quarta-feira, 25 de junho de 2008

NOSSA FOLHA - 25 JUN 2008

O EXÉRCITO E AS ELEIÇÕES

O título do O Globo (sexta, 20, página 14) é “A guerra do Rio – Exército ainda ocupa o Morro da Providência”. O texto começa assim: “apesar de a Justiça Federal ter determinado a retirada do Exército do Morro da Providência, os militares permaneceram na comunidade durante todo o dia de ontem”. (19/06)

O Globo ignora um procedimento judicial elementar, que é o recurso e a União recorreu. Direito que a Constituição assegura a todo brasileiro.

A histeria da Globo com a morte dos três jovens do Morro da Providência não tem nada a ver com os jovens, com o Morro da Providência, nem com o papel constitucional do Exército.

O problema da Globo é: os programas sociais destinados ao pobre e a audiência da Globo, afinal as obras do Morro da Providência fazem parte de um programa do senador Marcelo Crivella, que é da base do Governo e ligado à Igreja Universal.

O líder da Igreja Universal é o Bispo Edir Macedo, dono da TV Record.

A audiência da Globo está em queda e a percentagem da Globo na receita publicitária cresce menos que a da Record. Acabou o monopólio da Globo, por coincidência, no Governo Lula. Agora os filhos do Roberto Marinho vão ter que trabalhar pela primeira vez na vida.

E, ao contrário do que acontecia nos governos de FHC, Sarney e dos militares, a Viúva não tem como dar uma “mãozinha” à Globo. A Globo vai ter que ficar de pé com as próprias pernas.

A eleição para a prefeitura do Rio é apenas um capítulo da batalha da Globo pela sobrevivência como detentora do monopólio da indústria da televisão no Brasil.
A sopa acabou. É só subir no Morro da Providência e ver quantos lares assistem às duas Bianca Rinaldi ou A Favorita.


No Bom (?) Dia Brasil de 2ª (23), a propósito do Zimbábue e da ditadura Mugabe, Renato Machado proferiu o mais completo discurso colonialista, desde quando o Governo brasileiro e a elite branca defendiam a política de ultra-mar de Portugal e o apartheid na África do Sul.
Machado disse o seguinte: “O Zimbábue e a ditadura Mugabe são a prova de que o nacionalismo E A INDEPENDÊNCIA da África não deram certo. Um sonho que não deu certo !”
Em nenhum outro lugar do mundo um âncora de uma rede aberta de televisão (aberta, portanto, uma concessão !) teria o direito de defender o regime colonial na África - impunemente.
Pois, no Brasil, isso é possível. A Globo pode tudo. Por que o Ministério das Comunicações não adverte a Globo ? Por que o Ministério da Justiça não interpela a Globo ?
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A sonda Phoenix, da NASA, encontrou gelo em Marte. Se o robô espacial encontrar um pé-frio por lá, já sabemos de quem é.

terça-feira, 17 de junho de 2008

NOSSA FOLHA - 18 JUN 2008

Banco 24 Horas.

As notícias mais impactantes do cotidiano brasileiro continuam vindo de dentro das prisões.

E todas elas ligadas ao mais estreito de interesses entre presos e carcereiros.

Na Bahia, foram descobertos na cela de um preso R$ 280 mil em notas de R$ 50.

Os legalistas dirão que não é proibido a qualquer pessoa que visite um presídio que porte qualquer importância em dinheiro.
Um presídio não é país estrangeiro. Lembro a proibição fiscal de que nenhum brasileiro pode transportar em viagem internacional mais de R$ 10.000, sem declarar à Receita Federal. Para visitar um presídio ou ingressar nele como preso, não há limite.

No entanto, estranha que um preso mantenha em seu poder na sua cela a quantia de R$ 280 mil.

Como os presos neste Brasil não têm qualquer atividade produtiva, fruto de que seria este dinheiro?

Evidentemente que fruto de crime.

E mais: crime cometido no presídio com resultado da ação fora dos limites da casa prisional.

Assaltos, seqüestros, tráfico de drogas, ocorridos nas ruas e planejado e comandado pelo preso que portava a fortuna em sua cela.

Disse a notícia que o prisioneiro usava a quantia escondida em sua cela para emprestar dinheiro a juros dentro da prisão, talvez também fora dela. Ou seja, era mantida dentro do presídio uma entidade financeira.

Tenho a curiosidade para saber se a cela milionária funcionava com limite de horário, como acontece com os bancos - presumo que se tratava de uma agência de Banco 24 horas.

E também me intriga que a quantia lá escondida possa ser fruto de depósitos dos outros presos, que descontavam cheques periodicamente junto ao guardião da bolada.

Esse fato revela que são tão grandes a autonomia e exclusividade de gestão dos próprios presos no interior dos presídios brasileiros que eles começam a agir como sociedade organizada, criando serviços lá dentro que só seriam admitidos fora dos limites da prisão.

O comércio de rádios, televisores, celulares, alimentos, é feito por eles mesmos, ainda mais depois que o cigarro deixou de ser a moeda de troca dentro dos presídios para dar lugar à própria moeda nacional.

Sem falar no comércio do sexo. A televisão transmitiu um diálogo entre um preso no celular e um agente de tráfico de pedofilia, que oferecia uma menina de menos de 10 anos para ser trazida de fora do presídio até a cela do pedófilo. E fecharam o negócio.

