segunda-feira, 27 de abril de 2009

BENDITOS FRUTOS

Pensei muito antes de oferecer aos meus leitores minha conclusão sobre o caso de filhos do presidente do Paraguai gerados, espuriamente, enquanto ele vestia o manto episcopal.

As mães foram amantes de Lugo antes do seu desligamento do vínculo canônico, ou seja, antes de ele abandonar a Igreja.

E o interessante é que, enquanto Fernando Lugo foi bispo, nenhuma das suas amantes denunciou-o pelas práticas profanas.

Só foram denunciá-lo depois que ele envergou a faixa presidencial.

Em suma, essas três mulheres que têm filhos com Lugo, mais outras três que ameaçam botar a boca no trombone, enfim, dezenas que ainda podem vir a denunciar o presidente por sua prolífica concupiscência enquanto clérigo, indubitavelmente comungaram voto de silêncio sobre a trama lúbrica.

Mal o bispo se tornou presidente, passaram a assanhar-se para apontá-lo como pai de seus filhos.

Antes, elas se envergonhavam de ter tido conúbio com um bispo – o que diriam seus parentes e conhecidos?

Agora que Fernando Lugo foi sagrado presidente da República, passaram a se orgulhar de terem se abrigado sob sua batina.

Hipócritas, cevaram em sigilo o corpo do bispo ardiloso durante todo o seu mandato clerical.

Saíram correndo no rumo dos holofotes da imprensa logo que o bispo se livrou das ordens sacras e se tornou o primeiro mandatário nacional.

Aproveitadoras. Pode até ter-lhes passado pela cabeça o sonho delirante de reviverem a paixão proibida e virem a se tornar primeira-dama.

Última dama escondida enquanto se refestelavam na escuridão da Cúria, primeira-dama ostensiva, declarada e presunçosa no palácio presidencial.

Mas se o ex-bispo era assim tão envolvente e sedutor, como elas só agora ousam confessar, na presidência da República terá muito mais condições de dar vazão às suas afrodisíacas pretensões.

Se o presidente do Paraguai se inspirar nas farras mordômicas a que julgam ter direito determinados estamentos públicos, há de dar um jeito para que o erário federal pague as dezenas de pensões alimentícias que seu destemperado furor lascivo tenha acarretado.

Na verdade, a proibição sacerdotal, a julgar pelos bilhões de dólares que a Igreja Católica pagou de indenização no mundo pelos excessos de pedofilia de muitos de seus membros, encerra apenas um vedação matrimonial, o exercício sexual fica veladamente liberado.

Porque é muito mais fácil proibir o vínculo matrimonial aos sacerdotes quanto é quase impossível proibir a demência erótica.

Quando o bispo Fernando Lugo iniciava seu sermões com a expressão “meus filhos”, como Galvão Bueno saúda no seu “bem, amigos”, pensava-se que se tratava de uma força de expressão.

Nada disso, a saudação era, vê-se agora, dirigida a um público bem definido e certo, os frutos múltiplos de suas aventurescas estripulias sensuais.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

COTA DO DEFUNTO

É indefensável a farra de passagens aéreas no parlamento federal.

Um parlamento sai caro, mas só se admitem passagens aéreas pagas pelo erário quando forem usadas para o restrito uso da atividade parlamentar.

Se estiverem trabalhando, mesmo que fora de Brasília, é justo que deputados e senadores tenham as passagens custeadas pela Câmara ou pelo Senado.

Mas o que se viu foi uma farra turística de viagens pagas pelo tesouro público.

Não há justificativa para o festival de terceirização de passagens que veio à tona no Congresso Nacional.

Por que os parlamentares teriam direito a fazer o que fizeram muitos deles: mandaram seus parentes ou conhecidos viajar para a Bahia, Milão, Nova York, Miami e outras estâncias turísticas com passagens custeadas por sua cota pessoal?

Onde está o nexo, a justificativa para que esses gastos sejam pagos pelo parlamento?

Se a cota pessoal de cada parlamentar não foi excedida, isso não dá direito a que sejam estendidas mordomias para seus familiares.

Não dá direito nem ao próprio deputado ou senador para usar as passagens para viagem turística. Quanto mais para terceiros.

Mas, de todas essas excentricidades malfeitoras, a que mais causou alarma foi a acontecida com a cota de passagens de um senador já falecido, Jefferson Péres (PDT-AM).

Jefferson Péres sempre foi considerado um dos mais austeros parlamentares brasileiros. Natural que ele tivesse cuidado em efetuar gastos com passagens aéreas.

O senador, enquanto vivo, não usava a sua cota de passagens aéreas, certamente por pudor, por ética.

