segunda-feira, 6 de outubro de 2008

AS PEÇAS PARA 2010

Desde já começa uma outra eleição: a sucessão presidencial em 2010. Apesar de o segundo turno prometer disputas emocionantes, o resultado das urnas consolida o presidente Lula como o maior cabo eleitoral do país e antecipa uma provável disputa entre a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o governador de São Paulo, José Serra (PSDB).

Surpreendido com o revés sofrido por Márcio Lacerda (PSB) em Belo Horizonte, o outro postulante à candidatura tucana à Presidência da República, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, também perdeu espaço com a derrota de Geraldo Alckmin em São Paulo.

Mesmo tendo evitado se expor nos palanques dos aliados, o presidente Lula foi o político mais onipresente desta eleição. A aparente contradição se justifica pela popularidade do petista, já que até os candidatos de oposição tentaram colar sua imagem ao bom momento vivido pelo governo federal.Isso ocorreu não só nos grandes colégios eleitorais, mas também nos grotões, onde a popularidade presidencial beira a beatificação.

No segundo turno, Lula irá se empenhar mais, embora seu foco ainda seja São Paulo. É ali que está sendo travada a prévia de 2010, em novo round que ganha contornos dramáticos para o PT por conta da ascensão de Gilberto Kassab (DEM).

Se perder em São Paulo, o maior colégio eleitoral, Lula terá de compensar, empenhando-se ainda mais para ter o PMDB no palanque do seu candidato em 2010.

Maior partido do país, o PMDB hoje está mais próximo de Lula do que da oposição. O lulismo conquistou os governadores peemedebistas de Rio de Janeiro e Santa Catarina e a ala baiana ligada ao ministro Geddel Vieira Lima. Apesar da aliança de Lula com Sérgio Cabral, o presidente deve se manter neutro no Rio, por conta do passado oposicionista de Eduardo Paes (PMDB), algoz do governo no escândalo do mensalão.Também deve se omitir em Florianópolis, já que o adversário do PMDB, o PP, é da base aliada, e em Salvador, onde PMDB e PT se enfrentam.

Lula encerrou o domingo como o grande vencedor da eleição. Resta saber se conseguirá transferir o carisma – e os votos – a Dilma Rousseff em 2010.

Já o crescimento do prefeito Gilberto Kassab (DEM) representa a maior vitória do governador José Serra. Se Kassab vencer, Serra se torna quase imbatível na disputa interna contra o mineiro Aécio Neves pela credencial de candidato à Presidência. Serra foi esperto. Comprou briga no partido, mas riu sozinho no final. Seu candidato se impôs contra a força de Marta Suplicy (PT), que tem o privilégio de contar com a presença de Lula. Serra ainda afastou do caminho Geraldo Alckmin. Foi uma vingança saborosa pela forma como o colega havia lhe tirado a candidatura ao Planalto em 2006.


Serra costurou a aliança do PMDB com Kassab e garantiu apoio quercista em 2010. De quebra, consolida a aliança com o DEM, cuja única performance importante no primeiro turno se deu no reduto serrista, uma vez que ACM Neto despencou ladeira abaixo em Salvador. Até no Rio brilhou o condão de Serra, que incentivou o apoio dos tucanos a Fernando Gabeira (PV).
Aécio aposta e marca passo

Do trio de caciques nacionais que não concorreram, mas depositaram grande esforço nesta eleição, o principal derrotado é o governador de Minas Gerais, Aécio Neves. O mineiro apostou tudo na aliança com Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo e na inusitada parceria com o PT em Belo Horizonte, em torno de Márcio Lacerda (PSB).


Aécio vislumbrava liquidar a eleição no primeiro turno em Belo Horizonte, mas foi surpreendido por Leonardo Quintão (PMDB), apoiado pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa. Aécio pagou o preço de enxotar o PMDB, que queria indicar o vice na aliança e se aliar ao PT. Com isso, suas chances de ser o escolhido dentro do PSDB são próximas de zero. Sua única chance de estar na disputa presidencial será trocando de partido e aproveitando a aproximação com Ciro Gomes, que deseja levá-lo para o PSB.

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