Monstruoso. Revoltante.

Como é que passaram estes R$ 280 mil e esta pobre menina pelas portas desses dois presídios?

Não é difícil imaginar que foi gasto muito dinheiro para estas manobras.

E é evidente que a superioridade financeira de alguns presos sobre os agentes públicos que deveriam controlá-los é tanta que se estabelece um ambiente propício ao suborno dos agentes. O que em última análise mostra que quem manda na maioria das prisões são os presos - e sua força deriva de seu poder financeiro.

É muito difícil da sociedade brasileira e de seus governos entenderem que não há nenhuma chance de se diminuir a criminalidade das ruas enquanto não se criarem condições para presídios seguros, habitáveis e bem policiados que impeçam o avanço da criminalidade que ocorre dentro deles.

Sobre o dinheirão encontrado na cela, afinal um presídio não é nos dias de hoje o lugar mais seguro para se guardar dinheiro?

quarta-feira, 11 de junho de 2008

COLUNA "NOSSA FOLHA" - 11 JUN 2008

Assalto à mão gravada.

As gravações telefônicas estão presidindo o metabolismo da política gaúcha.Pela conversa gravada entre o vice-governador Paulo Feijó e o chefe da Casa Civil, Cézar Busatto, a opinião pública ficou sabendo de algo que já desconfiava: os partidos políticos se alimentam de dinheiro público para sobreviverem administrativa e eleitoralmente.E se supõe verossímil que, neste rodamoinho do dinheiro público que vai se despejar sobre os caixas partidários, no trajeto muito desse dinheiro vai parar nos bolsos dos políticos corruptos. Mais uma vez, entre todos os escândalos, fica evidenciado que na origem da corrupção nos negócios públicos está o subvencionamento dos partidos.Todos desconfiávamos ou já sabíamos.

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E no placar político: PSDB 2 x 1 PT:

Pelo PT, José Dirceu (mensalão).
Pelo PSDB, José Serra (Alstom) e Yeda Crusius (Detran).

O futebol brasileiro continua representando o Brasil que deu certo. Lamente-se, também, as vozes que se erguem no parlamento nacional contra hipotéticos desmandos do futebol, nos intervalos em que não estão, aos cochichos, tramando mensalões, vampirismos e outras roubalheiras que cobrem de nojo a sociedade brasileira.

Chega desse jogo!

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Dilma Rousseff se tornou o maior alvo da disputa política em curso no país. O mistério, contudo, é de onde vem a artilharia. Para a ministra, as acusações envolvendo o dossiê tucano e a venda da Varig partem da oposição, de fogo "inimigo", como disse. Mas muita gente no PT quer puxar o tapete de Dilma, ungida por Lula para sua sucessão em 2010. As manobras têm por base a independência de Dilma. Sem vínculo com a burocracia do partido, e tendo em Lula um cabo eleitoral de luxo, ela estaria livre para construir um governo sem interferências petistas. A própria Dilma admite que a escolha do candidato não terá no PT um dos principais protagonistas.

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A nova novela das oito da Globo, A Favorita, de João Emanuel Carneiro, já começa mal. Ela apresenta um personagem, composto pelo ator negro Milton Gonçalves, que já mostra que as preferências políticas e ideológicas da Globo continuarão sendo imbutidas ao público. Gonçalves fará um político corrupto que alardeia sua origem pobre (quem será que políticos com origem pobre lembram?) para ganhar apoio do eleitorado.

O personagem do ator Milton Gonçalves em “A Favorita”, nova novela das oito da Globo, é filiado a um partido de sigla “FDB”. Lembra FDP...

terça-feira, 3 de junho de 2008

COLUNA DO DIA 04 JUN 08 - NOSSA FOLHA

Na semana que passou um leitor, anônimo infelizmente, deixou o seguinte comentário no meu blog: “cara, e o dia que acabar a teta? recomendo que não distorça tanto as matérias e vá conhecer a região amazônica antes de falar tanta m... (impublicável) e vai ver que tem muito político com áreas enormes e daí?”

Como resposta: “Amigo anônimo: Primeiramente agradeço seu acesso ao Blog. É direito seu ter opinião diferente da minha.Mas minhas opinões são identificadas e não utilizo palavras sinônimas de excrementos animais. Não conheço a Amazônia pessoalmente assim como você. Mas pretendo conhecê-la antes que desapareça ou seja
dominada por "forças ocultas". Continue acessando e deixando seus comentários.”

E para terminar a série “Amazonas” repasso um texto que segundo consta é de autoria do Senador Cristóvam Buarque. Mas é como o dossiê dos cartões: não importa quem é o autor mas seu conteúdo.
Durante debate em uma universidade, nos Estados Unidos, o ex-governador do DF, ex-ministro da Educação e atual senador CRISTÓVAM BUARQUE, foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazônia. O jovem americano introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um Humanista e não de um brasileiro.


Esta foi à resposta do Sr. Cristóvam Buarque:

"De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso.
Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a humanidade.
Se a Amazônia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro.
O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço.
Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país.
Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação. Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo.
O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural Amazônico, ser manipulado e instruído pelo gosto de um proprietário ou de um país.
Não faz muito, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele, um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado. Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua historia do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.
Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maiores do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.
Defendo a idéia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola.
Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro. Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa. "Só nossa!."”