixa para trás o complexo de inferioridade”, jactou-se Lula. “Como é bom andar de cabeça erguida e olhar com confiança para nosso futuro!" "Benditos amigos e companheiros do dinossauro, que sobreviveu à extinção, deu a volta por cima e descobriu no pré-sal o passaporte para o nosso futuro". Nesse ponto do discurso, Lula foi efusivamente aplaudido. Serra, cenho crispado, eximiu-se de bater palmas. Ao resumir os “tempos subalternos” de FHC, Lula disse que “o país tinha deixado de acreditar em si mesmo”. Decidido a fustigar o tucanato, adepto do “choque de gestão” e simpático às privatizações”, Lula disse que “o papel do Estado voltou a ser valorizado”.
Outra alfinetada em FHC: “Não só não quebramos como fomos um dos últimos a entrar na crise e um dos primeiros a sair dela”. Mais outra: “Antes, éramos alvos de chacotas. Hoje, a voz do Brasil é ouvida lá fora com muito respeito”. De quebra, Serra, autoconvertido em platéia, foi compelido a assistir ao retorno da potencial adversária Dilma Rousseff à boca do palco. Um palco armado também para que Dilma, depois de um sumiço de dez dias, ressurgisse triunfante, cavalgando o pré-sal. Serra não pretendia participar da cerimônia. Deixou-se convencer por Lula, num jantar ocorrido na noite de domingo (30). O governador de São Paulo fora ao Alvorada junto com os colegas do Rio, Sérgio Cabral, e do Espírito Santo, Paulo Hartung. Os três foram a Lula para evitar que o governo bulisse na repartição dos royalties pago aos Estados produtores de petróleo. Foram bem sucedidos. Ao término do jantar, Lula encareceu aos governadores que comparecessem à pajelança do pré-sal. Eles aquiesceram. A julgar pelas caras e bocas que fez durante a discurseira, Serra deve ter sido tomado pelo arrependimento. Viu-se no centro de uma arapuca. À saída da cerimônia, o presidenciável tucano disse meia dúzia de palavras. Condenou a pressa do governo. Nenhuma palavra em defesa de FHC.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

CÃOZINHO

Discursava na tribuna, sexta-feira passada, o senador Pedro Simon (PMDB-RS), lembrando que a grande obra de José Sarney como presidente do Senado tinha sido anunciada esses dias: será a reforma material do recinto do plenário, onde se realizam as sessões daquela casa.

E eu concluo agora, por esse fato, que, diante de tanta sujeira em “sua” casa, José Sarney vai trocar o sofá da sala.

No discurso, Pedro Simon também recordou que algum tempo atrás o senador Gérson Camata (PMDB-ES) sugeriu em plenário que fosse acrescentado ao regimento interno do Senado que os senadores poderiam discursar e apartear dispensados do paletó e da gravata.

Simon foi contra.

E teve razão: não podiam ter extinto o uso de gravata e paletó. Se o fizessem, hoje, nos escombros morais que restam no Senado, só sobrariam intactos as gravatas e os paletós.

O Jornal Nacional noticiou esses dias um fato estarrecedor: carros roubados apreendidos no dia ou no dia seguinte, quando em perfeito estado de conservação, eram depenados pelos PMs que deveriam recolher os veículos para as delegacias.

Pegavam os carros nos locais deixados pelos ladrões e furtavam todos os seus acessórios ou suas peças mais valiosas.

Ou seja, as vítimas dos carros roubados escapavam patrimonialmente ilesas dos ladrões, mas eram furtadas pelos policiais militares.

Este acontecimento é sintomático dos dias que correm no Brasil: quem vê os senadores se locupletando sente-se autorizado também a praticar fuzarcas morais.

E me ofereceram uma fotografia de um cão que fica o dia inteiro à porta da Câmara de Vereadores de uma certa cidade no RS.

Fiquei sabendo que, incrivelmente, aos sábados e domingos, o cãozinho não fica à porta da Câmara, não sei por que instinto ele sabe que a Câmara não funciona.

