domingo, 18 de abril de 2010

NÓ DA FORCA

21 de abril de 1792. Exatamente 30 anos antes da independência do Brasil, era executado na forca, no Rio de Janeiro, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, o máximo herói brasileiro, o único exemplar heroico da pátria responsável por um feriado nacional, o dia de hoje.

Entre os 29 conjurados presos durante três anos, submetidos a interrogatórios e processos, o único condenado à morte foi Tiradentes.

Exatamente por ter assumido inteiramente sua culpa na tentativa de levante contra Portugal, que então dominava o Brasil e o espoliava com pesados impostos, despertando na consciência nacional os sonhos de independência.

Tiradentes foi mineiro, tropeiro e proprietário de terras, antes de ser alferes (o posto de tenente hoje) e dentista.Era vibrante orador e subiu o patíbulo justamente por ter-se tornado popular entre os inconfidentes.

No cálido e outonal dia 21 de abril de 1792, o cortejo do condenado foi cuidadosamente desenhado da Rua da Cadeia (atual Assembleia Legislativa fluminense), passando pelo Largo da Carioca, Rua da Carioca, Largo do Rócio (hoje Praça Tiradentes) e Rua da Lampadosa (hoje Avenida Passos).

Ao rufar de tambores, com escolta de infantaria e cavalaria, Tiradentes, com as mãos amarradas, ia seguindo pelas ruas do Rio de Janeiro no rumo do patíbulo, até que, pouco antes do local da execução, foi permitido ao condenado, diante da Igreja da Lampadosa, fazer suas últimas preces.

O público ia crescendo em torno do cortejo e desembocaria na Rua da Forca, hoje Rua Senhor dos Passos, onde tudo estava preparado para a execução do maior mártir da nacionalidade.

Os outros 28 conjurados foram condenados ao desterro e enviados para a África, entre eles o mais célebre dos inconfidentes, o poeta Tomás Antônio Gonzaga.


Mas Tiradentes, com impressionante coragem, assumiu sua culpa, adivinhando que seu exemplo haveria de iluminar as próximas gerações e contribuiria para a inevitável independência de sua terra.

Diante da formação das tropas e do clero, Tiradentes subiu o patíbulo e, depois das cerimônias de praxe, despencou na corda, sob horror de alguns e êxtase de outros.


Durante 15 minutos, longos e cruciantes 900 segundos, Tiradentes esperneou na corda, para perplexidade dos presentes. Havia mulheres e crianças que choravam, algumas correndo para suas casas, debaixo de pavor.

E o corpo do inesquecível alferes, por um defeito da mecânica de execução, continuava esperneando.

Até que, findos os infindáveis 15 minutos de tortura, o comandante do ato quis dar um fim à agonia e mandou que o carrasco subisse num banco e montasse nos ombros de Tiradentes. Com o peso do carrasco sobre seu corpo, Tiradentes sucumbiu por fratura e asfixia, não sem antes espernear por mais um minuto e meio.

Normalmente, os condenados à forca demoravam nunca mais de um minuto para morrer, depois que seus corpos caíam e seus pescoços pendiam sob o nó da corda.


Mas Tiradentes levou mais de 15 minutos para morrer, como que a anunciar que a resistência dos brasileiros à opressão portuguesa seria incessante, até a queda dos dominadores, verificada 30 anos depois.

Logo em seguida, o poder teve o capricho de mandar esquartejar o corpo do alferes e espalhar por todas as províncias do país, pendurados nos postes das praças para servir de advertência ao povo, as pernas, os braços, o tórax e a cabeça do mártir, durante uma semana.


Foi salgado o terreno da residência de Tiradentes, com o objetivo simbólico de conter as ideias libertárias, como se fosse possível impedir as ideias de liberdade, intrínsecas ao homem.

Tiradentes é o nosso maior mártir, o nosso maior herói, o nosso ícone, o nosso exemplo.Justo que nos miremos em seu exemplo no dia de hoje, muitas vezes esquecemos que por trás dos nossos direitos exercitados existem vultos extraordinários da pátria que nos legaram, na conspiração ou nas batalhas, este rico e brilhante Brasil que tanto amamos.

by Paulo Santana

domingo, 11 de abril de 2010

NADA!

O Serra não vai ser contra o Lula.

Não vai ser contra a Dilma.

Não vai ser contra o Fernando Henrique.

Não vai ser contra o passado.

Não vai ser a favor da luta de classe (ou seja, chegamos ao comunismo, com o fim das classes sociais).

Não vai ser contra o Estado.

Não vai ser contra a privatização (especialmente da Vale, por que lutou tanto, segundo o FHC).

Não vai ser contra o Nordeste. (Especialmente os nordestinos alagados na periferia de São Paulo.)
Não vai ser a favor das “falanges de ódio. “(o Lacerda gostava muito dessa expressão).

