segunda-feira, 31 de maio de 2010

CADÊ O MOTE

Claro que a vaga de vice é um problema para a campanha do pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra. Mas encontrar o discurso parece ser um problema ainda maior.
Até agora não existe um mote, uma ideia que sintetize a candidatura e que faça o grosso do eleitorado entender a razão de optar por ela.
Serra oscila entre maior e menor agressividade direta contra Dilma Rousseff e o PT, quase sempre poupando Lula. Há ataques a Lula, mas são cifrados demais para o grosso do eleitorado.

Alguns exemplos para não cansar. Insinuar que não teria boa relação com ditadores, porque Lula tem. Não lotear os cargos, porque com ele seria diferente, não teria essa coisa de ceder à fisiologia. Neste exemplo, o próprio Serra se esquece das boas relações que manteve e mantém com José Roberto Arruda e democratas, tucanos e peemedebistas que não ficam nada a dever à turma da pesada que apoia Lula.

Mas o que importa é que ele tenta ferir Lula. Discretamente, repita-se. Motivo: boa parte dos que hoje optam pelo tucano avalia bem o governo do presidente. Seria suicídio político brigar de frente com o petista. Resta, portanto, bater no PT e em Dilma. Mais à frente, virá a chamada tentativa de desconstrução. Em outras palavras, ataques mais duros à pré-candidata do PT. Simultaneamente, fará um discurso doce para tentar mostrar a suposta superioridade no quesito preparo para governar. Mas, de novo, a pergunta: qual é o mote?

Dilma tem o seu: continuar a obra de Lula, de fácil compreensão para a maioria dos eleitores.

Sem discurso, começam a bater o desespero e o destempero no próprio candidato. E, aí, ocorrem ataques como o desferido contra a Bolívia. Ninguém entendeu a razão.
Especulação: pode ser uma tentativa de construir um discurso mais linha dura em relação à segurança pública, um dos temas de maior preocupação do eleitorado. O risco é soar meio malufista. Existe indício nesse sentido: o violento comportamento da Polícia Militar de São Paulo hoje em dia.

A PM paulista está matando mais, de acordo com dados do primeiro trimestre deste ano comparados com a mesma época do ano passado. Nesse período, em que Serra governava o Estado, cresceram 40% as chamadas ocorrências em que há resistência seguida de morte.

Falar mais duro em relação ao combate às drogas pode atrair uma fatia do eleitorado. No entanto, numa primeira avaliação, parece estreito para virar um discurso de campanha eficiente a fim de derrotar a candidata de um presidente com popularidade recorde.

***
Em tempo:
Dunga não tirou a mão do bolso na passagem por Brasília, pois sabia exatamente onde estava.

POBRE PENSA

Como em toda “tribo”, há na política o culto e o vivido. O primeiro sabe o que o estudo lhe permitiu saber. O segundo sabe muito mais. Que o diga Lula. Nesta segunda (31), o presidente pousou no Rio. Como de hábito, falou muito. Em cada sílaba, uma lição.


Falou de “mobilidade urbana” num fórum promovido por uma empresa. A certa altura, pôs-se a discorrer sobre os acertos de seu governo e os equívocos do mundo à sua volta. Disse que, a despeito da “imbecilidade” de certos economistas, provou que o país pode crescer a taxas vigorosas: "Nós aprendemos a gostar da estabilidade, do controle da inflação, da distribuição de renda. Acabamos com o PIB potencial, que era uma imbecilidade de alguns economistas, que achavam que o país não podia crescer mais de 3%. Aprendemos que é gostoso crescer 4%, 5%, 6%. Não queremos crescer demais porque não queremos ser sanfona, vai a 10% e volta. Queremos crescimento sustentável que dure 10, 15 anos".

Declarou que, se os países ricos estão desnorteados com a crise, deveriam desembarcar no Brasil, para tomar lições:

"Se o mundo desenvolvido tem dúvida sobre o que fazer, vivia nos dando lição de moral, devia agora, com humildade, vir aprender a fazer política econômica, a combinar controle de inflação com distribuição de renda".