Mas, de segunda a sexta-feira, o cachorrinho não sai da frente do prédio da Câmara, de dia e de noite, do início ao fim do expediente.

Se fosse no Senado, já teriam arranjado para colocá-lo na folha de pagamento. E, pelo horário que cumpre, com direito a hora extra.


domingo, 23 de agosto de 2009

FHC x LULA

Recebi email de um amigo que é Procurador da Fazenda Nacional. Repito as palavras dele, com as quais concordo: “Com o objetivo de comparar algumas coisas interessantes (e não apenas desgraças) segue a mensagem abaixo. Não conferi as fontes, mas a maioria dos números bate com o que é notoriamente conhecido…”

A comparação entre 4 anos do governo Lula e 8 anos do governo FHC:

Número de policiais federais:
Lula: 11 mil
FHC: 5 mil

Operações da PF contra a corrupção, crime organizado, lavagem de dinheiro etc.:
Lula- 183
FHC- 20

Prisões efetuadas:
Lula: 2.971
FHC: 54

Criação de empregos:
Lula: 6 milhões (4 milhões com carteira assinada)
FHC: 700 mil

Média anual de empregos gerados :
Lula: 1,14 milhão
FHC: 87,5 mil

Média mensal de empregos gerados:
Lula: 95 mil
FHC: 87 mil

Taxa de desemprego nas regiões metropolitanas:
Lula: 8,3%
FHC: 11,7%

Desemprego em SP:
Lula: 16,9%
FHC: 19,0%

Exportações (em dólares):
Lula: 118,3 bilhões
FHC: 60,4 bilhões

Balança comercial (em dólares):
Lula: 103,3 bilhões
FHC: – 8,4 bilhões

Transações correntes (em dólares):
Lula: 30,1 bilhões
FHC: – 186,2 bilhões

A comparação entre 4 anos do governo Lula e 8 anos do governo FHC:

Risco-país:
Lula: 204
FHC: 2.400
* No governo Lula, o país atingiu o patamar mais baixo da história.

Inflação:
Lula: 2,8%
FHC: 12,53%

Dívida com o FMI (em dólares):
Lula: dívida paga
FHC: 14,7 bilhões

Dívida com o Clube de Paris (em dólares):
Lula: dívida paga
FHC: 5 bilhões

Dívida pública:
Lula: 34,2%
FHC: 35,3%

Dívida externa:
Lula: 2,41%
FHC:12,45%

Investimento em desenvolvimento (em reais):
Lula: 47,1 bilhões
FHC: 38,2 bilhões

Empréstimo para habitação (em reais):
Lula: 4,5 bilhões
FHC: 1,7 bilhões

PIB:
Lula: 2,6% ao ano (até 2005)
FHC: 2,3% ao ano

Crescimento industrial:
Lula: 3,77%
* O lucro líquido das grandes empresas com ações em Bolsa quase triplicou nos três anos e meio de governo de Luiz Inácio Lula da Silva em relação ao período da segunda gestão de Fernando Henrique Cardoso, de 1999 a 2002. Folha de S. Paulo (20/08/2006)
FHC: 1,94%

Produção de bens duráveis:
Lula: 11,8%
FHC: 2,4%

Lembrando: comparação entre 4 anos do governo Lula e 8 anos do governo FHC:

Aumento na produção de veículos:
Lula: 2,4%
FHC: 1,8%

Crédito para a agricultura familiar:
Lula: 6,1%
FHC: 2,4%

Crescimento real do salário mínimo:
Lula: 25,3%
FHC: 20,6%
* Ganho real de 25,7% em três anos

Valor do salário mínimo em dólares:
Lula: 152
FHC: 55

Poder de compra do salário mínimo em relação à cesta básica:
Lula: 2,2 cestas básicas
FHC: 1,3 cesta básica

