sábado, 14 de agosto de 2010

VELHAS PRATICAS

Aproveitando-se da ausência de Dilma, Serra a converteu em alvo (de novo) num encontro promovido por associações comerciais, em São Paulo. Convidada, Dilma disse que iria ao evento. Mas, na última hora, deu meia-volta. “Normal”, disse Serra. “O PT tem evitado ao máximo debater e se expor”. Sem mencionar o nome de sua rival, Serra insinuou que Dilma se esconde atrás de Lula. O problema, disse ele, é que "o presidente é insubstituível. Quem ganha é quem governa. É preciso se expor mais". Defendeu a simplificação da campanha. Disse ter sugerido um modelo alternativo em 1993: "Cheguei a propor que nós transformássemos o horário eleitoral em uma coisa mais simples. O candidato, diante da câmera, apresentando sua proposta.”; “É chato? É chato. Mas política é uma coisa chata. O que vamos fazer? Com isso, a gente elimina o custo e impede que os candidatos sejam vendidos como iogurtes ou como um novo pão de centeio.”; “Coisas publicitárias ou não publicitárias, como, inclusive, a ocultação do candidato. Hoje no Brasil parece uma importância grande: ocultar o que o candidato é ou deixa de ser".

De fato, as campanhas eleitorais são guiadas mais pelo marketing do que pelas ideias. Elege-se a encenação mais competente, não o melhor candidato. Nessa matéria, a propósito, Serra não é exceção. Longe disso. Incorporou-se à regra geral. Acusa Dilma de usar a popularidade de Lula como escudo. Mas cuida de manter no fundo do armário o aliado FHC. No encontro de São Paulo, Serra voltou a condenar o aparelhamento do Estado, rendido, segundo disse, a “interesses privados”. Nessa matéria, Serra vende-se não como um iogurte, mas como a última bolacha do pacote. Sustenta que, eleito, dará cabo do fisiologismo. "Nós, cada vez mais, nos últimos anos, vimos a recuperação das piores práticas políticas do passado", disse o presidenciável tucano. Está coberto de razão. O diabo é que o “passado” inclui a era tucana de FHC. Uma fase em que vicejaram as mesmas “práticas políticas”. Sob FHC, nunca é demasiado recordar, Jader Barbalho mandou e, sobretudo, desmandou na Sudam. Renan Calheiros foi ministro da Justiça!!!! O líder do governo no Senado chamava-se José Roberto Arruda, à época um tucano em perfeita sintonia com o ninho. Como exemplo de partidarização da máquina pública, Serra citou os Correios. Ali, a desmoralização era tanta que Lula viu-se compelido a trocar o comando. O exemplo é ótimo. Mas Serra tem pouca ou nenhuma autoridade para mencioná-lo. Por quê? Ora, encontra-se alojado na coligação tucana o PTB de Roberto Jefferson, um dos réus no processo do mensalão. Como se recorda, Jefferson levou os lábios ao trombone, para denunciar as conexões valerianas do PT, depois que veio à luz o esquema que o PTB montara nos Correios.
No mais, antes de prometer o fim do clientelismo, Serra precisa informar à platéia como fará para conter os ímpetos do DEM, seu principal aliado.

Em tempo: Dilma ultrapassa Serra também no RS.

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