segunda-feira, 18 de julho de 2011

AFUNDOU...


Este ansioso blogueiro gosta muito quando o âncora da CBN, a rádio que troca a notícia, diz assim:

“Míriam, e a economia brasileira ?”
E ela responde:

“A economia brasileira  …

Viva o Brasil !

O Octavio de Barros, que, adormecido, entende mais de economia brasileira que o âncora e a urubóloga juntos e despertos, é responsável pelas pesquisas econômicas do Bradesco.

E publica nesta segunda-feira interessante artigo na pág. A14 do Valor.

“Vai mesmo faltar trabalhador no Brasil ?”


Barros responde:

“O problema não é tanto a falta de mão de obra qualificada, apesar de este ser cada vez mais um tema desafiador para o Brasil. O que falta no Brasil neste momento é pura e simplesmente mão de obra barata.”


“Os salários reais aumentaram muito, a política de salário mínimo tem sido historicamente agressiva e as políticas sociais geraram novas oportunidades para jovens e mulheres que estudam cada vez mais e adiam a entrada no mercado de trabalho.”


“Mudou o patamar salarial no Brasil.”


“Empregadas domésticas tornaram-se manicures. Manicures progrediram a vendedoras de lojas. Vendedoras de lojas tornaram-se gerentes de loja e assim por diante.”


“O que se paga hoje para um trabalhador não especializado é o que se pagava há três anos para o trabalhador qualificado.”


“… o empresário que investe está neste momento em certa medida desprezando o cenário de curto prazo de desaceleração do PIB resultante do combate à inflação e está mirando 10 anos à frente.”


“É como se as empresas tivessem um ‘departamento de investimento’ que recebe instruções do comando da organização para não olharem para a conjuntura: ‘olhem só para a frente’ !”


Ou seja, só quem dá bola para a urubóloga é o âncora da CBN.

“Miriam, e a economia brasileira ?”

“A economia brasileira se afunda !”
, diz ela.

Com a seleção do Galvão !


Paulo Henrique Amorim

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Como Dilma Fará...

O Oráculo de Delfos não é Aristóteles, mas fundou um Liceu, tantos os discípulos e idólatras.

Este ansioso blogueiro se enquadra em qualquer das categorias e teve esta semana o raro prazer de conversar com outros discípulos e idólatras, na presença do Oráculo.

Não éramos exatamente peripatéticos, porque estávamos sentados.

E nem gregos, porque tomávamos suco de goiaba.

Aqui se reproduzirão alguns conceitos e aforismos ali enunciados, sem que seja possível determinar exatamente quem disse o que: se o Mestre ou os seguidores.

- Como Dilma fará a transição do Governo Lula para o Governo dela ?

- Pode ser a consagração, mas pode dar muito errado. 

- O problema não é a transição. É o PT.

- É essa falsa opção entre PT de São Paulo e PSDB de São Paulo.

- O que torna a política nacional uma questãozinha provincial.

- O Alckmin. Você conhece o Alckmin ? Como é simplório.

- É essa a palavra.

- E o Serra ?

- Bem, esse é professor de Deus.

- Isso quando ele se dispõe a dar aula.

- O Fernando Henrique teve a intuição certa: o negócio deles é ir para classe média.

- É, mas só que eles não têm mais como se apresentar à classe média, nem ao povão. Eles ficaram com a cara da elite. E da elite de São Paulo.

- Não há mais liga entre eles e o povão. O Fernando Henrique pode saber onde fica a classe média. Mas a classe média não quer saber onde ele fica.

- Eles não têm biografia para chegar à classe média e dizer: sigam-me se forem brasileiros.

- Me diga aí uma coisa original que o Serra tenha dito em 40 anos de vida pública. Uma !

Silêncio.

Silêncio.

- Bom, tem os genéricos …

- Alto lá, isso foi do Jamil, do Jamil Haddad, do Itamar, que, coitado, morreu sem que reconhecessem o trabalho dele.

- O cara teve 40 milhões de votos, 40 milhões de votos, e não consegue ser presidente do Instituto do Partido dele.

- Dão pro Tasso.

- O Serra tem que se contentar com um Conselho, um diretório acadêmico.

- Mas, quem mandou fazer uma campanha que não tinha uma idéia ? Ele saiu da campanha de bolsa vazia – e cérebro vazio.

- Cérebro, não, esse saiu avariado com a bolinha.

- O problema é o cerco da mídia.

- A mídia é que estimula essa polarização entre PT de São Paulo e PSDB de São Paulo. É bom para ela.

- Só interessa à mídia e ao PT e PSDB de São Paulo. É uma ação entre amigos.

- Qual é a diferença entre o PT de São Paulo e o PSDB de São Paulo ?

- Qual é a diferença entre o Pagot e o Paulo Preto ?

- Não, estou falando em diferença de projeto, do que fazer pelo Brasil.

- Os tucanos de São Paulo não têm uma mísera idéia.

- E o Aécio caiu do cavalo com seis meses de exposição no palco federal.

- Era poeta estadual e a gente não sabia.

- Você sabe que tem político que se deslumbra. Que não pode ver um rico, um jatinho, adora ficar amigo dessa elite de … que tem no Brasil.

