segunda-feira, 25 de maio de 2009

POÇO SEM FUNDO

De volta a Brasília, depois da viagem que fez à Arábia Saudita, China e Turquia, Lula aproveitou o final de semana para inteirar-se das novidades petroleiras.

Conversou com um ministro e um assessor. Disse a ambos que não aceita barganhar cargos com o PMDB em troca da fidelidade do “aliado” na CPI da Petrobras. Chamou pelo nome as insinuações que os peemedebistas penduraram nas manchetes: “Isso é chantagem”. Abespinhado, Lula afirmou que, se esse for o preço do PMDB, não tem a mais remota intenção de pagar.

Responsável pela indicação dos três nomes que representarão o PMDB na CPI, o líder Renan Calheiros (AL) empurrou as escolhas com barriga na semana passada. Em privado, disse que aguardaria a chegada de Lula. Quer conversar com ele antes de entregar a lista de nomes ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).

Renan nega, de pés juntos, que o PMDB esteja reivindicando o reforço de suas posições na Petrobras. Em movimento simultâneo, senadores do grupo de Renan espalham que o partido deseja a cadeira do petista Guilherme Estrella, que vem a ser o diretor de Exploração e Produção da Petrobras. É, por assim dizer, o homem do pré-sal.

Assim funciona o PMDB de Renan: lança mão de estratagemas para obter seus subterfúgios.

Insinua a pretensão por um cargo que, de antemão, sabe que não vai obter. E acaba obtendo algo que parecia não pretender.

A CPI da Petrobras avançou no Senado com a providencial ajuda do PMDB de Renan, que não moveu uma palha para impedi-la. Agora, Renan vai a Lula para mostrar-se útil. De saída, sugere acomodar no posto de relator da CPI o líder de Lula na Casa, Romero Jucá (PMDB-RR). Simultaneamente, vende a idéia de que a presidência da comissão seja entregue a um oposicionista ameno: ACM Jr. (DEM-BA). Com isso, amarra o PSDB. O tucanato reivindicava o posto para um tucano carbonário: Álvaro Dias (PR). Mas vê-se compelido a aceitar a opção ‘demo’.

A oposição briga para que a CPI seja instalada amanhã, quinta-feira (28). Hoje, o diretor Guilherme ‘Pré-sal’ Estrella desfilará pelo Legislativo. Por sorte, vai à Câmara, não ao Senado. Junto com outros dois diretores da Petrobras – Maria das Graças Foster (Gás e Energia) e Paulo Roberto Costa (Abastecimento) – Estrella vai a Comissão de Desenvolvimento Econômico onde discorrerá sobre o plano estratégico de negócios da Petrobras para os próximos anos.

A audiência é um retrato do aparelhamento político a que foi submetida a Petrobras. Estrella e Maria das Graças integram a cota do PT. Paulo Roberto foi indicado pelo PP. Apadrinhou-o, veja você, o ex-deputado mensaleiro José Janene (PP-PR). O PMDB também tem um par de nomes pendurados no organograma da Petrobras. Não vão à Câmara porque não lhes cabe lidar diretamente com o plano de negócios da estatal. São eles: Jorge Luiz Zelada (diretoria Internacional), homem do deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ)...

...E Sérgio Machado (presidente da Transpetro), um ex-senador do Ceará, unha e cutícula com Renan.

Daí a irritação de Lula com o apetite desmedido do sócio majoritário de seu consórcio partidário.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

LISTA

Ameaça brotar da cartola mágica dos políticos uma novidade revolucionária: o voto em lista para vereador e deputado.

Nem sei como será o modelo que caracterizará o voto em lista, ninguém sabe. O que se sabe é que o voto de um só eleitor poderá significar a eleição de cinco, 10, 15 candidatos. O eleitor votará numa lista, não votará mais em um só candidato.

Se o remédio para a atual falta de credibilidade do Congresso é o eleitor escolher uma das listas apresentadas por todos os partidos, então que se permita que o próprio eleitor escolha os nomes que vão compor a lista e não os partidos como se pretende.

Eleição democrática compreende que se colha nas urnas a vontade do eleitor. Mas a vontade direta, não indireta.