Quando falecido, constatou-se que estava intocável a cota de passagens a que tinha direito.

Pois o incrível aconteceu: a viúva do senador solicitou à mesa do Senado que fosse reembolsada com o valor correspondente à cota de passagens que cabia a seu marido, enquanto vivo.

E ela foi ressarcida de R$ 118 mil. Recebeu R$ 118 mil que seu marido, por imposição ética, renunciara a gastar em vida.
Evidentemente que a viúva do senador, de moto próprio, não imaginava que seu marido não gastara a cota de passagens a que tinha direito.

Ela foi certamente alertada por alguém da mesa do Senado. E foi inspirada a solicitar o solerte benefício.

Este escândalo ganhou forma como o mais alarmante entre todos que sobressaíram nesta festa das passagens aéreas no Congresso.

Temos, então, que a memória do senador Jefferson Péres foi ofendida com o pagamento de passagens aéreas que não usara.

Se já soava com estardalhaço o escândalo de que parlamentares usavam sua cota de passagens para custear viagens de parentes, conhecidos, artistas, ao Exterior ou a estâncias turísticas nacionais, imaginem a que clímax de gastança e exploração dos cofres públicos chegou a demasia espúria quando se soube que um defunto tinha direito à cota de passagens.

E mais: o defunto não usara sua cota de passagens por pudicícia. Mas era concedida à sua viúva uma contraindenização póstera por sua ética, numa lógica obtusa incomparável.

O senador Jefferson Péres deve estar se revirando no túmulo.

E o Senado perde com esse ato toda a respeitabilidade que lhe era devida pelos eleitores.

Alguns parlamentares alegam que esta campanha da imprensa contra o parlamento visa a desmoralizar a entidade e enfraquecer a democracia.

Pelo contrário, visa a fortalecer o parlamento e a democracia ao advertir que são incompatíveis com ele estas imoralidades assustadoras.

terça-feira, 21 de abril de 2009

O Farol de Alexandria (FHC) e seus chanceleres Lampreia, Lafer e o Barbosa achavam que sabiam o que os Estados Unidos pensavam de Lula.

A tradução que eles faziam para a imprensa golpista (SP+Globo) era: a Casa Branca e o Departamento de Estado contavam a eles e só a eles que o Bush e a Condi achavam o Lula um esquerdóide, aliado das Farc, do Morales, do Correa, do Noriega, do Chávez e do Fidel.

Eles formavam um “aparelho” perigosíssimo.

Eles diziam que Lula não enganava os americanos, porque só eles sabiam o que os americanos pensavam de Lula e do Brasil.

Assim, os editorialistas do Estadão e os “colonistas” da imprensa golpista espinafravam a política externa “terceiro-mundista e anti-americana” do Itamaraty.

Bush os desmoralizou.

A relação amistosa de Bush e Lula refletia uma ligação política que parecia óbvia, menos aos tucanos: o Brasil poderia desempenhar o papel de broker das relações de Cuba e de Chávez com os Estados Unidos.

Elegeu-se Obama, que, pouco a pouco, se torna o Lúcifer da elite branca brasileira e seus porta-vozes na imprensa de SP + Globo.

John Sweeny, presidente da central sindical americana, a AFL-CIO, não entrava na Casa Branca há muito tempo.

Hoje, entra. Sweeny é há muitos anos companheiro de Lula.

Metalúrgico, ele pode ser o broker das relações do Governo Obama com os trabalhadores da indústria automobilística em crise.

Obama tinha acabado de tomar posse. Lula tinha uma reunião com ele na Casa Branca às 11H. Às 10H, Lula foi visitar Sweeny e Obama, em seguida, soube disso. Antes, só na Europa pegava bem um líder político ser amigo de líder sindical. Agora, nos Estados Unidos, também …

Lula é o único líder político que tem essa carta na Casa Branca: ser amigo do Sweeny.

Na cúpula das Américas, em Trinidad-Tobago, ficou claro o papel que a diplomacia brasileira representa: reaproximar os Estados Unidos da América Latina, e Cuba e Chávez dos Estados Unidos. Lula é o cara. O que fazer?

Para FHC, o Farol de Alexandria, aquele que iluminava a Antiguidade e se extinguiu num terremoto, o jeito é cortar os pulsos de inveja (a inveja é sábia – corrói o invejoso por dentro, já dizia a sabedoria popular…).

Para a imprensa SP+G e os três “chanceleres” tucanos, o jeito é espinafrar o Obama, e fazer como o Limbaugh: chamar ele de comunistinha, que não sabe o que é bom o Estados Unidos.