- Mas, o pior é que não eles não têm projeto. Não sabem o que fazer do Brasil.

- Estão há oito anos fora do poder e não produziram uma proposta.

- Vão ficar no moralismo da velha UDN.

- É, mas calma, porque o eleitor da Classe C, e o eleitor ainda mais pobre, ele é muito conservador, ele não quer saber de roubalheira, não, nem de impunidade.

- O eleitor cada vez exige mais. Ele está sabido como nunca.

- E não tem mais cabresto.

- Ele vai para onde quiser, vai por onde subir na vida mais rápido.

- Ele é louco por educação. E não é só educação. Ele quer se aprimorar, se aperfeiçoar.

- Tecnologia, meu querido. Dar tecnologia !

- Outra coisa, ele vai ser aliado dos governantes e exigir uma melhoria nos serviços públicos. Ele usa a saúde pública, a escola pública. Ele não tem dinheiro para plano de saúde, para escola particular. Então, meu amigo, trate de melhorar a escola, a saúde do seu município, do seu Estado.

- E não adianta ficar falando mal, dizer que está tudo errado.

- Não, senhor. Ele está vendo o progresso, ele melhorou de vida. Ele quer é ir em frente.

- Mas, e a Dilma, como vai ser a transição para o Governo dela ?

- Ela pode fazer o que quiser. Menos dar a impressão de que brigou com o Lula.

- Víííííxe !

Pano rápido.



By PHA

terça-feira, 12 de julho de 2011

LIBERDADE ... PARA MENTIR!

Naquilo que foi considerada a primeira crise política do governo Dilma Roussef, com o defenestramento de um ministro, muito se discutiu sobre moral e ética. Opiniões, as mais diversas e desencontradas, pipocaram por quase três semanas em jornais, revistas, televisões e boa parte da blogosfera.
Para uma sociedade que, pelo menos na aparência, se mostra paradoxalmente mais preocupada com a corrupção e ao mesmo tempo mais corrupta a cada dia que passa, ativa ou passivamente, não importa, a proporção do debate quase atingiu as raias do paroxismo.
Contudo, e não estamos apontando nenhuma novidade, no quesito corrupção, a volúpia acusatória tem pendido sempre mais para um lado da balança do que para outro, sendo o Partido dos Trabalhadores o alvo preferencial da mídia. Entende-se: é a luta pelo poder político, dirão muitos.
Não só, ouso dizer, é também a luta de classes. E é também o entendimento atual daquilo que muitos brasileiros conhecem ou mesmo aprenderam sobre o pensar e o fazer político. É provável que muitos até já se esqueceram, é verdade, seja pelo vazio de ideias e pela repressão causada pelo golpe de 64, seja pelo canto do cisne das políticas neoliberais dos anos 80/90 ou mesmo do emblemático desaparecimento da União Soviética, onde muitos acreditaram que uma ideologia e um modelo de organização econômico social haviam chegado ao fim.  
Lembrei-me, em meio a essas calorosas discussões sobre ética e moral, da leitura que fiz já há alguns bons anos de um livro intitulado “Marxismo e Moral”, de autoria do professor William Ash, norte americano que se mudou para a Inglaterra, cujo original foi publicado na Monthly Review Press em 1964 e editado no Brasil em 1965.  
O livro, de linguagem fluente e fácil, procura discutir os conceitos morais dentro das condições materiais em que vivemos em sociedade ou, em outras palavras, o que nos leva a emitir juízos de valores morais numa sociedade capitalista, por exemplo, como essa que nos é dado viver.  
Nos quatro longos capítulos em que procura sistematizar o seu pensamento, o autor faz referências a algumas obras e pensamentos de Marx, alguns dos quais nunca é demais lembrar. Por exemplo: “As ideias da classe dominante são, em qualquer época, as ideias predominantes”. Simples e cristalino. Só não entende quem não quer ou não se dá ao trabalho de pensar.  
Na atual situação política brasileira, a ética tem sido usada como arma de combate entre adversários políticos de quase todos os partidos, sem exceção, sendo que os representantes desses partidos, seja no âmbito federal, estadual ou mesmo municipal, em sua grande maioria, representam interesses em sua maior parte, da classe dominante, mesmo que seus programas partidários e sua militância, quando ela existe, apontem noutra direção.
  Contudo, nessa troca de acusações, muitas delas sem provas, o que tem vergonhosamente caracterizado uma quebra do princípio jurídico da inocência presumida, a quase totalidade da imprensa tem – sempre que pode – tentado fazer a balança pender para um dos lados.
Diz William Ash em sua obra acima citada: “Os moralistas que se identificam com uma classe que tenha desfrutado o poder e é ameaçada pelas bases têm uma compreensível tendência para ressaltar a obediência ou o dever como de primordial significação ética.” 
Como já surgem indícios aqui e ali de que se torna cada vez mais tênue a linha que divide situação e a oposição no Brasil atual, pelo menos essa que coloca de um lado partidos como o PT e o PMDB, e de outro legendas como o DEM, o PSDB e o PPS, começa haver um vácuo de representatividade no país. Pergunta-se: obediência a quem? Dever para com quem?
  A reforma política adquire cada vez mais importância e urgência, pois o poder político não admite o vácuo. Em momentos de indecisões, recuos ou mesmo de reflexões para novos avanços, há sempre alguém (grupos eu diria) que se aproveita para reconquistar ou manter posições conservadoras ou mesmo inibidoras de políticas econômicas menos ortodoxas. E nisso, contam com o apoio de uma imprensa que defende a sua liberdade ou a liberdade de opinião (a sua) sempre em proveito próprio ou de grupos a quem tradicionalmente se alia.
 E nesse jogo de interesses, as ideias predominantes continuam sendo as ideias da classe dominante, dos que detêm o poder econômico, porque a liberdade por esses defendida é a liberdade de continuarem no poder a qualquer custo, mesmo que para isso usem da chantagem, da mentira, dos fatos sem comprovação, da intriga.
 Diz William Ash, lembrando Marx mais uma vez: “A ‘livre empresa’, não é senão a liberdade de explorar o trabalho dos outros. Tal como a ‘liberdade de imprensa’ é a liberdade que os capitalistas têm de comprar jornais e jornalistas no interesse de criar uma opinião pública favorável à burguesia”. 
Palavras que ainda encontram ressonância nos dias em que vivemos. A burguesia brasileira, que se formou logo ao receber da Coroa portuguesa as capitanias hereditárias, até hoje não as devolveu. E continua a agir como se estivéssemos no século XIX.
Basta acompanhar o que acontece no setor agropecuário, onde a violência tem mão única. Quantos trabalhadores rurais foram assassinados no Brasil nos últimos anos? E quantos donos de terras? Ou acompanhar a vergonhosa defesa do crime de colarinho branco pelo poder judiciário. A justiça brasileira é uma justiça de classe. E quanto à mídia? O que dizer das inúmeras denúncias irresponsáveis ou matérias fabricadas, manipuladas, para servirem a interesses particulares e não aos interesses do país?
A liberdade de opinião e a liberdade de imprensa que se defende no Brasil, essas que continuam a favorecer umas tantas “famiglias”, trazem hipócrita e cinicamente escondidas em sua defesa um único e insofismável propósito: a liberdade para mentir.