Pretendendo-se que um só eleitor possa colaborar para eleger os diversos candidatos de uma lista partidária, haverá a distorção de que ele, o eleitor, venha a eleger candidatos que não têm a sua aprovação.

E pretendendo-se dar ao eleitor a faculdade de eleger diversos candidatos, como pretende o exótico sistema de lista, por que então não dar-se ao eleitor o poder de vontade de apontar na cédula todos os diversos candidatos da sua preferência entre todos os partidos – e não os candidatos da preferência do partido, como pretende a insólita modificação?

O que é inadmissível é que da urnas surja uma vontade que não é a do eleitor.

Quer-se substituir a vontade do eleitor pela vontade dos partidos. Ou seja, no plano que está sendo urdido, serão eleitos pelo voto do eleitor aqueles candidatos melhor situados na lista, indicados em ordem de preferência pelo partido cuja lista o eleitor vai escolher.

Eu não tenho dúvida de que, se implantado esse esdrúxulo sistema de representação eleitoral que atenta contra os nossos costumes, ele não resistirá a uma só legislatura.

Porque hoje, mal ou bem, se há desilusão com a política e com os legislativos, a responsabilidade é atribuída, em última análise, aos eleitores, que foram afinal aqueles que apontaram os candidatos nas eleições.

Enquanto que, no sistema que pretendem erigir, será eximida dos eleitores a responsabilidade pelas crises, o eleitor dirá que preferia um só candidato da lista e acabou elegendo a lista toda.

A repulsa ao sistema, quando sobrevier uma crise política de credibilidade como a que estamos vivendo, será não apenas pulsante como hoje se verifica, se tornará furiosa.

Porque o eleitor se considerará logrado pelo sistema.

Além desses prejuízos, a falta de ventilação dos quadros eletivos virará uma mixórdia: os deputados e vereadores eleitos na última eleição terão que obrigatoriamente figurar na dianteira da lista de candidatos para a eleição seguinte, impedindo violentamente a renovação dos quadros.

Surgir um novo valor na representação parlamentar será praticamente impossível, constituindo-se para sempre os parlamentos de figuras manjadas.

Mas será que não haveria uma outra fórmula menos extravagante, excêntrica e desigual para vencer esta atual e profunda crise política?

VOCAÇÃO

O Estadão tem uma vocação irrefreável para proteger os advogados de Dantas e perseguir os que querem prendê-lo. É uma fraqueza, essa do Estadão.

Dantas e o Estadão se referem à denúncia do Ministério Público contra o ínclito delegado Protógenes Queiroz.

Já demonstramos que nem o jornal nacional nem o Ministério Público destruiu a essência da Satiagraha: as provas são legais e a ajuda da ABIN também é legal.

O Estadão e Daniel Dantas se baseiam na hipótese de a Operação Satiagraha se destruir por si própria, com a deúncia (não comprovada) de que a Globo participou da Operação Satiagraha, como responsável pela gravação. Muito simples.

A fita de vídeo em que o agente de Dantas, o Chicaroni, aparece no restaurante TranVia no ato de passar bola em nome de Dantas é uma prova secundária. O vídeo é o de menos.

Há outras maneiras de garantir a integridade da Operação:
1 – Os R$ 800 mil com o Chicaroni: para que eram? Para apostar na Mega Sena em nome do Dantas, já que o Dantas detesta respeitar filas?

2 – O primeiro depoimento em que Chicaroni confessa que foi contratado por Dantas. Depois, com o tempo, Chicaroni se afinou e passou a dizer tudo o que ajudasse a salvar a pele da Dantas. Estranho, não caro e-leitor? Por que essa mudança de atitude?

3 – E ainda tem o áudio da conversa de Chicaroni com os que receberiam a “bola” em nome de Dantas.

Se o Juiz da instância superior rejeitar o vídeo como prova, o Ministério Público joga o vídeo fora e o devolve aos arquivos da Polícia Federal (ou da Globo).