Aumento do custo da cesta básica:
Lula: 15,6%
FHC: 81,6%

Índice de Desigualdade social:
Lula: 0,559
FHC: 0,573

Participação dos mais pobres na renda:
Lula: 15,2%
FHC: 14,4%

Número de pobres:
Lula: 33,57%
FHC: 34,34%

Número de miseráveis:
Lula: 25,08%
FHC: 26,23%

Transferência de renda (em reais):
Lula: 7,1 bilhões
FHC: 2,3 bilhões

Média por família:
Lula: 70 reais
FHC: 25 reais

Atendidos pelo programa Saúde da Família:
Lula: 43,4%
FHC: 30,4%

Atendidos pelo programa Brasil Sorridente (atendimento odontológico):
Lula: 33,7%
FHC: 17,5%
* 15 milhões de brasileiros foram pela primeira vez ao dentista.

Mortalidade infantil indígena (por 1000 habitantes):
Lula: 21,6
FHC: 55,7

Número de turistas que vêm ao Brasil:
Lula: 4,6 milhões
FHC: 3,8 milhões

Pró-jovem – estudo subsidiado
Lula: 93 mil (18 a 24 anos)
FHC: …
* 100 reais por mês de subsídio a cada estudante

Bolsa Família
Lula: 11,1 milhões de famílias
FHC: …
* Educação e subsídio alimentar

Incremento no acesso a água no semi-árido nordestino
Lula: 762 mil pessoas e 152 mil cisternas
FHC: zero

Distribuição de leite no semi-árido (sistema pequeno produtor)
Lula: 3,3 milhões de brasileiros
FHC: zero

Áreas ambientais preservadas
Lula: incremento de 19,6 milhões de hectares (2003 a 2006)
Do ano de 1500 até 2002: 40 milhões de hectares

Apoio à agricultura familiar
Lula: 7,5 bilhões (safra 2005/2006)
FHC: 2,5 bilhões (último ano de governo)
* O governo Lula investirá 10 bilhões na safra 2006/2007

Compra de terras para Reforma Agrária
Lula: 2,7 bilhões (2003 a 2005)
FHC: 1,1 bilhão (1999 a 2002)

Investimento do BNDES em micro e pequenas empresas:
Lula: 14,99 bilhões
FHC: 8,3 bilhões

Investimentos em alimentação escolar:
Lula: 1 bilhão
FHC: 848 milhões

Investimento anual em saúde básica:
Lula: 1,5 bilhão
FHC: 155 milhões

Equipes do Programa Saúde da Família:
Lula: 21.609
FHC: 16.698

População atendida pelo Prog. Saúde da Família:
Lula: 70 milhões
FHC: 55 milhões

Porcentagem da população atendida pelo Programa Saúde da Família:
Lula: 39,7%
FHC: 31,9%

Pacientes com HIV positivo atendidos pela rede pública de saúde:
Lula: 151 mil
FHC: 119 mil

Juros:
Lula: 16%
FHC: 25%

BOVESPA
Lula: 35,2 mil pontos
FHC: 11,2 mil pontos

Dívida externa:
Lula: 165 bilhões
FHC: 210 bilhões

Desemprego no país:
Lula: 9,6%
FHC: 12,2%

Dívida/PIB:
Lula: 51%
FHC: 57,5%

Eletrificação Rural
Lula: 3.000.000 de pessoas
FHC: 2.700 pessoas

Livros gratuitos para o Ensino Médio
Lula: 7 milhões
FHC: zero

Geração de Energia Elétrica
Lula: 1.567 empreendimentos em operação, gerando 95.744.495 kW de potência. Está prevista para os próximos anos uma adição de 26.967.987 kW na capacidade de geração do País, proveniente dos 65 empreendimentos atualmente em construção e mais 516 outorgadas.
FHC: APAGÃO

* Entre os anos de 2000 a 2005, as ações da Polícia Federal no combate ao crime cresceram 815%. Durante o governo do presidente Lula, a Polícia
Federal realizou 183 operações e 2.961 prisões? Uma média de 987 presos por ano. Já nos dois últimos anos do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, foram realizadas apenas 20 operações, com a prisão de 54 pessoas, ou seja, uma média de 27 capturas por ano.