ISAIAS ALMADA

domingo, 3 de julho de 2011

4º poder

Conversadores e enroladores do corporativismo midiático, isso não é filmiinho. Vocês enganaram o povo, manchando o nosso nome com todos os tipos de falácias.
Primeiros vocês nos ignoraram; depois nos trataram como lixo social, disseram que desapareceríamos depois das eleições, que ninguém nos apóia, que somos minoria desprezível. Nos rotularam como violentos; como terroristas; também ideologicamente.
Vocês mentiram.
Conhecemos o problema de vocês. O caro quarto poder, já não tem nenhum poder sobre o povo. Agora, o único lastro de vocês é dinheiro no bolso.
Refazer o ‘jeitão’ do negócio de vocês custa caro, não é mesmo?
Exponhamos claramente o que está acontecendo: os meios de vocês são agora parte de conglomerados transnacionais, cujo supremo interesse é manter o status quo desse sistema agonizante, para continuar a ganhar dinheiro a custa de cansar o povo. Claro. Os trabalhadores do negócio de vocês já sabem disso. Ninguém acredita em vocês. A informação segue seu curso, apesar de vocês.
Enquanto brincam de criar opinião do alto de suas colunas, arrogando-se a verdade absoluta, suas calúnias e manipulações são desmascaradas e denunciadas implacavelmente – muitas vezes, ainda antes de emitidas ou publicadas –, para expor a impostura a todo o planeta.
Imaginaram que abandonaríamos o povo espanhol à estratégia óbvia de vocês, de desgastá-lo?
Vocês ainda não entenderam. Somos o mesmo povo, deixando aqui um aviso a vocês. Nós não apenas fazemos. Nós explicamos o que acontecerá. Porque depende de vocês unirem-se à mudança ou serem esquecidos por ela.
Somos os grevistas; os desempregados; os professores; os profissionais dos excluídos; as famílias sem teto; os trabalhadores ‘cortados’; os idosos esquecidos; os jovens educados, mas sem oportunidades; o trabalhador alienado; a secretária desrespeitada; os que ocupam casas desocupadas que vocês ridicularizaram; os ganhadores com consciência; os perdedores com dignidade.
Somos a chispa que desperta cada sinapse, como neurônios, que compõem hoje um só pensamento. Despertamos; invencíveis; com razão e razões.
Daremos a eles o que mais importa: nosso futuro; somos seus únicos herdeiros e donos legítimos. Não somos mercadoria na mão de ninguém.
Vocês podem continuar a mentir e a ignorar a revolução global. Vocês são irrelevantes. Dia 19 de junho o povo fez história e continuará a fazê-la. Cada vez mais países juntam-se às reivindicações do 15M, inclusive no interesse deles mesmos.
Nesse momento, as marchas cidadãs aproximam-se da capital, aumentando a cada passo.
A informação continua fluindo e não importa o que vocês façam para evitá-lo. Pretendem lutar contra a vontade humana? Pior, então, será a queda de vocês. E nossa vitória será celebremente épica. Porque a paz é nosso caminho. E não há vitória maior que vencer sem guerra.
Somos anônimos; somos legião. Não esquecemos. Não perdoamos. Esperem e verão.