Não será por isso que Dantas deixará de ser condenado.
Tem gente que diz que há um “conluio”, um “consórcio” entre a Polícia Federal e o Ministério Público. Essas expressões, em sentido pejorativo, se empregam quando a Polícia e o Ministério Público tentam botar rico, branco, de olho azul na cadeia. E, agora, como é que fica o “consórcio” depois de o Ministério Público pedir o indiciamento do ínclito delegado Protógenes Queiroz ?

Mas vamos raciocinar um pouquinho:
Se o Daniel Dantas, mandou comprar um Delegado da Polícia Federal, com U$ 1 milhão, quanto será que o sistema Dantas de comunicação está ”disponibilizando” para angariar tantos ”apoios” das famiglias Marinho, Frias, Mesquita, Civita, Saad, dos âncoras, dos comentaristas, dos jornalistas, editores, apresentadores, chefes de reportagens, advogados ilustres, juízes, procuradores, deputados, senadores, ministros dos supremos, desembargadores, corregedores, delegados, promotores,...
Meu Deus, vamos traduzir isso em números?

Agora, a vocação do Estadão, é outro tipo de voca$$$ão…

sábado, 2 de maio de 2009

QUE PAÍS É ESSE ?

8 a 6 !

Seis juízes federais do TRF de São Paulo tentaram calar um juiz que prende criminosos do colarinho branco segundo seu melhor juízo de defensor da Lei.

Jamais se viu uma pressão tão poderosa partir de um Presidente da Suprema Corte contra um juiz de primeira instância.

Um Ministro do Supremo que trata os colegas como se fossem seus capangas, que comprometeu a credibilidade da Justiça no Brasil e se confere o direito de telefonar a uma governadora de estado para defender, de novo!!!, Daniel Dantas !!!

Que país é esse ?

O que queria Gilmar (e) Dantas?

Humilhar e subjugar de forma irremediável a justiça de primeira instância?

Remeter as causas dos brancos e ricos, de olhos azuis às instâncias em que tem “facilidades”?

Submeter e fechar as varas que combatem o crime do colarinho branco?

Consumar um Golpe de Estado de Direita, com a mão de gato da imprensa de SP + Globo?

Julgar juiz que condena rico por “indisciplina”?

Prender rico é uma fria?

Amedrontar os juízes de primeira instância ?

Felizmente, por um triz, o Supremo Presidente não enforcou De Sanctis.

Parece que Ele manda no Tribunal Regional de São Paulo menos do que Ele pensava.

Um juiz, De Sanctis, que decidiu segundo seu melhor juízo.

O Supremo Presidente do Supremo perseguiu um juiz que tem uma carreira de que os brasileiros se orgulham.

Por que o Supremo Presidente, ao contrário, não vai às ruas, como sugeriu Joaquim Barbosa, e testa como os brasileiros o respeitam?

Onde já se viu um Presidente da Corte Suprema perseguir um juiz de primeira instância com a ferocidade que Gilmar “Dantas” dedica a Fausto de Sanctis?

Nem tudo está perdido.

É uma vergonha para o Brasil que um juiz como De Sanctis tenha que se submeter ao que ele já se submeteu.

De Sanctis teve que se submeter a uma CPI de Amigos de Dantas, em que o Presidente da CPI foi financiado pelo sócio de Dantas.

Um juiz que teve que depor como réu num processo sobre um grampo sem áudio.

Cadê o áudio, Ministro Gilmar? Cadê o áudio, Dr. Luiz Fernando Corrêa, o senhor que é acusado de torturar uma mulher, cadê o áudio, Dr. Corrêa?

De Sanctis sofreu a pressão do próprio Tribunal Regional Federal de SP, que queria “promovê-lo”, para que não julgasse Dantas.

Um juiz que sofreu a pressão de três policiais federais, que, no dia em que decretou a prisão de Dantas, foram ao gabinete dele tentar demove-lo.

Que país é esse ? Que democracia é essa ?

Paulo Lacerda foi degolado por Gilmar Dantas e Nelson Jobim, por causa de um grampo sem áudio.

Protógenes Queiroz, o ínclito delegado, também degolado por esse Golpe de Estado de Direita.