Os editorialistas do Estadão estão em crise …

Para os tucanos, a saída é denunciar a corrupção deslavada, pela voz de Paulo Renato de Souza, já que Serra não ousa dizer nada: O Sivam; a pasta rosa do Banco Econômico; o “isso vai dar ‘m…’” da privatização dos telefones; a compra de votos no Congresso para a re-eleição; a compra de ambulâncias superfaturadas; o superfaturamento no Rodoanel (também conhecido como “Robanel do Tunganos”); as doações da Camargo Corrêa aos tucanos; o mensalão tucano de Minas; a contribuição de José Eduardo Vieira à campanha de Fernando Henrique; e o “abafa” na apuração da conta secreta que Sergio Motta teria aberto em Luxemburgo para os cardeais tucanos.

Os tucanos também podem reabrir a caixa dos arqueólogos, tirar o anticomunismo lá de dentro e tentar provar que a Dilma ia sequestrar o Delfim. (Putz! Vocês viram que fabricaram uma ficha terrorista para a Dilma.).

A situação dos tucanos ficou feia. Nem a bandeira do “despreparado” que conduziu o Brasil ao anti-americanismo cola mais.

O “despreparado” (assim como a elite chama Obama de “inexperiente”) era para se contrapôr ao “iluminado, ao “preparado” Fernando Henrique, e, por extensão, ao Zé Pedágio, ao “economista competente” (não é uma coisa nem outra). Nem isso mais. Os tucanos vão ter que cantar um tango argentino…

Em tempo: Foi muito divertido assistir ao jornal nacional de ontem e ver a cara do Renato Machado, depois que o Fernando Silva Pinto contou que Chávez deu “As Veias Abertas da América Latina”, de Eduardo Galeano, de presente a Obama. Uma careta. Depreendi que Machado preferia que o presente fosse aquele livro do Fernando Henrique sobre a escravidão no sul do Brasil. (Faoro diz que nunca houve escravidão no sul …) Na primeira edição, Fernando Henrique confessa que usou o método marxista de análise da realidade. Depois, numa entrevista a Mino Carta, se corrigiu: não, isso eu tirei na segunda edição …

segunda-feira, 13 de abril de 2009

INVESTIGADO E “QUERIDO”.

Protógenes é nome grego. Significa o primeiro nascido, o primogênito.

O Protógenes mais famoso era pintor. Viveu na Grécia. Sua obra sobreviveu apenas nos relatos históricos. Não há uma mísera peça que possa ser vista ou apalpada.

A Polícia Federal esforça-se para dar ao delegado homônimo um destino análogo.

Tenta-se apagar da Satiagraha os traços da primeira fase, chefiada por Protógenes.

Convertido em investigado, o ex-investigador vive a sua tragédia particular.

O “tragikós”, para os gregos, carrega conotação e simbolismo grandiosos.

No sentido grego, tragédia é arte, espetáculo. Gira em torno do infortúnio do herói. Um vencedor que, no auge da glória, experimenta uma súbita alteração de destino. Na visão consagrada por Aristóteles, a tragédia deve conduzir à catarse da platéia. Submetida a situações dramáticas a audiência oscila entre o terror e a piedade.

É precisamente o que ocorre com Protógenes Queiroz.

Para a PF, um vilão prestes a ser punido. Para a maioria do público, um injustiçado.

Súbito, os políticos farejaram no Protógenes brasileiro uma máquina de votos.

É cortejado pelo PSOL, um ex-PT que ainda não chegou à chave do cofre.

Acarinha-o também o PDT, o ex-trabalhismo que já chegou às cercanias das arcas.

Nesta segunda (13), a coluna de Monica Bérgamo traz, na Folha de São Paulo, uma nota sintomática.

Revela que Protógenes escorrega do drama grego para uma tragédia bem brasileira.

Sob o título “Massa de Pão”, a coluna anota:

Do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, da Força Sindical, comparando as críticas feitas ao delegado Protógenes Queiroz, que ele apoia, às denúncias que sofreu no ano passado:

“A situação do Protógenes é como a minha: quanto mais falam, mais as coisas para ele melhoram”. O parlamentar quer atrair o policial para se candidatar a deputado por seu partido.

Dias atrás, Protógenes declarou que há “um clamor” popular em favor de sua candidatura.

O delegado tem razão. Daí o tratamento de “querido” que vem recebendo.

Na bica de ser excluído dos quadros da PF, Protógenes começa a ser rodeado por “políticos” aos quais, como delegado, ele talvez tivesse de dar voz de prisão.

Aceitando o assédio, Protógenes ganha o semblante de um bezerro indefeso.