Fontes: IBGE, IBGE/Pnad (Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar – desde 1994); ANEEL; Bovespa; CNI; CIESP; Ministérios Federais e Agências Reg.; SUS; CES/FGV; jornais FSP, O Globo e O Estado;

sábado, 22 de agosto de 2009

FIM DO POÇO

Fim do poço, do túnel, da rosca...

O Senado da República viveu o seu dia mais vergonhoso, no ápice da crise que domina aquela casa legislativa.

Votava-se na Comissão de Ética e Decoro Parlamentar as representações contra os senadores José Sarney (PMDB-AP) e Arthur Virgílio (PSDB-AM), sendo que os senadores do PT eram o fiel da balança, para o lado que pendessem, esse seria o vencedor.

Incrivelmente, um senador do PT leu em meio ao encaminhamento da votação uma nota oficial em que o partido, na voz de seu presidente, o deputado federal Ricardo Berzoini (não vão acreditar os meus leitores), se manifestou da seguinte maneira-síntese: “A favor da admissibilidade da representação contra Sarney, mas a bancada votava contra”.

Nunca se viu nada igual. Era o achincalhamento do Senado e do PT, este último monitorado pelo Palácio do Planalto, com vistas à sucessão, de mãos dadas com Sarney.

E com Collor.

Por outro lado, a oposição viveu o máximo de seu constrangimento: ao mesmo tempo em que pregava a votação contra Sarney, tinha um dos seus maiores líderes, sem dúvida o maior, senador Arthur Virgílio também indiciado por quebra da ética.

Ou seja, como a oposição se sentia com Sarney, seu inimigo, e Virgílio, seu ás, sentados no mesmo banco dos réus, a desmentir a célebre sentença de Shakespeare de que não cabem quatro nádegas no mesmo trono?

O resultado só podia ser o esperado: Sarney e Virgílio foram inocentados de deslizes éticos indesmentíveis, o senador oposicionista acusado inclusive de ter dispensado um funcionário do seu gabinete para morar (estudar) no Exterior, às expensas do erário público.

Para o Partido dos Trabalhadores, foi ontem o pior dia. Além dessa trapalhada ininteligível de dialética hermafrodita na inacreditável nota oficial lida em plenário, anunciou-se a saída do partido da senadora Marina Silva, agora à procura de legenda, depois de 30 anos servindo admiravelmente à agremiação.

Para o Senado, outro pior dia, entre tantos dias piores que vem vivendo sob a execração do povo brasileiro.

O Senado espia envergonhado e amedrontado lá do fundo do poço.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

FATOR MARINA

A migração da senadora Marina Silva do PT para o PV e a possibilidade cada vez mais real de se lançar no jogo pesado da eleição à Presidência da Republica, em 2010, provocou uma turbulência inesperada no processo eleitoral que, antecipado no tempo, andava enfadonho demais. A decisão de Marina é um fato de importância na agenda real do País. Ao contrário, por exemplo, do emprego que o senador José Sarney intermediou para o namorado da neta dele, que se tornou denúncia de destaque na bandeira de hipocrisia da oposição.

Que papel a eventual candidatura da senadora Marina Silva pode representar no tabuleiro político? Há uma montanha de suposições sendo feitas sobre as chances eleitorais dela. Há também, bem defronte, uma montanha de problemas. Há quem acredite que, ao entrar na disputa, ela quebraria o caráter plebiscitário da eleição que os eventuais candidatos tucanos – menos Aécio e mais Serra – temem. Mas, se ela não tiver fôlego, o que parece mais provável, o plebiscito se daria no segundo turno inapelavelmente. A presença de Marina, muito provavelmente, acabará com as possíveis candidaturas alternativas da ex-senadora Heloísa Helena e do senador Cristovam Buarque. Esse, praticamente, já se ofereceu como vice.