quinta-feira, 31 de março de 2011

02 abril 1964


2 de abril de 1964 - Editorial de O GLOBO

“Ressurge a Democracia”

Vive a Nação dias gloriosos. Porque souberam unir-se todos os patriotas, independentemente de vinculações políticas, simpatias ou opinião sobre problemas isolados, para salvar o que é essencial: a democracia, a lei e a ordem. Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas, que obedientes a seus chefes demonstraram a falta de visão dos que tentavam destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do Governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições.Como dizíamos, no editorial de anteontem, a legalidade não poderia ser a garantia da subversão, a escora dos agitadores, o anteparo da desordem. Em nome da legalidade, não seria legítimo admitir o assassínio das instituições, como se vinha fazendo, diante da Nação horrorizada.


Agora, o Congresso dará o remédio constitucional à situação existente, para que o País continue sua marcha em direção a seu grande destino, sem que os direitos individuais sejam afetados, sem que as liberdades públicas desapareçam, sem que o poder do Estado volte a ser usado em favor da desordem, da indisciplina e de tudo aquilo que nos estava a levar à anarquia e ao comunismo.


Poderemos, desde hoje, encarar o futuro confiantemente, certos, enfim, de que todos os nossos problemas terão soluções, pois os negócios públicos não mais serão geridos com má-fé, demagogia e insensatez.


Salvos da comunização que celeremente se preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares, que os protegeram de seus inimigos. Devemos felicitar-nos porque as Forças Armadas, fiéis ao dispositivo constitucional que as obriga a defender a Pátria e a garantir os poderes constitucionais, a lei e a ordem, não confundiram a sua relevante missão com a servil obediência ao Chefe de apenas um daqueles poderes, o Executivo.


As Forças Armadas, diz o Art. 176 da Carta Magna, “são instituições permanentes, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade do Presidente da República E DENTRO DOS LIMITES DA LEI.”


No momento em que o Sr. João Goulart ignorou a hierarquia e desprezou a disciplina de um dos ramos das Forças Armadas, a Marinha de Guerra, saiu dos limites da lei, perdendo, conseqüentemente, o direito a ser considerado como um símbolo da legalidade, assim como as condições indispensáveis à Chefia da Nação e ao Comando das corporações militares. Sua presença e suas palavras na reunião realizada no Automóvel Clube, vincularam-no, definitivamente, aos adversários da democracia e da lei.


Atendendo aos anseios nacionais, de paz, tranqüilidade e progresso, impossibilitados, nos últimos tempos, pela ação subversiva orientada pelo Palácio do Planalto, as Forças Armadas chamaram a si a tarefa de restaurar a Nação na integridade de seus direitos, livrando-os do amargo fim que lhe estava reservado pelos vermelhos que haviam envolvido o Executivo Federal.


Este não foi um movimento partidário. Dele participaram todos os setores conscientes da vida política brasileira, pois a ninguém escapava o significado das manobras presidenciais. Aliaram-se os mais ilustres líderes políticos, os mais respeitados Governadores, com o mesmo intuito redentor que animou as Forças Armadas. Era a sorte da democracia no Brasil que estava em jogo.


A esses líderes civis devemos, igualmente, externar a gratidão de nosso povo. Mas, por isto que nacional, na mais ampla acepção da palavra, o movimento vitorioso não pertence a ninguém. É da Pátria, do Povo e do Regime. Não foi contra qualquer reivindicação popular, contra qualquer idéia que, enquadrada dentro dos princípios constitucionais, objetive o bem do povo e o progresso do País.


Se os banidos, para intrigarem os brasileiros com seus líderes e com os chefes militares, afirmarem o contrário, estarão mentindo, estarão, como sempre, procurando engodar as massas trabalhadoras, que não lhes devem dar ouvidos. Confiamos em que o Congresso votará, rapidamente, as medidas reclamadas para que se inicie no Brasil uma época de justiça e harmonia social. Mais uma vez, o povo brasileiro foi socorrido pela Providência Divina, que lhe permitiu superar a grave crise, sem maiores sofrimentos e luto. Sejamos dignos de tão grande favor.”


quinta-feira, 17 de março de 2011

ORÁCULO DE DELFOS

Depois de ler na Folha (*) entediante artigo do Padim Pade Cerra a favor do voto distrital, percebi que deveria haver algo de errado com o voto distrital.

Se o Cerra e o Farol de Alexandria defendem o voto distrital deve ser para acabar com a “democracia de massas”, aquela de que o Otavinho tem ojeriza e construir a “democracia de Higienópolis”, do Country Club, ou do Paulistano, onde babá tem que usar uniforme e crachá.

Resolvi me ilustrar com o sempre sábio Oráculo de Delfos.

- O voto distrital no Brasil é um sonho de uma noite de verão, meu filho, diz ele.

