As campanhas eleitorais estão cada vez mais desvinculadas dos governos que se fazem, caso eleitos. Uma se orienta pelas preferências do eleitor, pelas necessidades de captar seus votos. A outra, pelos interesses reais do bloco de forças em que se apóia o candidato.
FHC anunciava que chegaria ao Brasil o Renascimento que, segundo ele, representava a globalização. Bastava controlar a inflação e estabilizar a moeda. Para isso bastava “apenas”, “virar a página do getulismo no Brasil”, substituir o desenvolvimento pelo ajuste fiscal, diminuir o tamanho do Estado, dando lugar ao mercado. Sabe-se no que deu. Nunca foi retomado o desenvolvimento econômico, o país quebrou duas vezes e duas vezes o FHC-Malan foram, de joelhos, pedir novos empréstimos ao FMI e assinaram as respectivas Cartas de Intenções, jogando o Brasil numa profunda e extensa recessão, de que só saiu no governo Lula.
Aumentaram as desigualdades e a pobreza no país, o patrimônio público foi doado a grandes empresas privadas, o Estado foi sucateado, o país virou uma combinação de Bolsa de Valores e shopping-center, com o governo FHC-Serra governando para uma minoria, da elite branca do centro-sul, somados aos caciques nordestinos. Foram rejeitados, rechaçados, derrotados. FHC saiu com baixíssimo índice de apoio, Serra foi fragorosamente derrotado por Lula, quando tentava esconder seus vínculos com o governo FHC, sem sucesso, ao defender “um continuísmo sem continuidade” (sic).
Nunca se arrependeram de nada, como atitude típica de neoliberais. Nem poderiam, porque continuam a representar o mesmo bloco de forças que se beneficiaram brutalmente das privatizações e de tantas outras benesses que FHC-Serra lhes brindaram e que financiam agora, de novo, a candidatura do-ex presidente da UNE, ex-prefeito de São Paulo, ex-governador de São Paulo – todos cargos abandonados por ele, por covardia no primeiro caso, por ambição de disputar outros cargos, nos outros. Ou FHC-Serra se arrependeram de tentar privatizar a Petrobrás, mudando o nome da empresa, para um nome “global”? De ter jogado a maioria dos trabalhadores brasileiros na precariedade, expropriando-lhes as carteiras de trabalho, com FHC declarando que o país tinham milhões de “inimpregáveis”? De ter tentado levar o Brasil a promover uma Área de Livre Comércio das Américas, que teria levado o Brasil e todo o continente à penosa e falimentar situação do México hoje, com FHC votando a favor da proposta norteamericana na reunião realizada em 2001 no Canadá? Se arrependeram de ter elevado a taxa de juros a 45% em janeiro de 1999, numa tentativa desesperada de segurar capitais em fuga, multiplicando por 11 as dividas do Estado brasileiro no final do governo FHC-Serra.
Se arrependeram de ter posto em prática uma política totalmente subserviente aos EUA e ter levado a uma eventual liquidação do Mercosul (este que Serra chama agora de “farsa”)? De FHC ter chamado os brasileiros de “preguiçosos”? De terem mudado a Constituição, com votos comprados, em pleno mandato de FHC, para ter um segundo mandato? Se arrependeram de ter destinado, fraudulentamente, recursos do governo para salvar os bancos Marka e Fonte Cindam? Se arrependeram de ter jogado o Brasil numa profunda e prolongada recessão, de ter desnacionalizado a economia, de ter promovido a hegemonia do capital financeiro no país?
Passaram-se os anos e nunca manifestaram arrependimento. O que confirma que foram, são e continuarão a ser neoliberais e repetirão essas doses cavalares de recessão, privatização, desemprego e miséria que aplicaram durante oito anos, dispondo de maioria absoluta no Congresso e de apoio unânime na mídia privada e no empresariado nacional e internacional.
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