Sobraram Joaquim Barbosa, De Sanctis e o Ministério Público Federal.

Até que Gilmar “Dantas” feche, como pretende, o Ministério Publico Federal.

Gilmar foi derrotado.

Ele perdeu uma batalha, mas não a guerra.

Ele vai voltar para cima de quem tentar prender brancos, ricos, de olhos azuis.

Aí, ele é implacável.

De Sanctis se salvou.

E o Brasil se rejubila.

E cumprimenta esse homem de coragem: Fausto de Sanctis

sexta-feira, 1 de maio de 2009

IRONIZANDO (só assim mesmo).

Vou meter minha colher na discussão sobre a conveniência da administração privada no interior dos presídios.

E vou opinar junto com os novos penitenciaristas: sou contra a privatização dos presídios.

Como é que posso ser a favor da privatização, se é proibido fumar nos presídios privados?

Isso é um atentado à liberdade dos presos. O certo é o que acontece atualmente: os presos têm liberdade para fumar tabaco, para fumar crack e maconha, para cheirar cocaína e heroína. Isso é o que é certo.

Além disso, como posso ser a favor da privatização dos presídios, se com ela os presos são obrigados a estudar?

Isso é um absurdo. Preso não foi feito para estudar.

Além disso, os presídios privados carregam a tremenda desvantagem de que os presos são obrigados a trabalhar.

Está errado. O preso tem direito ao ócio.

Como disse há poucos dias um dos novos penitenciaristas, preso trabalhando é semiescravidão. É irrazoável obrigar o preso a trabalhar.

Além do que, por cada dia trabalhado, o preso cumpre a pena de dois dias. Esse é um privilégio monstruoso. O preso acabará, quando trabalha, cumprindo, assim, somente a metade da pena.

Sou contra os presídios privados, sou contra preso estudando dentro das cadeias, sou contra preso trabalhando em minifábricas dentro das cadeias.

Sou a favor do sistema atual, em que os presídios são fábricas, mas fábricas de aperfeiçoamento dos criminosos no crime.

O desaforo dos presídios privados: obrigam os presos a trabalhar e a estudar. De onde é que tiraram esta loucura?

Ontem, um dos novos penitenciaristas saiu-se com esta: ele é contra os presídios privados porque eles trazem consigo uma limitação, não pode exceder em um preso sequer a capacidade do presídio.

Se a capacidade do presídio privado é de 400 presos, diz o camarada, e se quiser colocar lá mais um preso, ou seja, 401, não pode. Está errado, escreveu o novo penitenciarista. O certo é colocar lá 401, 402, 601, 602, 3 mil presos.

Estão certos os novos penitenciaristas, a regra para os presídios privados tem de ser a mesma dos presídios públicos, tem de superlotar, tem de abarrotar, tem de sair preso pelo ladrão, tem de haver igualdade entre os dois sistemas. Que magnífica sacada!

Ou seja, os novos penitenciaristas pregam o que é certo: a superlotação dos presídios.

Também sou contra a privatização dos presídios.

Outra coisa: nas cadeias públicas, o índice de reincidência criminal dos presos que são soltos é de 75%. Ou seja, três quartos dos presos que são libertados voltam a delinquir.

Enquanto que nos presídios privados o índice de reincidência é de apenas 7%. Dez vezes menos presos dos presídios privados voltam a cometer crimes.

Sou contra os presídios privados, onde já se viu, desse jeito, com os presos dos presídios privados se regenerando, daqui uns tempos não haverá mais presos. E o que vai se fazer com as verbas carcerárias, desaparecerão?

E o que vai ser dos concursados do serviço penitenciário público, únicos que podem tocar nos presos, segundo os novos penitenciaristas?

Sou contra.


É preciso manter os presos delinquindo depois de soltos, é necessário que os presos se entreguem ao ócio e à vagabundagem, nada de trabalhar dentro dos presídios, têm só de estuprar os outros presos, matar os outros presos, aterrorizar os outros presos, como acontece atualmente no regime público de administração do interior dos presídios.

Sou contra os presídios privados.


Essa ideia de presídios privados só cabe em cérebros de tolos.