- Por quê ?

- Como é que você vai dividir os distritos do Amazonas ?

- Ou em São Paulo, mesmo ?

- Sim ! Me diga aí: como é que você vai dividir o ABCD em distritos ? Só se for com sangue.

- Mas, os Estados Unidos têm voto distrital e o Cerra e o Fernando Henrique acham que copiar os Estados Unidos significa “avançar”…

- Lá nos Estados Unidos a eleição para a Câmara é de dois em dois anos … uma loucura … e tem gente que se re-elege por oito mandatos …

- Ou seja, não há renovação.

- Não ! Petrifica a representação.

- Êta ! E o distrital misto, o distrital com lista ? O PT ama !

- Claro que o PT ama. É o partido do poder, é o mais conhecido.

- E vai atrair mais gente.

- O ponto não é esse. O problema da lista é que beneficia a oligarquia dos partidos. Os partidos é que escolhem quem vai se eleger.

- Mas, isso não vai fortalecer os partidos ?

- Meu filho, no Brasil não há partidos para valer. E como é que eu faço: eu quero votar no Zé da Silva, mas não quero votar no PT. Como que eu faço ?

- Hoje, se você votar no Zé da Silva você votará na coligação em que o PT estiver.

- Tudo bem. Mas, não vou votar no Joaquim Manuel que eu detesto, mas o PT quer eu eleja ele com o voto do Zé da Silva. Entendeu ?

- Entendi. E o distritão ? Dizem que ele não presta porque o patrono dele é o Francisco Dornelles, um político conservador.

- Não sei se é conservador ou modernista. O que eu sei é que é o que melhor se adapta ao Brasil.

- Por que ?

- Você elege os mais votados de um estado – o estado é o distritão. Se o Estado tem direito a 30 cadeiras, você elege os trinta mais votados. Os trinta representam a população daquele estado. É em razão da população. Nada mais democrático.

- Bom, você quer que se elejam os mais rico, os que têm os maiores financiadores…

- E hoje, como é que é ? Quem tem mais chance de se eleger: quem tiver mais dinheiro ou menos dinheiro ? Não seja ingênuo, meu filho. Dinheiro vota !

- Só com o financiamento público das campanhas, resolvo interromper.

- Não sei …, diz o Oráculo, sempre cético.

- Mas, também criticam no distritão que ele esmaga as minorias, esmaga os menos votados da coligação de hoje …

- Você quer dizer … esmaga os que não têm voto …

- Exatamente, os que não têm voto, mas estão na coligação bem votada.

- Meu filho, democracia é para quem tem voto. Quem não tem voto hoje trate de ter amanhã.

- Quem não tem voto não tem voto.

- Você está bom, hoje !

- Mas, você diz que o Brasil não tem partidos. Você quer o distritão, que acaba com as coligações partidários, ou seja, essa reunião em torno de partidos que têm idéias parecidas …

- Meu filho, não há nada mais diferente do PT do Rio Grande do Sul do que o PT do Rio Grande do Norte.

- Deve ser.

- É. Então, como é que se formam as alianças ideológicas ?

- Boa pergunta.

- O que se elege num distritão chega a Brasília e se aproxima dos que pensam como ele, em outros distritões.

- Isso tem mais legitimidade do que hoje ?

- Qual é a legitimidade de uma aliança que tem um deputado por São Paulo com três votos, eleito pelo Tiririca ?

- Você, então, caro Oráculo, não tem medo de o distritão esmagar a minoria.

- Não, meu filho.

- Por quê ?

- Porque o Brasil é uma democracia.

- Não entendi.

- Eu sei. Você é um pouco lerdo.

- Não precisa humilhar, Oráculo.

- Democracia só é democracia se a minoria puder ser a maioria de amanhã.

- Com voto.

- Sempre.

Pano rápido.

PHA

quarta-feira, 16 de março de 2011

by Leandro Fortes

Entre todas as bizarrices expostas pelo WikiLeaks, a mais interessante é a revelação, sem cerimônias, de que a Embaixada dos Estados Unidos mantinha (mantém?) uma verdadeira sucursal informal no Brasil, na qual se revezavam jornalistas (de uma só tendência, é verdade), a elaborar análises políticas – todas furadas, diga-se de passagem.

Na redação da embaixada brilharam, primeiro, os colunistas Diogo Mainardi, da Veja, e Merval Pereira, de O Globo. Segundo despacho de Arturo Valenzuela, secretário adjunto de Estado para Assuntos do Hemisfério Ocidental, em 2009, o “renomado colunista político” Mainardi, em almoço privado (?), disse que uma coluna propondo que a ex-candidata presidencial do Partido Verde (PV) e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva se tornasse candidata a vice do tucano José Serra havia nascido “de uma longa conversa” entre os dois, Serra e Mainardi, na qual o ex-governador de São Paulo afirmara que Marina seria sua “companheira de chapa dos sonhos”. De acordo com Valenzuela, Serra alinhou naquela conversa com Mainardi as mesmas vantagens que o colunista, mais tarde, iria listar em sua coluna: a história de vida e as “credenciais esquerdistas impecáveis” de Marina poderiam bater o apelo pessoal de Lula aos brasileiros pobres e colocar Dilma Rousseff em desvantagem com a esquerda. Ao mesmo tempo, a vice verde ajudaria Serra a “mitigar” sua associação com o governo de Fernando Henrique Cardoso. Mainardi ainda preconizou que, mesmo sem sair como vice, Marina poderia apoiar Serra num segundo turno contra Dilma. Também apostou que Aécio Neves iria se juntar à chapa de Serra. Um profeta, como se vê.