Para o PSOL, seria uma temeridade. Heloisa Helena mantém um bom porcentual de intenção de voto nas pesquisas pré-eleitorais. Mesmo que o número míngüe, na reta final da disputa, como já aconteceu, a presença dela garantirá palanque para eleger, por menor que seja, uma bancada do partido no Congresso. Sem ela, o PSOL no Parlamento pode desaparecer.

As alianças partidárias seriam fundamentais para a senadora ganhar visibilidade. O Partido Verde dispõe de algo em torno de um minuto. O PV também não dispõe de uma base organizacional no País. Tem poucos vereadores, alguns prefeitos e nenhum governador. Carecerá também de recursos. Marina não aceitará trabalhar com caixa 2 por mais que o deputado Fernando Gabeira e o vereador Alfredo Sirkis, no Rio, tenham disposição para isso. Oferta de dinheiro não deve faltar, com a finalidade de impulsionar a candidatura, na suposição de que a petista Dilma seja afetada.

A candidatura presidencial do PV desmonta o único palanque possível que o governador José Serra tenta montar no Rio de Janeiro com o apoio, relutante, do deputado Fernando Gabeira, que, por sinal, já tem acordo firmado com o DEM. Aí já dá para avaliar certos impactos nefastos na trajetória transparente da carreira política de Marina. Será possível vê-la no palanque ao lado do ex-prefeito Cesar Maia? Para ele seria bom. E para ela? Marina não pode perder o sorriso, mesmo que mantenha o ar de mistério de Mona Lisa, ao discurso de encantador da elite brasileira e de seus porta-vozes a respeito dela. Subitamente desapareceu o preconceito que se cultivava contra Marina Osmarina da Silva Vaz de Lima, aquela militante nortista, acriana, alfabetizada a partir dos 15 anos. Pelos embates que travou nos “cinco anos, cinco meses e catorze dias” (ela memorizou o tempo) que passou no comando do Ministério do Meio Ambiente, é de supor que tenha perdido a visão ingênua do poder. Mas, ainda bem, não a ponto de esquecer as utopias sem as quais, efetivamente, a vida se torna corriqueira do princípio ao fim. Mas as utopias são sempre muito difíceis e demoradas de ser alcançadas pelo caminho do processo eleitoral. Lula, por exemplo, já sabe disso.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

SOLIDARIEDADE

Mauricio Dias, na excelente coluna “Rosa dos Ventos” da Carta Capital que está nas bancas, traz a reportagem “O Reino da Dinamarca – talvez a CPI da Petrobrás tenha de revolver o passado do rei Fernando Henrique”.

Trata-se de pormenorizada descrição dos favores que a Petrobrás do rei Fernando Henrique prestava.

Como se sabe, Mino Carta uma vez propôs um concurso – “quem é o maior Tartufo brasileiro?” -, e Fernando Henrique ganhou fácil.

Fernando Henrique e a Petrobrás eram particularmente generosos com D. Ruth Cardoso e sua obra, o Comunidade Solidária.

D. Ruth demonstrou uma sistemática incapacidade de prestar contas convincentes dos milhões de reais que recebeu da Petrobrás.

Luciana Cardoso, filha do rei, também recebeu “trabalho remunerado” pela Petrobrás.

Rodolpho Cardoso de Oliveira recebeu inúmeros repasses da Petrobrás e num dos papéis das transações contábeis há observação feita à mão: “Primo de FHC”.

Arthur “caso de psiquiatra” Virgilio foi tosquiar e saiu tosquiado. Das denúncias que bateram no Conselho de Ética do Senado, a única que sobrevive é a contra ele.

Essa CPI da Petrobrás, que pretende desequilibrar o presidente Lula e tomar o pré-sal para os que contratam FHC a US$ 50 mil por palestra (fora o jatinho) pode bater na D. Ruth.

Vai ser um Deus nos acuda.

Como se sabe, os demo-tucanos são muito chics e a Evita deles é a D. Ruth …

***

Pergunta sem licitação:

Aquela lona invisível sobre o plenário do Senado foi comprada pelo maior preço ou roubada do circo?