Afirmou que o país se livrou de um lero-lero encontradiço na era militar: a tese de que era preciso, primeiro, esperar o bolo crescer para, só depois, dividir. “Sempre aparecia um engraçadinho para comer o bolo antes, e para o pobre só sobrava migalha".

Tratou de trazer à conversa o nome de José Serra, o rival tucano de sua pupila Dilma Rousseff. Recordou a ordem que deu ao Banco do Brasil para que comprasse a Nossa Caixa, instituição que, sob Serra, o governo paulista decidiu vender. “Disseram que o BB não deveria comprar a Nossa Caixa para não dar dinheiro para o Serra, eu respondi: Eu não estou preocupado, o BB tem que ser o maior".

Fez pouco do poder de influência da mídia: “O povo brasileiro ficou mais sério, tá mais esperto, tá mais inteligente. Não acredita na mentirada que ele ouve e que ele vê todo santo dia. Teve um tempo que se criou no Brasil o tal de formador de opinião publica. Ele cantava na televisão e o pobre, lá embaixo, fazia. Agora não. Agora, pobre pensa pela sua cabeça, anda pelos seus pés, enxerga com os seus olhos e vê claramente o que está acontecendo neste país.”

Além de prestigiar o encontro da “mobilidade”, Lula foi à inauguração de uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento de Saúde). O presidente moveu-se de helicóptero. Saboreou a vista, como informaria depois, em mais um discurso.

"Hoje, quando eu voei de helicóptero, nós passamos ali em Pavão-Pavãozinho e eu vi um elevador alto, bonito para fazer o povo lá de cima pegar o metrô. Certamente alguém vai olhar e vai dizer: esse [governador] Sérgio Cabral, esse Lula e esse [prefeito] Eduardo Paes são uns babacas. Em vez de gastar dinheiro em um centro de música fino, ficam fazendo elevador para pobre. Pobre tem mais é que engrossar a canela e andar".

A menção ao “centro de música fino” teve endereço. Foi uma referência à Cidade da Música. Uma obra erigida na gestão do ex-prefeito Cesar Maia (DEM). Coisa inacabada, sob investigação do Tribunal de Contas e do Ministério Público.

domingo, 23 de maio de 2010

INTERESSES DO IMPÉRIO E OS NOSSOS

Ao ler os jornalões na manhã de segunda 17, dos editoriais aos textos ditos jornalísticos, sem omitir as colunas, sobretudo as de O Globo, me atrevi a perguntar aos meus perplexos botões se Lula não seria um agente, ocidental e duplo, a serviço do Irã. Limitaram-se a responder soturnamente com uma frase de Raymundo Faoro: “A elite brasileira é entreguista”.

Entendi a mensagem.

A elite brasileira aceita com impávida resignação o papel reservado ao País há quase um século, de súdito do Império. Antes, foi de outros. Súdito por séculos, embora graúdo por causa de suas dimensões e infindas potencialidades, destacado dentro do quintal latino-americano. Mas subordinado, sempre e sempre, às vontades do mais forte.

Para citar eventos recentíssimos, me vem à mente a foto de Fernando Henrique Cardoso, postado dois degraus abaixo de Bill Clinton, que lhe apoia as mãos enormes sobre os ombros, em sinal de tolerante proteção e imponência inescapável. O americano sorri, condescendente. O brasileiro gargalha. O presidente que atrelou o Brasil ao mando neoliberal e o quebrou três vezes revela um misto de lisonja e encantamento servil. A alegria de ser notado. Admitido no clube dos senhores, por um escasso instante.

Não pretendo aqui celebrar o êxito da missão de Lula e Erdogan. Sei apenas que em país nenhum do mundo democrático um presidente disposto a buscar o caminho da paz não contaria, ao menos, com o respeito da mídia. Aqui não. Em perfeita sintonia, o jornalismo pátrio enxerga no presidente da República, um ex-metalúrgico que ousou demais, o surfista do exibicionismo, o devoto da autopromoção a beirar o ridículo. Falamos, porém, é do chefe do Estado e do governo do Brasil. Do nosso país. E a esperança da mídia é que se enrede em equívocos e desatinos.