A mesma lengalenga Arturo Valenzuela ouviu do colunista Merval Pereira, que rememorou uma conversa tida entre ele, Merval, e Aécio Neves, um dia antes do jornalista se reportar à Embaixada dos EUA, em 21 de janeiro de 2010. Ou seja, informação quentíssima! A Merval, informou Valenzuela à Casa Branca, Aécio Neves teria dito estar “firmemente compromissado” em ajudar Serra de qualquer maneira, inclusive se juntando à chapa. Uma chapa Serra-Neves, opinou Merval Pereira ao interlocutor americano, venceria fácil. “(Merval) Pereira pessoalmente acredita que não só Neves concorreria com Serra, mas que Marina também apoiaria Serra em um segundo turno”. Outro profeta.

Agora, sabemos pelo WikiLeaks que Humberto Saccomandi, editor de notícias internacionais do jornal Valor Econômico, acompanhado do analista político Rafael Cortez, da Tendências Consultoria, também foram convocados pela sucursal da Embaixada a analisar a candidatura de Dilma, mas estes acertaram: a subida de Dilma Rousseff nas pesquisas iria favorecê-la no congresso nacional do PT, no fim de fevereiro de 2010, onde se esperava que ela anunciasse sua candidatura oficialmente.

Classificados de “críticos mais duros de Rousseff”, os jornalistas William Waack, da TV Globo, e Hélio Gurovitz, da revista Época, também foram à Embaixada dos Estados Unidos dar pitaco, mas em clima de torcida organizada pró-Serra. Waack descreveu para o Consulado Geral, em São Paulo, sua ida a um fórum de negócios do qual José Serra, Dilma Rousseff, Aécio Neves e Ciro Gomes tinham participado. A análise, não fosse surreal, é pouco mais do que rasa. “De acordo com Waack, Gomes foi o mais forte no geral, Neves o mais carismático, Serra desligado, mas claramente competente (grifo meu), e Rousseff, a menos coerente”, escreveu, à Casa Branca, o embaixador Thomas Shannon, editor-chefe da sucursal. Crítica duríssima, essa de Waack.

Helio Gurovitz, diretor da Época, foi mais adiante ao se reportar à Embaixada do EUA. Descreveu o Brasil como similar ao Chile (onde a esquerdista Michelle Bachelet perdeu a eleição para o direitista Sebastián Piñera). Argumentou que a “base social do país” se desenvolveu de maneira que esta “base” – seja lá o que for isso, o povo é que não era – preferiria alternar partidos no poder para manter continuidade (sic), em vez de manter um partido no poder no longo prazo, “com isso provocando uma guinada na direção daquele partido no espectro político”. O embaixador, creio, não entendeu nada. Mas registrou, por via das dúvidas.

Com analistas assim, não é a toa que o governo Obama se encontra na situação que está.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

SOBERANIA FUNCIONA

"A decisão da Petrobras e do governo de aumentar o índice de nacionalização de bens e serviços para o desenvolvimento da produção de petróleo e gás no pré-sal está provocando um "boom" do setor no Brasil. Operações bilionárias como as que se viu com a venda de 40% do campo Peregrino (bacia de Campos) pela chinesa Sinochem por US$ 3,04 bilhões e a entrada da Sinopec, também chinesa, no capital da Repsol Brasil, por US$ 7,1 bilhões, são apenas o lado mais visível do movimento. Com a munição proporcionada pelo plano de investimentos da Petrobras, de US$ 224 bilhões..., o número de negócios no setor bateu recordes no ano passado. Uma pesquisa da empresa de consultoria KPMG registrou 34 negócios realizados em 2010, contra apenas nove no ano anterior, um aumento 277,8%... A pesquisa detectou 19 negócios em que companhias nacionais adquiriram outras estabelecidas no Brasil. E em seis operações as brasileiras compraram empresas no exterior. Em tempo: mais realistas que o rei, os ideólogos da coalizão demotucana atacaram a regulação soberana no pré-sal, bem como a salvaguarda desenvolvimentista dos índices de nacionalização, com o argumento de que "o estatismo petista afastaria os investidores gerando ineficiencia econômica na exploração dessa riqueza'. Como se vê agora, nem de mercado eles entendem. (Carta Maior, com informações Valor)

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O caso Battisti: toma que a batata quente é tua


