segunda-feira, 13 de abril de 2009

INVESTIGADO E “QUERIDO”.

Protógenes é nome grego. Significa o primeiro nascido, o primogênito.

O Protógenes mais famoso era pintor. Viveu na Grécia. Sua obra sobreviveu apenas nos relatos históricos. Não há uma mísera peça que possa ser vista ou apalpada.

A Polícia Federal esforça-se para dar ao delegado homônimo um destino análogo.

Tenta-se apagar da Satiagraha os traços da primeira fase, chefiada por Protógenes.

Convertido em investigado, o ex-investigador vive a sua tragédia particular.

O “tragikós”, para os gregos, carrega conotação e simbolismo grandiosos.

No sentido grego, tragédia é arte, espetáculo. Gira em torno do infortúnio do herói. Um vencedor que, no auge da glória, experimenta uma súbita alteração de destino. Na visão consagrada por Aristóteles, a tragédia deve conduzir à catarse da platéia. Submetida a situações dramáticas a audiência oscila entre o terror e a piedade.

É precisamente o que ocorre com Protógenes Queiroz.

Para a PF, um vilão prestes a ser punido. Para a maioria do público, um injustiçado.

Súbito, os políticos farejaram no Protógenes brasileiro uma máquina de votos.

É cortejado pelo PSOL, um ex-PT que ainda não chegou à chave do cofre.

Acarinha-o também o PDT, o ex-trabalhismo que já chegou às cercanias das arcas.

Nesta segunda (13), a coluna de Monica Bérgamo traz, na Folha de São Paulo, uma nota sintomática.

Revela que Protógenes escorrega do drama grego para uma tragédia bem brasileira.

Sob o título “Massa de Pão”, a coluna anota:

Do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, da Força Sindical, comparando as críticas feitas ao delegado Protógenes Queiroz, que ele apoia, às denúncias que sofreu no ano passado:

“A situação do Protógenes é como a minha: quanto mais falam, mais as coisas para ele melhoram”. O parlamentar quer atrair o policial para se candidatar a deputado por seu partido.

Dias atrás, Protógenes declarou que há “um clamor” popular em favor de sua candidatura.

O delegado tem razão. Daí o tratamento de “querido” que vem recebendo.

Na bica de ser excluído dos quadros da PF, Protógenes começa a ser rodeado por “políticos” aos quais, como delegado, ele talvez tivesse de dar voz de prisão.

Aceitando o assédio, Protógenes ganha o semblante de um bezerro indefeso.

Em tempo:

“Tinha uma vigilância contra mim. Tinha um monitoramento quase que diário dos meus deslocamentos." Protógenes Queiroz, delegado da PF afirmando, em depoimento na CPI dos Grampos, que foi espionado por um emissário de Daniel Dantas.

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