sábado, 22 de agosto de 2009

FIM DO POÇO

Fim do poço, do túnel, da rosca...

O Senado da República viveu o seu dia mais vergonhoso, no ápice da crise que domina aquela casa legislativa.

Votava-se na Comissão de Ética e Decoro Parlamentar as representações contra os senadores José Sarney (PMDB-AP) e Arthur Virgílio (PSDB-AM), sendo que os senadores do PT eram o fiel da balança, para o lado que pendessem, esse seria o vencedor.

Incrivelmente, um senador do PT leu em meio ao encaminhamento da votação uma nota oficial em que o partido, na voz de seu presidente, o deputado federal Ricardo Berzoini (não vão acreditar os meus leitores), se manifestou da seguinte maneira-síntese: “A favor da admissibilidade da representação contra Sarney, mas a bancada votava contra”.

Nunca se viu nada igual. Era o achincalhamento do Senado e do PT, este último monitorado pelo Palácio do Planalto, com vistas à sucessão, de mãos dadas com Sarney.

E com Collor.

Por outro lado, a oposição viveu o máximo de seu constrangimento: ao mesmo tempo em que pregava a votação contra Sarney, tinha um dos seus maiores líderes, sem dúvida o maior, senador Arthur Virgílio também indiciado por quebra da ética.

Ou seja, como a oposição se sentia com Sarney, seu inimigo, e Virgílio, seu ás, sentados no mesmo banco dos réus, a desmentir a célebre sentença de Shakespeare de que não cabem quatro nádegas no mesmo trono?

O resultado só podia ser o esperado: Sarney e Virgílio foram inocentados de deslizes éticos indesmentíveis, o senador oposicionista acusado inclusive de ter dispensado um funcionário do seu gabinete para morar (estudar) no Exterior, às expensas do erário público.

Para o Partido dos Trabalhadores, foi ontem o pior dia. Além dessa trapalhada ininteligível de dialética hermafrodita na inacreditável nota oficial lida em plenário, anunciou-se a saída do partido da senadora Marina Silva, agora à procura de legenda, depois de 30 anos servindo admiravelmente à agremiação.

Para o Senado, outro pior dia, entre tantos dias piores que vem vivendo sob a execração do povo brasileiro.

O Senado espia envergonhado e amedrontado lá do fundo do poço.

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