Carta Aberta aos magistrados brasileiros

Paira sobre Cesare Battisti o mistério que cerca sua história. Existem muitas lacunas sobre os fatos. Somos tratados como duzentos milhões de pobres coitados que temos que nos curvar diante da vontade da Itália soberana.
O caso Battisti, sua história de refugiado começa quando é acolhido na França de Mitterrand, torna-se escritor e vive em paz. A França vira à direita, a Itália pedindo a extradição e Battisti é expulso “à la française” para atender àpressão Italiana: não extradita, mas estimula “a fuga”. Dá o passaporte e os meios para a fuga. Tudo providenciado pelo serviço secreto francês que monitora a viagem. O Brasil acolhe um perseguido, como sempre fez ao longo dos tempos. A França inicia o jogo da batata quente.
Battisti é preso como tantos outros italianos perseguidos que se refugiam aqui. Os outros foram libertados. Battisti vira questão de honra e termina refém de um conflito de poderes que termina numa salada surrealista: O STF vota pela expulsão, mas devolve ao Presidente da República o poder decisório.
O Presidente da República em seu último dia de governo toma a atitude que parecia justa e a mais adequada dentro das tradições brasileiras, a de conceder refúgio aosperseguidos por razões políticas. Prerrogativa constitucional e reconhecida pelo STF, que mesmo acreditando que Battisti deveria ser extraditado devolveu o poder de decisão ao Presidente da República. O jogo da batata quente continua.
O presidente do STF puxa de novo o poder decisório para o tribunal atendendo àpressão italiana. O suspense está no ar. O Presidente Italiano manda uma carta a Presidente Dilma Rousseff pedindo a extradição. A Presidente responde que a decisão está nas mãos do STF. A Presidente Dilma devolve a batata quente ao Supremo.
A Itália, berço do direito, hoje não tem sede de justiça, mas desejo de vingança e vem transformando Cesare Battisti na fera a abater.
A Itália que quer sevingar de sua própria história (sim, o caso Battisti é um caso de vingança histórica) não é a Itália de Dante, mas a Itália que durante o pós guerra afogou-se em escândalos e conluios entre a máfia e o fascismo que destruiu partidos e dirigentes políticos em escândalos de corrupção e que levou milhares de jovens italianos ao desespero político, encontrando como única porta de saída a resistência armada. E o Brasil vem sendo fustigado, intimidado e ameaçado como se fosse uma republiqueta centenária desafiando a milenar cultura italiana.
Para os que pretendem entender aqueles tempos tumultuados da história política da Itália, recomendo assistir a “Cadáveres Ilustres” (CADAVERI ECCELLENTI – 1976), do mestre Francesco Rossi baseado em obra homônima do escritor Leonardo Sciascia. O filme aborda a crise da democracia Italiana e trata do assassinato do secretário geral do Partido Comunista Italiano. A mais pura ficção. A crise do estado italiano está ali no romance e no filme denunciando a conspiração entre políticos, magistrados e militares contra o Estado democrático.
Pouco tempo depois, a história, a de verdade, registrava a tragédia do sequestro e assassinato do democrata cristão Aldo Moro.
Este assassinato quase pôs a pique a democracia italiana. A direção da democracia cristã e a do Partido Comunista recusam-se em negociar com os ensandecidos das Brigadas Vermelhas, alegando a “defesa do Estado Democrático”,como se a vida de um homem valesse menos do que um princípio. Além da vida de Moro, o episódio custou muito caro à democracia italiana.
A podridão do ambiente político italiano culminou com a dissolução da própria Democracia Cristã e do Partido Comunista.
A crise italiana daquele período pós guerra e marcada por feridas ainda não cicatrizadas que desembarcam no governo Berlusconi o que exige uma reflexão maior e pede uma revisão histórica urgente. Não é esse nosso papel aqui. Estamos àbeira do julgamento que decidirá o futuro de um homem, o que já é muito.
Nós, os brasileiros, continuamos absolutamente desinformados sobre a história desse homem que terá seu destino determinado por um gesto nosso. E olha que ele já está preso por aqui desde 2007, tempo mais do que suficiente para mandar uma missão para investigar na Itália a verdadeira história de um julgamento cheio de lacunas e cantos escuros. Só quem desconhece a história italiana dos anos 70/80 é que compra sem reticências a versão do governo italiano.
A mídia comprou a versão italiana e publica acriticamente tudo que chega de lá. A última bazófia tornada pública foi a de que a Comunidade Européia aprovou com 86% dos votos uma moção recomendando ao Brasil que extraditasse Battisti. A realidade foi bem diferente: À sessão compareceram apenas 11% dos parlamentares, a imensa maioria, de italianos. E repercurte como se houvesse uma grande unanimidade em torno da extradição de Battisti.
Cesare Battisti foi acusado de cometer dois crimes a 400 kms de distância um do outro, com poucas horas de diferença, no mesmo dia. Ninguém foi questionar a veracidade da informação. Inexplicável mesmo é que ninguém se interesse em saber a versão de Pietro Mutti, o “capo” das Brigadas Vermelhas e principal acusador de Battisti. Onde está? O que faz hoje em dia? Os outros delatores são encontráveis, como Cavallina e o segundo principal delator se chama Sante Fatone e agora mora na Calábria. Talvez esse também possa ser encontrado.
Em sua cela na Papuda, penitenciária de Brasília, Cesare Battisti aguarda a decisão sobre seu destino que tanto poderá ser a liberdade, as ruas, o convivio com a família, amigos, a reintegração na sociedade ou a prisão até a eternidade, a liberdade ou a prisão perpétua (pena que não existe no Brasil). A realidade é bem mais dura do que a ficção, até porque Battisti não é um personagem de papel, mas de carne e osso, nervos e sentimentos.
Vejo Battisti em sua cela e viajo em tantos outros injustiçados da história: Giordano Bruno, Antonio José da Silva, o judeu, Tiradentes, o capitão Dreyfus, Sacco e Vanzetti, Ethel e Julius Rosenberg, Elise Ewert, Olga Benário.
Insisto: não estamos discutindo justiça mas vingança.
Silvio Tendler