Não há entidade, instituição, setor, capaz de representar de forma mais eficaz a elite brasileira do que a nossa mídia. Desta nata, creme do creme, ela é, de resto, o rosto explícito. E a elite brasileira fica a cada dia mais anacrônica, como a Igreja do papa Ratzinger. Recusa-se a entender que o tempo passa, ou melhor, galopa. Tudo muda, ainda que nem sempre a galope. No entanto, o partido da mídia nativa insiste nos vezos de antanho, e se arma, compacto, diante daquilo que considera risco comum. Agora, contra a continuidade de Lula por meio de Dilma.

Imaginemos o que teriam estampado os jornalões se na manhã da segunda 17, em lugar de Lula, o presidente FHC tivesse passado por Teerã? Ele, ou, se quiserem, uma neoudenista qualquer? Verifiquem os leitores as reações midiáticas à fala de Marta Suplicy a respeito de Fernando Gabeira, um dos sequestradores do embaixador dos Estados Unidos em 1969. Disse a ex-prefeita de São Paulo: por que só falam da “ex-guerrilheira” Dilma, e não dele, o sequestrador?

A pergunta é cabível, conquanto Gabeira tenha se bandeado para o outro lado enquanto Dilma está longe de se envergonhar do seu passado de resistência à ditadura, disposta a aderir a uma luta armada da qual, de fato, nunca participou ao vivo. Nada disso impede que a chamem de guerrilheira, quando não terrorista. Quanto a Gabeira, Marta não teria lhe atribuído o papel exato que de fato desempenhou, mas no sequestro esteve tão envolvido a ponto de alugar o apartamento onde o sequestrado ficaria aprisionado. E com os demais implicados foi desterrado pela ditadura.

Por que não catalogá-lo, como se faz com Dilma? Ocorre que o candidato ao governo do Rio de Janeiro perpetrou outra adesão. Ficou na oposição a Lula, primeiro alvo antes de sua candidata. Cabe outro pensamento: em qual país do mundo democrático a mídia se afinaria em torno de uma posição única ao atirar contra um único alvo? Só no Brasil, onde os profissionais do jornalismo chamam os patrões de colegas.

Até que ponto o fenômeno atual repete outros tantos do passado, ou, quem sabe, acrescenta uma pedra à construção do monumento? A verificar, no decorrer do período.

Vale, contudo, anotar o comportamento dos jornalões em relação às pesquisas eleitorais. Os números do Vox Populi e da Sensus, a exibirem, na melhor das hipóteses para os neoudenistas, um empate técnico entre candidatos, somem das manchetes para ganhar algum modesto recanto das páginas internas. Recôndito espaço.

Ao mesmo tempo Lula, pela enésima vez, é condenado sem apelação ao praticar uma política exterior independente em relação aos interesses do Império. Recomenda-se cuidado: a apelação vitoriosa ameaça vir das urnas.

By Mino Carta

(*)Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista

terça-feira, 18 de maio de 2010

NÃO VERÁS LULA NENHUM

Em linhas gerais, Luís Fernando Veríssimo disse, em artigo recente, que as gerações futuras de historiadores terão enorme dificuldade para compreender a razão de, no presente que se apresenta, um presidente da República tão popular como Luiz Inácio Lula da Silva ser alvo de uma campanha permanente de oposição e desconstrução por parte da mídia brasileira. Em suma, Veríssimo colocou em perspectiva histórica uma questão que, distante no tempo, contará com a vantagem de poder ser discutida a frio, mas nem por isso deixará de ser, talvez, o ponto de análise mais intrigante da vida política do Brasil da primeira década do século XXI.