Não vai ser do “nós contra eles.” (como se ele pudesse determinar isso).

Ele é a favor de quê?

Do “Brasil não tem dono”. (Como assim? Quem é dono do Brasil? Quem pensa que é? Só se for o Gilmar “Dantas”)

Ele é a favor do “Brasil pode mais”.
Ou seja, o que tem de novo é do Obama.


Até o hino da campanha é um plagio do hino do Santos.

Não fosse a Ana Hickman, aquele seria um jantar de confraternização dos 50 anos de formados na escolinha dos tucanos, na Sociologia da USP. Os tucanos de São Paulo gastaram o arsenal.
Eles não têm nada a declarar. E quando abrem a boca são incapazes de uma frase bem construída, um slogan inteligente.


Os tucanos não conhecem a metáfora (deveriam ler Borges). Daquela toca não sai mais coelho. O Fernando Henrique dilapidou toda a munição do CEBRAP (financiado, o CEBRAP, pela CIA, diga-se de passagem).

Serra vai ser candidato com as armas que sempre usou.

A arma mais poderosa é o PiG (Partido da Imprensa Golpista, especialmente a Globo e, por extensão, o Globope), a quem prestou recentemente serviço inestimável: agasalhar um terreno invadido há onze anos.


Leia na Carta Capital desta semana, em que Mauricio Dias mostra como o PiG assumiu o papel de líder da oposição no Brasil.

Ou seja, Serra, no palanque faz o papel de santinho do pau oco, e o PiG, pelas costas, apunhala o Lula. (Com a ajuda do traíra Nelson Jobim) Outra arma (mais poderosa, antes da internet) é o jogo sujo, desleal, como foi a destruição da candidatura da Roseana Sarney, em 2002.

Ou, como diz o Ciro Gomes, Serra numa campanha é garantia de baixaria; ou, se for preciso, o Serra, que não escrúpulo, passa com um trator por cima da mãe.
Prevalece hoje e sempre aquela pergunta do filosofo Paulo Arantes, numa sabatina na Folha: o que pensa esse (o Serra) rapaz ?


A resposta é: nada.

by Paulo Henrique Amorim

segunda-feira, 5 de abril de 2010

E-LEITOR BOBO!

A campanha de 2010 está em andamento e repete o padrão de 2006: denúncias vazias na revista Veja, devidamente repercutidas pelo Jornal Nacional e em seguida replicadas pelos jornais O Globo, Folha e Estadão.

O objetivo é erguer uma cortina de acusações que vinculem o presidente Lula, a ministra Dilma Rousseff e o Partido dos Trabalhadores a comportamentos criminosos e/ou radicais.
Nesse balaio cabem promessas supostamente não cumpridas e condenações por associação. Cabem rumores, boatos e meias-verdades. É uma forma de evitar o crescimento da candidatura de Dilma Rousseff na classe média e, especialmente, entre o eleitorado paulista: José Serra precisa desesperadamente de 70% dos votos de São Paulo para ter chance de vitória. Ele pode não crescer com as denúncias, mas evita o crescimento de Dilma. Pelo menos é o que espera o consórcio PSDB/DEM/Globo/Folha/Estadão/Veja.

E...
...saiu no Estadão, em múltiplos volumes, uma entrevista do tipo púlpito com o Farol de Alexandria, aquele que iluminava o passado e foi destruído num terremoto. É no caderno Aliás, sob o título inócuo de “Reflexões de um presidente acidental”. Ainda bem que ele confessa, aí, que foi acidental, porque sem o Plano Real do Presidente Itamar Franco ele não se elegia prefeito de Higienópolis.

Há um momento na entrevista que provoca superior irritação: “Mas como é difícil desembarcar no Brasil. Difícil chegar à porta do avião. Se vier do exterior, passar pela aduana é uma coisa dificílima. Não se faz fila direito.”

Que horror, amigo e-leitor!

Ter que voltar ao Brasil! Assim, realmente, não dá!

Esses tucanos de São Paulo não conseguem viver sem o passaporte vermelho, sem ter que entrar em fila. Saiu da Primeira Classe, eles sofrem ! Mas, o que realmente impressiona é a desfaçatez do Farol.

“ … as forças reais de decisão no Brasil estão se constituindo num golpe de poder que une setores do Estado com setores empresariais e os fundos (de pensão). Isso é algo que é preciso discutir.”

“ … transformar o monopólio público em monopólio privado não é progresso, porque precisa haver competição”.

Amigo e-leitor, ele deve achar que você é um parvo, que só viaja na Econômica.

Quem foi que entregou os fundos de pensão das estatais ao Daniel Dantas ?

Foi o Fujimori ?

Quem foi que rateou o Brasil em sesmarias privadas de telefonia ?

Foi o Menem ?

Amigo e-leitor, cuidado, ele quer fazer você de bobo.

by PHA e Luiz Carlos Azenha