segunda-feira, 12 de outubro de 2009

O GERENTÃO

A revista Piauí (obscura publicação de SP que, segundo Sebastião Nery, é de banqueiros, por e para banqueiros) que está nas bancas dedica 10 páginas a José Serra. Dez, amigo e-leitor, apenas 10. A Churchill dedicaria talvez nove. A Abraham Lincoln, umas sete. A José Serra, o candidato de 9 entre dez “colonistas” da imprensa golpista paulista e Globo que combatem como milícia para derrubar o presidente Lula. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. Piauí é aquela publicação onde Fernando Henrique disse que o Sete de Setembro é uma palhaçada. Piauí é aquela publicação que dedica delírios a Daniel Dantas. Na coluna de Clovis Rossi, na Folha, lê-se que o aspecto mais esquisito da personalidade provavelmente psicótica de José Serra é o fato de lavar as mãos com gel, depois de cumprimentar estranhos. Além de o nosso Putin, sabe-se, agora, que o “Zé Pedágio” é o nosso Howard Hughes sem lembrar o Leonardo DiCaprio, é claro. Porém, não é esse o aspecto mais sinistro do hino de louvor que a Piauí publica. O aspecto mais sinistro é o fato de esse homem público, duas vezes candidato a Presidente da República, não ter uma mísera ideia. Não oferece uma única mensagem de esperança, uma visão do que pretende fazer do Brasil. Nada. É um poço sem fundo. São dez páginas de psicanálise de botequim. Não há ali nenhum motivo a justificar a candidatura dele – além do fato de a tia considerá-lo “um crânio”. Não é, porém, a opinião de Fernando Henrique Cardoso. Que diz com todas as letras que “Zé Pedágio” não passa de um gestor, quer dizer, um gerentão, sem uma solitária ideia original na cabeça. Ou seja, como me diz sempre aquele mineiro, Serra é um “prático em tributação”. Ou seja, Serra é “competente”, porque a imprensa paulista + Globo decidiu que é. (Mas, percebe-se aí uma injustiça: José Serra introduziu a venda de banana a quilo em São Paulo. É porque o Fernando Henrique não se dá ao trabalho de comprar banana …) Outra revelação interessante é a do professor João Manuel Cardoso de Mello, que considera uma “baboseira” a questão do Jose Serra ter diploma ou não: é uma “discussãozinha de classe média”. E Cardoso de Mello informa taxativo: “O Serra não terminou a graduação: e daí ?” E daí, caríssimo professor João Manuel, então manda o teu amigo tirar do currículo que é “engenheiro” e “economista”. E explicar por que passou a vida a dizer que era o que não é. Pode, João Manuel ? Formidável também é a obra acadêmica do “Zé Pedágio”: dois ensaios escritos a quatro mãos, com o FHC e com a professora Maria da Conceição Tavares. Duas peças que se inscrevem na História do Pensamento Econômico ao lado da diminuta obra de Keynes. Um gênio. Há um momento, porém, em que este modesto e-leitor foi às lágrimas. Foi quando o professor Luiz Gonzaga Belluzzo informou que, para o Serra, “o futebol tem uma dimensão afetiva e cultural !” Inacreditável. Eu nunca tinha pensado nisso antes ! E a repórter completa, de forma irretocável: “num estádio, ele se sente um brasileiro do povo (mais lágrimas copiosas), e é acolhido como um igual (mais lágrimas).” O hino de louvor (mal sucedido, se vê) começa com uma longa explicação do Fernando Henrique para demonstrar que José Serra foge do pau. Como fez em 2006. Para o e-leitor, isso não é novidade nenhuma. A eleição, como se sabe, se travará entre Lula e Fernando Henrique. No primeiro e no segundo turno, se houver. E José Serra vai fugir. Ele sabe que o Vesgo (do Pânico na TV) tem mais chance que ele.

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