A reação da velha mídia nativa ao acordo nuclear do Irã, costurado pelas diplomacias brasileira e turca chega a ser cômica, mas revela, antes de tudo, o despreparo da classe dirigente brasileira em interpretar o força histórica do momento e suas conseqüências para a consolidação daquilo que se anuncia, finalmente, como civilização brasileira. O claro ressentimento da velha guarda midiática com o sucesso de Lula e do ministro Celso Amorim, das Relações Exteriores, deixou de ser um fenômeno de ocasião, até então norteado por opções ideológicas, para descambar na inveja pura, quando não naquilo que sempre foi: um ódio de classe cada vez menos disfarçado, fruto de uma incompreensão histórica que só pode ser justificada pelo distanciamento dos donos da mídia em relação ao mundo real, e da disponib ilidade quase infinita de seus jornalistas para fazer, literalmente, qualquer trabalho que lhe mandarem os chefes e patrões, na vã esperança de um dia ser igual a eles.


Assim, enquanto a imprensa mundial se dedica a decodificar as engrenagens e circunstâncias que fizeram de Lula o mais importante líder mundial desse final de década, a imprensa brasileira se debate em como destituí-lo de toda glória, de reduzí-lo a um analfabeto funcional premiado pela sorte, a um manipulador de massas movido por programas de bolsas e incentivos, a um demagogo de fala mansa que esconde pretensões autoritárias disfarçadas, aqui e ali, de boas intenções populares. Tenta, portanto, converter a verdade atual em mentiras de registro, como se fosse possível enganar o futuro com notícias de jornal.

Destituídos de poder e credibilidade, os barões dessa mídia decadente e anciã se lançaram nessa missão suicida quando poderiam, simplesmente, ter se dedicado a fazer bom jornalismo, crítico e construtivo. Têm dinheiro e pessoal qualificado para tal. Ao invés disso, dedicaram-se a escrever para si mesmos, a se retroalimentar de preconceitos e maledicências, a pintarem o mundo a partir da imagem projetada pela classe média brasileira, uma gente quase que integralmente iletrada e apavorada, um exército de reginas duartes prestes a ter um ataque de nervos toda vez que um negro é admitido na universidade por meio de uma cota racial.

Ainda assim, paradoxalmente, uma massa beneficiada pelo crescimento econômico, mas escrava da própria indigência intelectual.


By Leandro Fortes

segunda-feira, 17 de maio de 2010

SENHA PARA O GOLPE

“A Senha – Mais do que qualquer outra expressão ‘abuso dos meios de comunicação’ usada pelo Ministro Marco Aurélio Mello no julgamento que multou o PT … a pena prevista é clara: cassação do registro da candidatura.”
(Coluna Painel da Folha: www.uol.com.br).

O Ministro Mello é um perigo.
Ele tem no currículo indícios de que, se puder, instala Honduras no Brasil.
Ou seja, o Supremo derruba o presidente – dentro da “lei”.

Na campanha presidencial de 2006, o presidente Lula travou muitas batalhas.
Contra o PiG (Partido da imprensa Golpista, conforme Paulo Henrique Amorim), especialmente contra a Globo, contra o Alckmin e, também, contra o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, o Ministro Mello.

Por várias vezes, o Ministro Mello ameaçou cassar a candidatura e, depois, sustar a posse do presidente Lula.

Quando Lula ganhou o segundo turno, o Ministro Mello, esse que deu a “senha”, segundo a Folha, anunciou o resultado.

Não disse que o Lula ganhou. (Na verdade, deu uma surra, 61% a 39%, como tinha dado no Serra.) Mas, sim, que, diante do número de votos a apurar, o Alckmin não podia mais ganhar. (Nunca antes na história deste País foi declarado pelo TSE o perdedor e não o vencedor).

Freud explica: “Ora, direis ouvir estrelas…”

Quem ousará cassar o presidente Lula, depois, por exemplo, dessa vitória estrondosa no Irã? (Mostrou mais uma vez por que é “o cara”)

Quem ousaria cassar o Lula?

Ele mesmo, o Ministro Mello.

Ainda mais agora que Ele, o ex-presidente Supremo do Supremo, recolheu-se à ministerial insignificância para se dedicar a processar jornalistas.

O Ministro Mello também gosta do proscênio (parte do palco a frente do cenário).

