A crise econômica mundial começa a mostrar seus efeitos no Brasil.
Trabalhadores estão fazendo acordos com representantes da indústria, do comércio e da agricultura, mediante os quais concordam com férias coletivas, banco de horas, suspensão do contrato de trabalho e até redução da jornada de trabalho com redução do salário, em troca da garantia do emprego. Os trabalhadores estão renunciando a direitos trabalhistas desde que sejam mantidos no emprego.
Não há pior notícia. Os trabalhadores pressentiram que serão atingidos pela crise e começam a se movimentar para que ela os atinja na menor proporção possível.
O desemprego cresce, as exportações diminuíram em cerca de 20% desde o início da crise. A General Motors, sem se importar com os lucros fabulosos que teve nos últimos anos, quando todos os recordes de produção foram batidos e com os benefícios fiscais que recebeu em dezembro, demitiu 802 trabalhadores temporários.
Outra montadora, a Volkswagen, e a siderúrgica Arcelor Mittal anunciaram a adoção de um programa de desligamento voluntário (PDV).E por aí se vão os primeiros sintomas da crise, que começaram com a flexibilização dos direitos trabalhistas, o punhal na garganta dos trabalhadores: ou cedem ou são degolados.E resta torcer para que os que cedem agora não sejam degolados mais tarde.
Não dá para se ter ilusões com o sistema capitalista. O pleno emprego só se manifesta com as empresas tendo lucros.
Se cessam ou diminuem os lucros das empresas, a equação lógica é de que as empresas diminuam o número de seus empregados.
Nem se poderia exigir que fosse o contrário. Os empregos são consequência direta dos investimentos e lucros das empresas. Querer que elas mantenham o mesmo número de empregados se foi diminuído o nível de sua produção é imaginar que as empresas, em período de crise, se transformariam em entidades de previdência.
Quando quem tem de assistir os trabalhadores e desempregados é o governo. Este, na recessão, perde por seu turno o seu poder de assistencialismo por recolher menos impostos. Estão aí todas as tintas para pintar um quadro dramático.
A ameaça da crise, aqui entre nós, foi suavizada pela ocorrência das festas de fim de ano e a perspectiva de Carnaval.
Mas os espíritos mais responsáveis sabiam que a recessão grave estava a passos largos e seus efeitos em seguida se fariam sentir.
O epicentro dos efeitos nefastos, segundo prognósticos seguros, se localizaria no primeiro trimestre de 2009.
Pois mesmo que a gente não se dê conta neste período em que todos se jogam às férias, estamos já no primeiro trimestre, começa a encher de preocupação todas as mentes a face ameaçadora da crise, tão mais perversa quando se pensa que nada de errado fizemos para pagar este tributo de horror.
Vamos pagar por pecados de outros.
E outros que sequer podemos identificar.
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