segunda-feira, 17 de novembro de 2008

ENSAIANDO

Aos poucos, Lula vai tirando do casulo a candidatura presidencial da ministra Dilma Rousseff. Hoje, não há outro nome com igual envergadura dentro do PT. Além do padrinho, Dilma contou com a ajuda das urnas.

As eleições municipais não consolidaram nenhuma outra liderança capaz de ofuscar a ministra dentro da base governista. Marta Suplicy e o governador da Bahia, Jaques Wagner, saíram derrotados do pleito. A partir daí, a convicção de Lula só aumentou.


Com a oposição tendo dois nomes fortes na rua, os governadores José Serra e Aécio Neves, não resta outra alternativa ao Planalto a não ser potencializar logo o nome da ministra.

Lula vinha manifestando sua preferência pela ministra em conversas privadas, mas é a primeira vez que fala abertamente na candidatura de sua fiel escudeira. A revelação, feita em entrevista aos jornais italianos, logo repercutiu no Congresso.


Cumprindo seu papel, a oposição saiu atirando em Lula, que estaria expondo Dilma com muita antecedência. Seguindo esse raciocínio, todos os problemas do governo seriam responsabilidade dela a partir de agora.

É pura demagogia, afinal Dilma não recebe trégua do PSDB e do DEM há muito tempo.

Tudo que a oposição deseja é um terreno limpo para Serra, o principal nome da oposição, desfilar sozinho, expondo as realizações de seu governo.


Já a pressão do PMDB pelas cabeças de dois ministros de Lula dá uma noção exata dos critérios que permeiam a aliança do partido com o PT. O PMDB quer derrubar Tarso Genro e José Gomes Temporão não por incompetência ou inaptidão, mas sim pelos incômodos que os dois produzem para a legenda.

E o que fez Temporão de errado? Afiliado do governador do Rio, Sérgio Cabral, Temporão é um técnico que desconhece os meandros da politicagem, não libera emendas e ainda tem a “ousadia” de criticar em público a corrupção na Funasa, um feudo de manda-chuvas do PMDB.

Tarso Genro é outro alvo da ira dos adesistas. E também por motivos errados. José Sarney anda inconformado com a atuação da Polícia Federal na investigação dos negócios do seu filho Fernando.

Tarso vem desagradando Lula há tempos, principalmente por não pacificar a Polícia Federal, mas ninguém imagina uma minirreforma ministerial a essa altura.

Eventuais mudanças poderão ocorrer apenas no início do próximo ano, quando o presidente precisa garantir o comando das presidências da Câmara e do Senado.

E diante das chantagens de um aliado tão poderoso, tudo pode acontecer.

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