quarta-feira, 15 de outubro de 2008

RESUMO DA ÓPERA

RETIRO

A viagem é providencial. Quando voltar de seu périplo de seis dias por Espanha, Índia e Moçambique, Lula terá um cenário mais claro do segundo turno das eleições. Poderá intuir onde sua participação será decisiva para daí se engajar mais. Lula não gosta de perder e o PT já percebeu que a estratégia de PSDB e DEM será nacionalizar a campanha, tentando colar eventuais derrotas petistas à imagem do presidente. Os maiores riscos de desgaste para Lula são em São Paulo e no Rio, onde inclusive já gravou para a propaganda do ex-adversário Eduardo Paes (PMDB).


FOME ZERO

O resultado das urnas criou um outro problema para o governo: o crescente apetite do PMDB. Em fase de engorda, o partido dá sinais contrários às pretensões palacianas. Quer o controle da Câmara e também do Senado, fala em candidatura própria em 2010 e uma ala já se aproxima do tucano José Serra. Lula, contudo, não abre mão do aliado em 2010, pois precisa do tempo de TV do PMDB para vender a candidatura de Dilma Rousseff.


ESPELHO

Em meio ao crash dos Estados Unidos, só Fernando Henrique Cardoso para tirar Lula do sério ao dizer que “não se pode brincar de Polyanna” nesse momento. Nem a forte a gripe que o obrigou a reduzir o consumo de cigarrilhas tirou o mau humor do presidente diante das turbulências econômicas. FHC conseguiu a proeza.


COFRINHO

Demorou, mas a palavra de ordem no governo é cortar gastos. A intenção é passar a faca, preservando apenas as obras do PAC. No Congresso, a prioridade é a votação do Fundo Soberano, uma poupança que o governo quer fazer para usar em 2010 e 2011.


O EMPRESÁRIO GILMAR

Que diria o atento leitor, o cidadão honrado, ao ser informado que o supremo representante da Justiça brasileira compra terrenos de 2 milhões de reais por um quinto do valor? E que diria ao verificar que, ao aliar à atividade de magistrado a de empresário da educação, fecha contratos sem licitação para cursos diversos com entidades estatais as mais variadas, desde a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional até o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação? É de se supor que o cidadão em pauta ficaria entre atônito e espantado. A mídia nativa aposta porém em leitores rudes e ignorantes, que não precisam, ou melhor, não podem e não devem conhecer situações do Brasil 2008 como as acima apontadas. Donde, que Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal, aquele que chamou às falas o presidente da República, durma sonos tranqüilos a despeito do clamoroso conflito de interesses revelado pela reportagem de Leandro Fortes, publicada na edição de CartaCapital da semana passada.


MERCADO

A qualidade das análises de Krugman foi o que lhe deu o prêmio Nobel: Em artigo no New York Times, Krugman volta a tratar do tema e critica o Governo americano por demorar a chegar à decisão de estatizar.

E bate no ponto: o Governo americano demorou a estatizar – e provocou bilhões de dólares de prejuízos – por motivos ideológicos: “o Estado é o problema e não a solução” para os teólogos do capitalismo como Bush, Greenspan, Reagan, Thatcher, Pinochet, Fernando Henrique Cardoso, Carlos Menem, Fujimori, Salinas e essa turma ...

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