E os tucanos, pelo jeito, não tem o que temer. Podem fazer como o serrista Jutahy Magalhães, para quem “o crime compensa”

Em tempo: Estadão on line: “Dilma venceria o primeiro turno, indica pesquisa CNT/Sensus. No 2º turno, petista venceria com 41,8% dos votos, contra 40,5% do ex-governador tucano.”

by PHA



quinta-feira, 13 de maio de 2010

ARREPENDIMENTO

As campanhas eleitorais estão cada vez mais desvinculadas dos governos que se fazem, caso eleitos. Uma se orienta pelas preferências do eleitor, pelas necessidades de captar seus votos. A outra, pelos interesses reais do bloco de forças em que se apóia o candidato.

FHC anunciava que chegaria ao Brasil o Renascimento que, segundo ele, representava a globalização. Bastava controlar a inflação e estabilizar a moeda. Para isso bastava “apenas”, “virar a página do getulismo no Brasil”, substituir o desenvolvimento pelo ajuste fiscal, diminuir o tamanho do Estado, dando lugar ao mercado. Sabe-se no que deu. Nunca foi retomado o desenvolvimento econômico, o país quebrou duas vezes e duas vezes o FHC-Malan foram, de joelhos, pedir novos empréstimos ao FMI e assinaram as respectivas Cartas de Intenções, jogando o Brasil numa profunda e extensa recessão, de que só saiu no governo Lula.

Aumentaram as desigualdades e a pobreza no país, o patrimônio público foi doado a grandes empresas privadas, o Estado foi sucateado, o país virou uma combinação de Bolsa de Valores e shopping-center, com o governo FHC-Serra governando para uma minoria, da elite branca do centro-sul, somados aos caciques nordestinos. Foram rejeitados, rechaçados, derrotados. FHC saiu com baixíssimo índice de apoio, Serra foi fragorosamente derrotado por Lula, quando tentava esconder seus vínculos com o governo FHC, sem sucesso, ao defender “um continuísmo sem continuidade” (sic).

Nunca se arrependeram de nada, como atitude típica de neoliberais. Nem poderiam, porque continuam a representar o mesmo bloco de forças que se beneficiaram brutalmente das privatizações e de tantas outras benesses que FHC-Serra lhes brindaram e que financiam agora, de novo, a candidatura do-ex presidente da UNE, ex-prefeito de São Paulo, ex-governador de São Paulo – todos cargos abandonados por ele, por covardia no primeiro caso, por ambição de disputar outros cargos, nos outros. Ou FHC-Serra se arrependeram de tentar privatizar a Petrobrás, mudando o nome da empresa, para um nome “global”? De ter jogado a maioria dos trabalhadores brasileiros na precariedade, expropriando-lhes as carteiras de trabalho, com FHC declarando que o país tinham milhões de “inimpregáveis”? De ter tentado levar o Brasil a promover uma Área de Livre Comércio das Américas, que teria levado o Brasil e todo o continente à penosa e falimentar situação do México hoje, com FHC votando a favor da proposta norteamericana na reunião realizada em 2001 no Canadá? Se arrependeram de ter elevado a taxa de juros a 45% em janeiro de 1999, numa tentativa desesperada de segurar capitais em fuga, multiplicando por 11 as dividas do Estado brasileiro no final do governo FHC-Serra.
Se arrependeram de ter posto em prática uma política totalmente subserviente aos EUA e ter levado a uma eventual liquidação do Mercosul (este que Serra chama agora de “farsa”)? De FHC ter chamado os brasileiros de “preguiçosos”? De terem mudado a Constituição, com votos comprados, em pleno mandato de FHC, para ter um segundo mandato? Se arrependeram de ter destinado, fraudulentamente, recursos do governo para salvar os bancos Marka e Fonte Cindam? Se arrependeram de ter jogado o Brasil numa profunda e prolongada recessão, de ter desnacionalizado a economia, de ter promovido a hegemonia do capital financeiro no país?

Passaram-se os anos e nunca manifestaram arrependimento. O que confirma que foram, são e continuarão a ser neoliberais e repetirão essas doses cavalares de recessão, privatização, desemprego e miséria que aplicaram durante oito anos, dispondo de maioria absoluta no Congresso e de apoio unânime na mídia privada e no empresariado nacional e internacional.