A edificante contribuição do Supremo Presidente Gilmar Mendes à fuga do quadrilheiro Daniel Dantas teve um grande mérito. Escancarou para todos os brasileiros que a Justiça no Brasil é para os ricos.
A Procuradora Ana Luzia Amaral, que cogita seriamente de entrar com uma ação de impeachment contra o Supremo Presidente, fez um levantamento que comprova que o Supremo Presidente tem o hábito de dar habeas corpus aos ricos. É uma estatística irrefutável.
O Supremo Presidente gosta de rico.
Gilmar Mendes gosta de soltar rico.
Como diz Walter Maierovitch na Carta Capital desta semana com uma lógica irretorquível: se rico vai ao Supremo e consegue habeas corpus, assim, rapidinho, numa boa, para que servem as instâncias inferiores?
A repórter Sônia Filgueiras com Vannildo Mendes publicou neste domingo, no Estadão, reportagem esclarecedora: “Maioria das ações da PF resulta em denúncia contra investigados – os entraves acontecem na etapa judicial dos processos, dizem procuradores da República”.
A procuradora regional Silvana Batini, do Ministério Público Federal do Rio, dedica seu doutorado ao estudo dos entraves na tramitação das ações e diz: “Há uma banalização do uso do habeas corpus. Com esse instrumento, é possível levar muito rápido um processo às instâncias superiores”.
Se o criminoso for rico, é claro.
Ou seja, a PF prende, o Ministério Público indicia e a Justiça solta.
Ou segura o processo. Ou dá habeas corpus.
A impunidade no Brasil tem um nome: a Justiça!
A impunidade no Brasil tem um nome: Supremo Tribunal Federal!
Não me surpreenderei se o João Pedro Stédile, do MST, fizer o que o STF e o Supremo Presidente não fizeram: justiça.
O Presidente Lula, aquele que tem medo, mandou os ministros da Justiça e das Relações Institucionais, apressar, rápido, sem perda de tempo, a lei que coíbe o uso de grampos pela Polícia Federal.
Quer dizer, o Presidente que tem medo faz o que o Supremo Presidente, Gilmar Mendes, aquele que, de fato, governa o Brasil, mandou fazer.
O Supremo Presidente ganhou mais uma.
A próxima vitória do Supremo Presidente será suprimir as instâncias inferiores da Justiça para os ricos. Rico vai direto ao Supremo Tribunal Federal, o tribunal dos ricos, onde o combate à corrupção pára.
Há várias maneiras de combater o crime do “colarinho branco”.
Uma delas é acabar com a impunidade. Mas, enquanto o Supremo for esse Supremo, não adianta ter esperança. Outra forma é ouvir o que os criminosos dizem no telefone e por e-mail.
O Presidente que tem medo presta o melhor serviço a que os criminosos de colarinho branco poderiam aspirar: não deixar provas, rastro.
O Presidente que tem medo da elite branca. E do Supremo Presidente.
O Presidente que tem medo deveria dar uma olhada no que acham os leitores da Folha Online da notícia sobre o fim do grampo dos poderosos.
+++
Pensando bem...
... certos candidatos deveriam distribuir “diabinhos” em vez de “santinhos” nas eleições.
Nenhum comentário:
Postar um comentário