terça-feira, 21 de abril de 2009

O Farol de Alexandria (FHC) e seus chanceleres Lampreia, Lafer e o Barbosa achavam que sabiam o que os Estados Unidos pensavam de Lula.

A tradução que eles faziam para a imprensa golpista (SP+Globo) era: a Casa Branca e o Departamento de Estado contavam a eles e só a eles que o Bush e a Condi achavam o Lula um esquerdóide, aliado das Farc, do Morales, do Correa, do Noriega, do Chávez e do Fidel.

Eles formavam um “aparelho” perigosíssimo.

Eles diziam que Lula não enganava os americanos, porque só eles sabiam o que os americanos pensavam de Lula e do Brasil.

Assim, os editorialistas do Estadão e os “colonistas” da imprensa golpista espinafravam a política externa “terceiro-mundista e anti-americana” do Itamaraty.

Bush os desmoralizou.

A relação amistosa de Bush e Lula refletia uma ligação política que parecia óbvia, menos aos tucanos: o Brasil poderia desempenhar o papel de broker das relações de Cuba e de Chávez com os Estados Unidos.

Elegeu-se Obama, que, pouco a pouco, se torna o Lúcifer da elite branca brasileira e seus porta-vozes na imprensa de SP + Globo.

John Sweeny, presidente da central sindical americana, a AFL-CIO, não entrava na Casa Branca há muito tempo.

Hoje, entra. Sweeny é há muitos anos companheiro de Lula.

Metalúrgico, ele pode ser o broker das relações do Governo Obama com os trabalhadores da indústria automobilística em crise.

Obama tinha acabado de tomar posse. Lula tinha uma reunião com ele na Casa Branca às 11H. Às 10H, Lula foi visitar Sweeny e Obama, em seguida, soube disso. Antes, só na Europa pegava bem um líder político ser amigo de líder sindical. Agora, nos Estados Unidos, também …

Lula é o único líder político que tem essa carta na Casa Branca: ser amigo do Sweeny.

Na cúpula das Américas, em Trinidad-Tobago, ficou claro o papel que a diplomacia brasileira representa: reaproximar os Estados Unidos da América Latina, e Cuba e Chávez dos Estados Unidos. Lula é o cara. O que fazer?

Para FHC, o Farol de Alexandria, aquele que iluminava a Antiguidade e se extinguiu num terremoto, o jeito é cortar os pulsos de inveja (a inveja é sábia – corrói o invejoso por dentro, já dizia a sabedoria popular…).

Para a imprensa SP+G e os três “chanceleres” tucanos, o jeito é espinafrar o Obama, e fazer como o Limbaugh: chamar ele de comunistinha, que não sabe o que é bom o Estados Unidos.

Os editorialistas do Estadão estão em crise …

Para os tucanos, a saída é denunciar a corrupção deslavada, pela voz de Paulo Renato de Souza, já que Serra não ousa dizer nada: O Sivam; a pasta rosa do Banco Econômico; o “isso vai dar ‘m…’” da privatização dos telefones; a compra de votos no Congresso para a re-eleição; a compra de ambulâncias superfaturadas; o superfaturamento no Rodoanel (também conhecido como “Robanel do Tunganos”); as doações da Camargo Corrêa aos tucanos; o mensalão tucano de Minas; a contribuição de José Eduardo Vieira à campanha de Fernando Henrique; e o “abafa” na apuração da conta secreta que Sergio Motta teria aberto em Luxemburgo para os cardeais tucanos.

Os tucanos também podem reabrir a caixa dos arqueólogos, tirar o anticomunismo lá de dentro e tentar provar que a Dilma ia sequestrar o Delfim. (Putz! Vocês viram que fabricaram uma ficha terrorista para a Dilma.).

A situação dos tucanos ficou feia. Nem a bandeira do “despreparado” que conduziu o Brasil ao anti-americanismo cola mais.

O “despreparado” (assim como a elite chama Obama de “inexperiente”) era para se contrapôr ao “iluminado, ao “preparado” Fernando Henrique, e, por extensão, ao Zé Pedágio, ao “economista competente” (não é uma coisa nem outra). Nem isso mais. Os tucanos vão ter que cantar um tango argentino…

Em tempo: Foi muito divertido assistir ao jornal nacional de ontem e ver a cara do Renato Machado, depois que o Fernando Silva Pinto contou que Chávez deu “As Veias Abertas da América Latina”, de Eduardo Galeano, de presente a Obama. Uma careta. Depreendi que Machado preferia que o presente fosse aquele livro do Fernando Henrique sobre a escravidão no sul do Brasil. (Faoro diz que nunca houve escravidão no sul …) Na primeira edição, Fernando Henrique confessa que usou o método marxista de análise da realidade. Depois, numa entrevista a Mino Carta, se corrigiu: não, isso eu tirei na segunda edição …

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