Renan vira ‘escudo’ protetor da oposição contra o PT

Líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL) tornou-se, para o Planalto, um aliado de dois gumes.

No gogó, Renan é governista. Na prática, distancia-se do PT e faz aliança tática com os oposicionistas PSDB e DEM.

Nas próximas horas, serão rateados entre os partidos os postos de comando na Mesa diretora e nas comissões do Senado.

Em combinação com o Planalto, o petismo ergueu a tese segundo a qual a divisão das poltronas deve levar em conta os blocos partidários, não os partidos.

Se prevalecesse tal entendimento, PSDB e DEM, já alquebrados pela artilharia eleitoral de Lula, seriam humilhados pelo PT.

No comando de um bloco que inclui outros cinco partidos (PSB, PR, PRB, PCdoB e PDT), o PT desceria ao front com uma tropa de 30 senadores.

E a infantaria oposicionista, reduzida a dez tucanos e cinco ‘demos’, evoluiria do Waterloo de 2010 para uma espécie de exílio napoleônico de Santa Helena.

Renan, que dispõe da alternativa de tonificar o seu PMDB num bloco com PP e PTB, converteu seus exércitos em escudo protetor da oposição.

Para o general pemedebê, prevalecem os partidos, não os blocos. A oposição perde poder, mas livra-se da asfixia tramada pelo PT e torna-se devedora de Renan.

Pela regra da proporcionalidade, cada partido escolherá as poltronas que deseja ocupar segundo o tamanho de sua bancada.

Maior legenda do Senado, o PMDB reacomodará José Sarney (AP) na cadeira de predidente. Será a quarta presidência dele. Mais dois anos.

Ao desbancar o PSDB do posto de segunda maior bancada, o PT desalojará o tucanato da 1ª vice-presidência.

O posto será ocupado, em sistema de rodízio, por Marta Suplicy (SP) e José Pimentel (CE). Um ano para cada um. Resta definir quem vai primeiro.

O PMDB tem a prerrogativa de escolher mais uma posição na Mesa, a 2ª vice-presidência. Só então o PSDB, terceira maior bancada, fará a sua pedida.

O tucanato cairá da 1ª vice para a 1ª Secretaria. É uma espécie de prefeitura do Senado. Dispõe de orçamento anual de cerca R$ 3 bilhões.

Trata-se de um cobiçadíssimo ninho de escândalos à espera de moralização. Era reduto do DEM. Vai ao colo do tucano Cícero Lucena (PB).

Ex-prefeito de gestão duvidosa, Lucena chega à posição enrolado em ação do Ministério Público. Sua biografia não rima com a higienização que o posto pede.

Na fila do rateio, vêm a seguir o DEM e o PTB, ambos com cinco senadores. Na legislatura que termina, os 'demos' eram 13. Saíram das urnas com seis. Mas um deles, Eliseu Resende (MG), morreu.

Líder do DEM, o senador José Agripino Maia (RN) agarra-se ao regimento para tentar “ressuscitar” Eliseu.

Agripino alega que vale a conta da época da diplomação, não a de hoje. Seja como for, o ex-poderoso DEM terá de optar por uma secretaria subalterna –3ª ou 4ª.

Num esforço para atenuar o prejuízo, Agripino rogou a Renan que o PMDB ceda para o DEM a 2ª vice-presidência. Aguarda por uma resposta.

Rateados os postos da Mesa diretora passa-se à divisão das comissões. São duas as mais relevantes: a de Justiça e a de Assuntos Econômicos.

A primeira será do PMDB. A outra, do PT. O PSDB cobiça a de Infraestrutura, por onde passam as nomeações para agências reguladoras e os projetos do PAC.

Se vingasse a manobra do PT –blocos em vez de partidos— o tucanato daria adeus à Infraestrutura. Graças a Renan, conserva as chances de obter o posto.

O DEM, que controlava a poderosa comissão de Justiça, terá de se contentar com coisa menos relevante –Agricultura, Assuntos Sociais ou algo assemelhado.

Como Renan não dá ponto sem nó, o PT e o Planalto farejam na movimentação dele um cheiro de 2013.

Expurgado da presidência do Senado em meio a denúnicas, o senador tramaria retornar ao posto nas pegadas de Sarney.

Renan adula a oposição para reunir apoios que lhe permitam dar as cartas no Senado nos dois últimos anos da gestão Dilma Rousseff.

by Josias de Souza