Em tempo:

“Tinha uma vigilância contra mim. Tinha um monitoramento quase que diário dos meus deslocamentos." Protógenes Queiroz, delegado da PF afirmando, em depoimento na CPI dos Grampos, que foi espionado por um emissário de Daniel Dantas.

sábado, 4 de abril de 2009

LULA É O CARA!

Alguns dos meus 21 e-leitores, de vez em quando se manifestam através de e-mail, blog ou pessoalmente contrariando os elogios que faço ao governo Lula. Mas fiquei muito feliz em saber que um cara quase tão famoso quanto eu disse: “LULA É O CARA!” (Vocês viram a foto do Lula ao lado da rainha Elizabeth II no Palácio de Buckingham.)

Acredito, portanto que não estou errado quando o elogio.

Lula ao lado da rainha, não mais junto aos demais....vééiio !!!!

Isso me lembrou que há muitos anos quando Álvaro Dias era candidato a Governador e fui a Foz do Iguaçu com meu amigo Wadis da Silva para conferir seus comícios em uma noite qualquer. Estávamos no auditório do Rafain para encontro com empresários.

Assim que terminou o encontro, saí do auditório e fui ao banheiro. Álvaro e Sergio Spada chegaram logo depois. Vi um assessor bater a porta do lado de fora. Ninguém entrava, ninguém saía. Ficamos os três trancados no banheiro. Temi que os dois começassem a trocar confidências. Estratégias que decidiram guerras foram articuladas em banheiros. Poderia ouvir o que não devia, mas só escutei algo como: foi bom, foi muito bom, foi bem bom. Estavam satisfeitos com a performance diante dos empresários e políticos regionais. Fui reconhecido por Sergio Spada, que falou meu nome em voz alta. Identificado como amigo do Wadis, temia ser visto como penetra, como bisbilhoteiro de banheiro. Poderia estar ali de tocaia à espera dos dois.

Saí na frente, sem tanta pressa para não dar a entender que estava fugindo, mas nem tão devagar que sugerisse que pretendia ficar. Preferia ver Álvaro, no Bairro São Francisco.

Num encontro do porte deste de Londres, o presidente de um país emergente como o Brasil poderia ser o penetra num banheiro com Obama, Sarkozy, Gordon Brown. Mas Lula estava lá, fazendo xixi ao lado dos líderes mundiais no Palácio de Buckingham e sendo reconhecido como um igual. Obama disse que Lula é o cara, o político mais popular do planeta. O presidente se desconcertou, tirou os óculos, esfregou um lenço nas lentes e ganhou tempo para dizer algo e disse. O vídeo que correu mundo não permite que se ouça o que ele respondeu para Obama.

Lula ficou bem de fatiota e agora posa ao lado da rainha.

E ainda vamos emprestar ao FMI, ao contrário de FHC-PSDB.

* * *

QUE CRISE!!!!
Segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), foram emplacados no mês 410.623 automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus e motos no país. Isso significa uma alta de 34,13% nestes veículos na comparação com fevereiro, quando foram emplacadas 306.131 unidades. Em relação a março de 2008 (383.339 veículos novos vendidos), a alta foi de 7,11%.

Isso explica por que Lula é o cara.

* * *

Enquanto isso a cada dia o Congresso dá novas provas de como é pródigo em criar inutilidades. A instituição de uma bancada brazuca aprovada pelo Senado é o exemplo mais recente. Soa no mínimo inoportuno falar em aumentar a representação de um Congresso marcado pela baixa produtividade.

O argumento para abrir mais sete vagas é simplista. O objetivo seria representar os brasileiros residentes no Exterior, um total de 3 milhões de desgarrados.

O problema é o baixo poder atrativo da proposta. Há apenas 133.825 imigrantes aptos a votar no Exterior, cuja participação eleitoral é restrita à escolha do presidente da República.

Se nem essa opção atrai a comunidade brasileira no Exterior, imagina qual seria o estímulo para eleger um deputado. A única serventia da proposta do senador Cristovam Buarque foi a de reacender o debate sobre a representatividade congressual.

Há uma série de distorções, heranças do regime militar, que geraram disparidades para obter maioria no Congresso. Estados do Norte e do Nordeste, menos populosos, têm uma presença desproporcional em relação aos do Sul e Sudeste. Mas isso só se corrige com uma ampla reforma política, um assunto sobre o qual todo mundo, todo político gosta de opinar mas, na prática, poucos têm interesse em resolver.

Ou seja, em vez de buscar soluções para problemas históricos, deputados e senadores criam novos empregos para seus pares.

VIVA O BRASIL!!!!